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Rafael Lisboa: 19 anos de idade, 15 de Benfica e já MVP de um Europeu

Prodígio do basquetebol português, filho de uma lenda, o jovem de 19 anos do Benfica abriu o coração e falou-nos da indescritível sensação que é ser campeão europeu. Conheça um pouco melhor quem é Rafael Lisboa.

Rafael Lisboa: 19 anos de idade, 15 de Benfica e já MVP de um Europeu
Notícias ao Minuto

08:08 - 29/07/19 por Ruben Valente

Desporto Benfica

Aos quatro anos já andava de bola de basket na mão. Filho de Carlos Lisboa, um dos maiores nomes do basquetebol português, Rafael quer absorver muito daquilo que o pai, e agora treinador, lhe ensina, mas pretende trilhar o seu próprio caminho.

Ajudou Portugal a sagrar-se campeão da Europa de sub-20 [divisão B] e, além de fazer parte do cinco ideal do torneio, foi também considerado o MVP da competição. Sem querer deslumbramentos, Rafael Lisboa afirmou ao Desporto ao Minuto que continua com os seus pés bem assentes na terra e que está focado nos objetivos do Benfica para a próxima temporada.

O jovem de apenas 19 anos tem um futuro certamente brilhante no basquetebol, mas confidenciou-nos que chegou a ter uma queda pelo… futebol. Contudo, o basquetebol foi aquilo que sempre o fez feliz. Uma felicidade que até aqui sempre andou de mão dada com o Benfica, e já vai perceber porquê.

Qual foi a sensação de ganhar o Europeu e o facto de fazer parte de uma página de ouro do basquetebol português?

É difícil explicar em palavras o que é ganhar o Europeu, ainda por cima em casa, perante os nossos adeptos. A união, a família que somos, a equipa… acho que estes pontos foram fundamentais para a conquista, além dos aspetos táticos e técnicos. Demonstrámos que o basquetebol português tem valor e que podemos fazer boas coisas no futuro.

Foste o MVP do torneio. Esperavas essa distinção e tinhas essa ambição?

Não pensava nisso. Pensava em ganhar o Campeonato da Europa e obviamente que, antes de o Neemias se aleijar, eu pessoalmente, mas também todos nós, pensávamos que o Neemias iria ser o MVP. À partida pensávamos que ele ia ser o MVP, mesmo não jogando a final. Não aconteceu assim, mas eu sempre estive focado foi em ganhar a Taça de Campeões da Europa.

A seleção é ainda muito jovem, apesar de ter já conseguido uma conquista importante e inédita para o basquetebol português. O que é que podemos esperar desta geração no futuro?

Acho que mostrámos que somos uma geração com qualidade e que o nosso basquetebol tem valor. A geração de 99 e 2000 tem valor e temos jogadores já com alguma experiência que até nem é normal para atletas que disputam um Euro de sub-20. O que podemos prometer é que vamos continuar a trabalhar e que vamos representar o nosso país da melhor maneira. Será sempre um orgulho representar Portugal.

Notícias ao MinutoRafael Lisboa a ser saudado pelos companheiros de seleção após a vitória na final no Euro sub-20© Global Imagens

E para quem não conhece o Rafael Lisboa, explica-nos um pouco quando se deu o primeiro o contacto com o basquetebol, até chegares à equipa principal do Benfica e a campeão europeu de sub-20.

Eu comecei a jogar com quatro anos no Benfica, onde fiz toda a minha formação. Representei a pela primeira vez a Seleção de Lisboa nos sub-16, e a minha primeira internacionalização por Portugal foi nos sub-20 no ano passado, contra a Holanda. Já tinha sido chamado para os sub-18, mas abandonei o grupo devido a uma lesão grave.

Disseste que começaste a jogar com apenas quatro anos. Muitos sabem que és filho do Carlos Lisboa, um dos maiores nomes do basquetebol português, e o que te pergunto é se essa paixão pelo basquete nasceu contigo ou se também foi um pouco passada pelo teu pai?

Eu comecei a jogar com quatro anos, mas houve um dia nas férias em que estava a ver um jogo de futebol – já não me lembro qual – mas no final olhei para o meu pai e disse: ‘olha quero jogar futebol’. O meu pai disse-me que era uma opção minha e que me iria apoiar naquilo que eu quisesse. Assim foi… Joguei futebol numas escolinhas do Benfica, mas para além de não ter muito jeito, pensei: ‘Não é isto que me faz feliz. Quero voltar para o basquetebol’. Eu no fundo quis experimentar uma coisa nova e ele esteve completamente de acordo e ajudou-me. Fomos logo comprar chuteiras, equipamentos, mas eu percebi que não era aquilo que me fazia feliz. Foi sempre uma opção minha e é o basquetebol que me faz feliz. Mas claro, eu comecei a jogar muito cedo, porque desde logo tive um grande contacto com o basquetebol. No futebol nem estive um ano…

Por seres filho do Carlos Lisboa, sentes que isso é um peso quando estás em campo?

