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Os segredos de Vietto, a nega a Messi e o papel no pós-Bruno Fernandes

Argentino atravessa fase menor fulgor em Alvalade e o Desporto ao Minuto foi tentar saber mais sobre o avançado do Sporting junto de quem acompanha a sua carreira desde a sua chegada à Europa.

Os segredos de Vietto, a nega a Messi e o papel no pós-Bruno Fernandes
Notícias ao Minuto

08:01 - 06/02/20 por Gonçalo Tristão Santos

Desporto Exclusivo

Luciano Vietto foi uma das contratações mais sonantes do Sporting no último verão, ingressando no clube lisboeta proveniente do Atlético de Madrid, a troco de 7,5 milhões de euros.

Tido como um avançado de enorme potencial quando chegou à Europa para assinar pelo Villarreal, proveniente do Racing Avellaneda, da Argentina, Vietto acabou por não se afirmar no futebol espanhol mesmo depois dos empréstimos a Sevilla e Valencia.

Entretanto, rumou ao nosso país e, apesar de já ter realizado exibições de qualidade e condizentes com as expectativas que sobre ele recaíram em Alvalade, Vietto também tem sentido, no Sporting, dificuldades em impor-se como um futebolista decisivo e influente na equipa que agora é orientada por Jorge Silas.

Algo que, no entender do jornalista espanhol Chema García Fuentes, do jornal catalão Mundo Deportivo, que esteve à conversa com o Desporto ao Minuto, era expectável. Afinal, o avançado argentino nunca demonstrou ter propriamente um faro muito apurado para o golo.

"As referências que tenho do Vietto da liga espanhola e, sobretudo, do Atlético, é que ele é mais um segundo avançado do que um ponta de lança. Explico-me: ele funciona melhor com uma referência ofensiva à sua frente, que lhe possa abrir espaços, que seja mais físico e lute com a defesa. O Vietto brilha mais como segundo avançado, pois, na minha opinião, é um avançado com poucos golos", explicou-nos Chema García Fuentes, antes de prosseguir.

"No entanto, combina muito com os companheiros de equipa, sabe jogar com a profundidade dos colegas e tem capacidade para jogar entre linhas. Quando falamos no seu remate… aí já tem mais problemas, pelo que vimos dele aqui em Espanha. Marcou poucos golos. No Sevilla marcou mais, mas mesmo no Valencia teve uma enorme sequência de jogos sem marcar", recordou.

Sem valências para fazer esquecer Bruno Fernandes

No último mercado de janeiro, o Sporting vendeu Bruno Fernandes ao Manchester United e não contratou outro médio para o seu lugar - apesar de ter inscrito Francisco Geraldes na I Liga, contra todas as expectativas.

Nesse sentido, pôs-se a possibilidade de ser Vietto a desempenhar as funções do antigo capitão dentro das quatro linhas. Um cenário que, na ótica de Chema García Fuentes, dificilmente daria frutos.

"Vietto a fazer de Bruno Fernandes? Acho que não vai acontecer. Não imagino. Em Espanha, nunca o vimos fazer essa posição. Parece-me, pelas suas características, tanto físicas como técnicas, que não deverá encaixar na posição em que jogava Bruno Fernandes. Terei de ver, mas, a priori, não tem a disponibilidade física que tinha Bruno Fernandes, nem a capacidade para organizar o jogo da equipa", destacou o jornalista espanhol.

"Também não recupera muitas bolas, não é essa a sua função. O futebol pode proporcionar muitas surpresas, mas não o imagino nessa posição. O Vietto deve jogar mais perto dos avançados, não como o cérebro da equipa. Acho que nunca desempenhou essas funções em toda a sua carreira. O Diego Simeone chegou a utilizá-lo nas alas, como extremo esquerdo, no Atlético de Madrid, para aproveitar o facto de ser destro e poder realizar movimentos interiores e rematar. Ele tem um bom remate de meia distância", acrescentou.

