Assinou em setembro pela seleção dos Camarões e desde aí tem sido uma aventura diferente na sua carreira. António Conceição, aos 57 anos, abraçou um novo desafio na carreira de treinador, após um amigo ter enviado o seu CV para a Federação, e será ele o timoneiro da seleção dos Camarões na CAN'2021.

O fardo é pesado, uma vez que a seleção que o técnico português orienta é a anfitriã do torneio. Os adeptos colocam muitas expectativas sobre a campanha dos Camarões na competição, algo que António Conceição está já a preparar.

Esta quarta-feira, o português estreia-se em jogos oficiais, frente a Cabo Verde e, entre reuniões e treinos da seleção, o técnico arranjou algum tempo para estar à conversa com o Desporto ao Minuto, contando alguns pormenores dos seus primeiros tempos ao serviço dos Camarões.

Vai ter o seu primeiro jogo oficial pelos Camarões frente a Cabo Verde. Como tem sido o balanço nestes primeiros meses de trabalho?

Depois do primeiro jogo treino na Tunísia, temos vindo a trabalhar para encontrar jogadores nos diversos campeonatos, da Europa e daqui [Camarões]. Temos tentado desvendar novos jogadores e suplentes capazes de fazer parte da equipa nacional. Também procurar recuperar alguns jogadores que ultimamente não tenham vindo. Neste momento, temos um levantamento de quarenta e tal jogadores e vamos procurar, até à CAN’2021, ter o melhor grupo de trabalho, uma seleção forte e sólida.

Como tem sido a adaptação? É a primeira vez que orienta uma seleção…

É diferente, obviamente. Num clube temos um trabalho diário e os jogadores estão diariamente à nossa disposição. Aqui, os jogadores vêm e estão cá dois, três dias, treinam e vão embora. É bom porque conhecemos os jogadores do ponto de vista pessoal, porque temos de arranjar métodos para nos adaptarmos a esta situação. Já estive numa seleção jovem, mas é diferente. Não defraudou a expectativa.

Como é a organização de tudo na seleção dos Camarões? Tem notado alguma diferença nesse aspeto em relação à Europa?

Sim, nesse aspeto sim. Temos notado bastante diferença, mas não era nada que eu não soubesse. O contacto que temos com pessoas, jogadores e treinadores, que já trabalharam no continente africano fez-nos perceber as dificuldades que iríamos ter. O futebol africano não prima muito pela organização. Aliás, se fossem mais organizados, seriam muito mais fortes. Nós sabemos que existe um potencial muito grande no jogador africano. Mas já sabíamos o que nos esperava e o nosso foco é exatamente esse. Sensibilizar a direção no sentido de sermos mais organizados, disponibilizar meios para realizar um bom trabalho, para os jogadores se sentirem bem… Isso também faz parte do nosso trabalho.

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Já lhe aconteceu alguma situação caricata nestes primeiros tempos?

Isso sairá depois no futuro livro que irei escrever (risos). São situações que só depois é que falamos. Há tempo para falar nisso quando passarmos para outra aventura.

E o Aboubakar... É um dos jogadores mais conhecidos da sua seleção e tem passado por alguns problemas físicos. Como é que ele está nesse sentido?

Curiosamente, o Aboubakar ainda está para chegar. Ele vai chegar aqui ao final do dia [na terça-feira], são os tais problemas de logística. Marcaram o jogo para quarta-feira, quando a maior parte dos jogadores jogaram no domingo. Treinámos de manhã, mas há alguns jogadores que só vão chegar hoje [terça-feira]. Mas as indicações são positivas. Ele está disponível e pronto para jogar.