Desde o dia em que nasci eu sou filho do Carlos Lisboa e para mim é uma coisa normal. Sinto-me orgulhoso pelo percurso dele, por aquilo que fez e continua a fazer pelo nosso basquetebol. É um peso, claro, mas eu não o sinto dessa forma. Tenho acesso a conselhos que mais ninguém pode conseguir ter e é por essa vertente que eu levo as coisas. As outras pessoas podem ver como uma pressão, mas sinto apenas uma relação entre pai e filho, e sou um privilegiado por estar todos os dias com uma lenda do basquetebol português.

Tu estás desde sempre no Benfica…

Sim. Eu estive em Aveiro quando o meu pai foi treinar o Aveiro Basket, mas não competi. Fui para lá com a minha mãe também e os meus irmãos nasceram lá. Mas só joguei no Benfica. Até o futebol… mas também natação. Fiz tudo no Benfica.

Chegaste em 2017/18 à equipa principal do Benfica. Como é que foi esse primeiro contacto com os ‘graúdos’ e na Liga Placard?

O Campeonato tem mais qualidade do que a ProLiga e tem de haver muito mais disponibilidade física. Houve ali um embate ao início. Não é bom, nem mau, mas senti uma diferença que foi boa para mim. Quanto mais cedo sentisse essa diferença, melhor. Fiz o meu primeiro jogo pelo Benfica um dia depois de completar 18 anos. Os meus colegas ajudaram-me muito na adaptação, o treinador também, na altura era o José Ricardo, e foi fácil. O embate físico foi mesmo aquilo que mais me marcou, mas ao longo dos anos estou a sentir-me mais forte e mais disponível fisicamente.

Notícias ao MinutoRafael Lisboa numa partida diante do FC Porto© Global Imagens

E nesta época que passou, acabaste por somar mais minutos na equipa principal…

Houve uma mudança de treinador e com o primeiro [Arturo Alvaréz] eu não jogava muitos minutos. Mas isso só me motivou a trabalhar mais e a mostrar que era capaz. Com a mudança de treinador, acabei por jogar mais e em jogos importantes. Isso fez-me crescer em maturidade de jogo, saber lidar com um pavilhão cheio e a ter a pressão de ganhar. Isso ajudou-me muito até para este Campeonato da Europa, a controlar melhor as emoções e para não afetar o meu jogo.

O teu pai acabou por ser tornar teu treinador a meio da época. Como achas que isso pode ser visto pelos outros, achas que podes estar mais sujeito a críticas?

Curiosamente, já estava preparado para essa pergunta e normalmente dou sempre a mesma resposta. Quando existem pessoas que falam nisso, a minha resposta é querer mostrar o dobro em campo. Obviamente que não ligo a isso. Cada um tem direito à sua opinião. Escolhi ser jogador profissional e por isso estarei sempre sujeito a críticas. Não vou mudar a minha forma de trabalhar por causa desses comentários.

NBA? "Todos já pensaram o incrível que era jogar ali"

E como te sentes para esta temporada que se aproxima? O Benfica parece estar a reforçar-se bem e a apostar forte no mercado.

As expectativas individuais são exatamente iguais às coletivas: ganhar as competições em que estamos envolvidos. A época passada não foi feliz em termos de títulos, mas estamos cá para redimir essa época e tentar ganhar tudo a nível nacional. Sinto-me mais superado e preparado para ajudar o Benfica. Vou procurar ser o mesmo jogador que mostrei ser a época passada. Sou base e procuro ser sereno e tranquilo em campo, e distribuir os meus colegas da melhor maneira para podermos ganhar os jogos.

Achas que a entrada do Sporting na Liga Placard, acaba por ser positiva, uma vez que os três grandes estão agora em competição?

Claro que sim. O Sporting vem ajudar à promoção da modalidade e é sempre um grande que está no basquetebol. Juntamente com a Oliveirense, vão haver agora quatro equipas a querer ser campeãs nacionais. E isso ajuda a que o campeonato seja melhor e mais competitivo. Vão haver mais jogos emocionantes, mas no final esperamos todos é que o Benfica seja campeão.

