O portal The Players' Tribune publica, esta terça-feira, uma carta aberta de Jurgen Klopp, na qual o treinador do Liverpool revela um lado mais pessoal que, até ao dia de hoje, o mundo do futebol não conhecia.
O alemão, que recebeu o prémio The Best, da FIFA, para melhor treinador do mundo, recordou o "momento que mudou por completo" a sua vida, quando tinha apenas 20 anos: "Eu próprio era um miúdo, mas também tinha acabado de ser pai".
"Não foi o 'timing' perfeito, sejamos honestos. Jogava futebol amador e ia à universidade durante o dia. Para pagar a escola, trabalhava num armazém onde armazenavam filmes para o cinema", revelou.
"Os camiões chegavam às 6h para levar os novos filmes, e nós carregávamos e descarregávamos aqueles contentores enormes de metal. Eram bastante pesados, honestamente", acrescentou.
"Dormia cinco horas por noite, ia para o armazém de manhã e depois ia às aulas durante o dia. À noite, ia para o treino, e depois voltava para casa e tentava passar algum tempo com o meu filho. Foi um período difícil. Mas ensinou-me a vida real", referiu.
Foi então que Klopp se viu obrigado a tornar-se "numa pessoa muito séria em tenra idade": Quando estás preocupado com o futuro de outra pequena pessoa que trouxeste ao mundo, essa é a verdadeira preocupação. A verdadeira dificuldade. O que acontece num relvado não é nada comparado com isto".
"Por vezes, as pessoas perguntam-me por que estou sempre a sorrir. Mesmo depois de perdermos um jogo, sorrio. Isso é porque, quando o meu filho nasceu, apercebi-me de que o futebol não é uma questão de vida ou de morte. Não estamos a salvar vidas. O futebol não devia ser algo que espalhe miséria e ódio. O futebol devia ter a ver com inspiração e alegria, especialmente para as crianças", concluiu.