O que falta para dar o salto

Apesar de ter qualidades importantes para um avançado, o atleta leonino continua sem dar o salto que se perspetivou no início da carreira. Chema García Fuentes parece ter a explicação para a parca afirmação de Vietto no futebol europeu.

"Estamos a falar de um jogador com bastante qualidade e muito trabalhador, que deveria ter mais influência nas equipas em que joga. Eu não sou ninguém para fazer esta avaliação, mas, quando o Vietto estava aqui, em Espanha, o vice-presidente do Racing Avellaneda [clube onde Vietto atuava na Argentina] comentava que ele era um futebolista inteligente a tomar decisões, que entendia o jogo, mas que lhe faltava carácter. E eu acho que foi isso que lhe faltou na Europa, para dar um passo em frente. No Villarreal, ele brilhou pois é um clube onde não se tem grande pressão e é, por isso, perfeito para estes futebolistas como Vietto, que chegam à Europa e precisam de jogar e adaptar-se ao ritmo do futebol europeu. No Villarreal, esse tipo de jogadores funciona muito bem, pois jogam com um futebol alegre e ofensivo. Quando jogava lá, marcou 20 golos e fez oito assistências, antes de o Atlético de Madrid o ir buscar", lembrou, antes de explicar o que correu mal na capital espanhola.

"Parecia que ele ia ser muito importante no Atlético, mas, mal chegou, percebeu-se que o preço que pagaram por ele, a camisola do clube… ele sentiu o peso disso tudo. O Atlético tinha sido campeão há pouco tempo e lutava por vencer todos os jogos, inclusive nas competições europeias. Mas ele não se adaptou. O trabalho físico no Atlético é muito intenso. No primeiro treino que fez, vomitou e tudo. Não sei se foi dos nervos ou da intensidade do treino... A partir daí, Simeone deu-lhe muitas oportunidades na primeira temporada, mas ele não se mostrou muito. Acho que marcou três golos. E no Sevilla e no Valencia também não funcionou", analisou.

A nega a Messi

Na sua época de estreia na Europa, Vietto marcou uns impressionantes 20 golos, em 48 jogos, com a camisola do Villarreal. Um registo que lhe valeu, na temporada seguinte, a transferência para os colchoneros, onde nunca se afirmou.

O que poucos sabem é que o futuro do agora avançado verde e branco poderia ter sido bem diferente depois de abandonar o submarino amarelo, não fosse ele ter estado muito perto de assinar... pelo Barcelona.

"Quando Vietto foi contratado pelo Atlético de Madrid, o Barcelona estava atrás dele. O Messi chegou mesmo a falar com o Vietto. Eles já tinham uma boa relação da seleção argentina e Leo via-o como o terceiro ou quarto avançado do Barça. Ele teve essa possibilidade em cima da mesa, mas preferiu não ir, pois não queria estar na sombra de Messi", contou-nos Chema García Fuentes.

As melhorias a nível físico

O jornalista espanhol deu-nos ainda conta da significativa melhoria a nível físico apresentada por Vietto no início da sua segunda temporada no Atlético, na qual acabou por ser cedido ao Sevilla.

"Na sua primeira temporada no Atlético, notava-se que ainda não era um futebolista feito e com um físico ainda por desenvolver. E dessa pré-temporada à do ano seguinte, já se notava que estava muito forte, que tinha dedicado muitas horas ao ginásio. Já não lhe tiravam a bola tão facilmente. Ele mostrou-se consciente de que tinha de passar por uma série de etapas para se adaptar ao futebol europeu. Mas faltaram-lhe golos. Faz-me lembrar o Adrián López, que jogou no FC Porto. São avançados sem muitos golos. São capazes de combinar muito bem com os colegas, de lhes proporcionar espaço e assistências, sendo complementos à referência ofensiva da equipa", considerou Chema García Fuentes.

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