Tu és ainda muito novo, apenas 19 anos. Estás já numa das melhores equipa a nível nacional, mas onde te vês, por exemplo, daqui a cinco anos?

Eu sou uma pessoa que não me imponho limites. Não digo que daqui a cinco anos vou estar aqui ou ali. Claro que tenho objetivos. Mas daqui a cinco anos quero olhar para trás e ver que estarei onde estiver, dei o meu melhor e este é o melhor sítio onde poderia estar. Obviamente que tenho o objetivo de jogar fora de Portugal, mas não sei o futuro e sei que vou dar tudo e ficar de consciência tranquila.

Deves ter um ídolo ou um modelo a seguir certamente…

Essa resposta não é difícil. O meu ídolo é o meu pai [Carlos Lisboa]. Sempre foi uma referência em ética de trabalho, profissionalismo, mentalidade ganhadora, a nível de títulos… Não é qualquer jogador que consegue alcançar os títulos que ele ganhou [14 vezes Campeão Nacional]. Ele jogou desde os 19 até aos 38 e conta-se pelos dedos de uma mão os campeonatos que ele falhou. Não vejo nenhum jogador português que esteja perto de fazer isso. Já disse recentemente que o meu pai é um animal de competição, no bom sentido. Nunca conheci uma pessoa tão competitiva. Se ele marcasse 50 pontos e a equipa perdesse, ele sentia que tinha jogado mal. Tudo isto são coisas que eu procurar transferir para mim. O meu pai sempre jogou connosco, comigo e com os meus irmãos, jogos de tabuleiro, consola… e mesmo em miúdos nunca nos deixava ganhar. É uma coisa que eu aprecio muito. Daqui a 30 anos, as pessoas só se vão lembrar dos títulos que determinado jogador ganhou. É uma referência para mim.

Notícias ao MinutoRafael, com o pai e treinador do Benfica, Carlos Lisboa, num encontro frente à Ovarense© Global Imagens

Já falámos no Neemias Queta e ele pode ser o primeiro português na NBA. Tu não estás no mesmo contexto que ele, que joga já nos EUA, mas achas que a NBA é um sonho atingível para ti?

Seja um jogador português, americano, chinês ou de qualquer lado, é sempre um sonho jogar na NBA. Todos já pensaram o incrível que era jogar ali. Mas antes de começar o Europeu, e depois de acabar o Europeu e ser MVP e Campeão… eu sou a mesma pessoa. Sou o Rafael Lisboa e não vou mudar, nem deslumbrar. Continuo com os pés assentes na terra. A única coisa que eu sei é que se continuar a trabalhar com compromisso e profissionalismo quero chegar o mais longe possível.

O Neemias poderá provavelmente chegar à NBA no próximo ano e faz parte da tua geração. Achas que ele tem o que é preciso para vingar?

Acho que sim. Acho que ele tomou uma decisão correta por não ir já este ano. Ele é muito inteligente e ponderado. Sentiu que não era a altura certa, mas acho que ele tem tudo para vingar. É um poste alto, corre muito bem o campo, é um especialista na defesa, ganha muitos ressaltos, muitos ‘abafos’… Em termos ofensivos melhorou muito na última época o seu jogo de costas para o cesto. E além disto tudo, ele continua a ser o mesmo Neemias que sempre conheci. Não ficou uma pessoa diferente por estar em palcos maiores e acho que isso é uma das maiores virtudes dele. Estou certo de que vai ser o primeiro jogador português na NBA.

E o que dizes de uma dupla entre o Neemias e o Rafael Lisboa na NBA?

Não posso prometer uma coisa dessas, porque jogar na NBA não é para qualquer um. Vou estar muito contente por ele e pelo basquetebol português, mas não vou mudar a minha maneira de pensar. Vou estar sempre a trabalhar muito, mas essas coisas não me cabem a mim examinar. Tenho é de treinar e jogar o melhor que sei. Obviamente que quanto mais longe chegar, mais contente ficarei, mas não quero fazer esse tipo de análises só porque agora também fui MVP no Euro-sub20 e campeão da Europa.

Já disseste que estavas realmente focado nos objetivos do Benfica para esta época, mas ninguém leva a mal os sonhos. Se hoje te colocassem um contrato da NBA à frente, por qual clube gostaria de assinar?

O meu clube sempre foram os LA Lakers. O meu ídolo antes de terminar a carreira sempre foi o Kobe Bryant e agora para mim o LeBron James é o melhor jogador da atualidade. Por isso, os Lakers eram a equipa de excelência para mim.

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