O Sporting voltou esta quinta-feira às vitórias, a segunda desde a saída de Leonel Pontes e desde a chegada de Jorge Silas. Mas se a vitória deixou um leão de sorriso na cara, não se pode dizer que o espetáculo produzido tenha agradado a uma plateia de Alvalade cada vez com menos tolerância para exibições menos conseguidas.
Com uma equipa em busca da sua terceira identidade tática, o técnico verde e branco pareceu surpreendido pelas alterações por ele próprio promovidas, mas também por um adversário muito disponível fisicamente e que sai de Alvalade vergado pela sua falta de eficácia.
O 2-1 no marcador, contudo, não espelha o que se passou em campo, em que se viram várias unidades a lutar para mostrar um lado menos mau. Ainda assim Coates parece estar a deixar cada vez mais no passado os dias carregados de nuvens negras.
Numa equipa que se tem debatido, para além de outros problemas, com a demasiada permissividade defensiva, Mathieu, tantas vezes esteio defensivo da muralha leonina, teve um jogo (verdadeiramente) menos conseguido, num dia em que teve Luís Neto ao seu lado com o uruguaio.
Bruno Fernandes, que dos 16 golos marcados pelos verde e brancos participou em 12, assistiu e marcou, deixando, apesar de um dia menos bom, a certeza de que, menos sendo catalizador de tempestades internas, está lá para aguentar os ventos que plantou.
Figura do jogo: Incontornável: Bruno Fernandes. Além da braçadeira de capitão costuma envergar a de maestro. Esta quinta-feira faltou-lhe muitas vezes a batuta, mas é preciso lembrar que também os homens como ele não são feitos de ferro. Voltou a tentar carregar a equipa às costas, assistiu para o concretizar de sonho de Luiz Phellype (marca na Europa) e aceitou a retribuição do brasileiro ao marcador o tento que selou a vitória. Se os super-heróis existissem, ele ficaria para sempre nos 'quadrinhos' da história do clube de Alvalade.
Desilusão: Mathieu teve um primeiro tempo, simplesmente, desligado. Acumulou erros, mostrou-se intranquilo e até displicente. Costuma ser das unidades em maior destaque e ontem foi-o... pela negativa.
Surpresa: Luiz Phellype. Tendo lugar 'cativo' por indisponibilidade de outras soluções base, o brasileiro, apesar das críticas ou desconfiança de que é alvo, mostra-se sempre disponível para o jogo. Esteve, tal como o seu capitão, ligado aos dois golos verde e brancos sendo, por isso, surpresa pela positiva.
Treinadores
Jorge Silas: Com uma semana de trabalho já soma duas vitórias no currículo verde e branco. Tem muito trabalho pela frente e talvez tenha cometido um erro em começar a partida a mexer tanto no onze e na estratégia. Disse não ter motivos para se queixar da profundidade do plantel, mas certamente quererá pedir duas ou três prendas no mercado de janeiro. Para já, pôs o balneário a sorrir ocasionalmente, falta ter tempo para provar se também o consegue fazer com a sua plateia.
Valerien Ismael: Veio a Alvalade tentar aproveitar o mau momento do seu adversário e, de certa forma, por culpa própria não regressa a casa com outro resultado. Montou a estratégia certa para bater um adversário ainda sem identidade, mas faltou que os seus pupilos fossem mais eficazes (22 remates efetuados).
Árbitro: Durieux A. teve um jogo discreto numa partida com muito jogo físico, parada e resposta e insatisfação de parte a parte.