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"Os grandes clubes já olham para a jogadora portuguesa com outros olhos"

Jéssica Silva chega ao Lyon e diz ter assinado pela melhor equipa do mundo. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, a internacional portuguesa revela-se ansiosa por começar os trabalhos de pré-época na equipa francesa e aponta baterias para o Euro'2021.

"Os grandes clubes já olham para a jogadora portuguesa com outros olhos"

Jéssica Silva diz estar a viver um sonho. A internacional portuguesa foi apresentada como reforço do Lyon, equipa feminina que venceu a Liga dos Campeões na época que agora findou, e não esconde a felicidade por ter dado mais um passo em frente numa carreira na qual garante ter também alguns tropeços. 

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Jéssica Silva afirma ter assinado pela "melhor equipa do mundo" e revela-se ansiosa por começar a treinar com "as melhores jogadoras do mundo". 

A atacante de 24 anos, conhecida por ter um leque vastíssimo de fintas impressionantes, acredita que a chegada ao Lyon também é um sinal claro que os clubes estrangeiros começam a dar valor às jogadoras portuguesas, sublinhando também a aposta dos clubes e da Federação Portuguesa de Futebol nesta modalidade. 

É uma recompensa não só para mim, mas para o futebol feminino em Portugal

Como está a viver esta chegada ao Lyon?

Sinto-me muito feliz. Sinto-me bastante orgulhosa por estar a dar este passo. É um passo gigante porque, no fundo, vou jogar na melhor equipa do mundo. Mais do que isto só vejo ganhar títulos europeus e ganhar algo com a minha seleção. Claro que o meu objetivo não era só chegar aqui [ao Lyon], sei que tenho de continuar a trabalhar e a lutar pelos meus objetivos. Vou jogar na melhor equipa do mundo com as melhores jogadoras do mundo. Tenho de trabalhar e dedicar-me para conseguir ter uma oportunidade para poder mostrar aquilo que posso fazer. Mas, claro, ser a primeira jogadora portuguesa a representar o Lyon, que é um clube com tanta história, é realmente especial. É uma recompensa não só para mim, mas para o futebol feminino em Portugal. Os grandes clubes já olham para a jogadora portuguesa com outros olhos porque percebem que está a acontecer um desenvolvimento muito grande da modalidade em Portugal. Há seriedade e muito trabalho por parte das jogadoras portuguesas. Costumo dizer que tive alguns tropeços na minha carreira...

Em 2017 aconteceu aquela lesão que a tirou do Europeu.

Sim, exatamente. Foram duas lesões que atrasaram aquilo que, por exemplo, está a acontecer agora. Tive que dar uns passos atrás, passo atrás não, porque as recuperações dessas lesões fizeram-me compreender melhor o meu corpo e a dar valor a outras coisas.

Como surgiu este convite? Pelo que sei, este 'namoro' do Lyon já era antigo…

Sim, desde setembro. Acabei por não ir naquela altura. Era setembro e tinha acabado de fazer a pré-época. Acho que faltavam duas semanas para o início da temporada em Espanha. Fiquei super surpreendida, mas achei que era importante ficar no Levante mais uma época e assimilar uma série de coisas. Sabia que tinha a confiança do treinador e que iria ter muitos minutos. Não mostrei aquela vontade intensa em deixar o clube por isso mesmo, mas fiquei muito surpreendida. Depois, voltar a receber uma nova proposta... Claro que me faz sentir especial porque no fundo eles voltaram, observaram-me e foi bom para mim. Não é uma coisa do momento, de agora, o que me deixa ainda mais contente. Quando vi os emails do meu empresário e alguma troca de emails com a direção do clube, fiquei muito contente. Antes de fazer os exames médicos no Lyon, eu tirei print a esses emails e disse ao meu empresário: 'Estou a ler isto e nem acredito que isto está a acontecer'. Estou a viver um sonho. É um sonho pelo qual eu lutei e estou muito feliz.

Presumo que já esteja ansiosa para começar a trabalhar no Lyon.

Sim, exatamente! (risos) Agora estou a aproveitar as férias, porque durante um ano privo-me de muita coisa e é bom tomar outras atenções neste período de pausa. Porém, já estou muito ansiosa para começar a treinar com as minhas novas companheiras de equipa e de interagir com elas. Quero começar da melhor maneira possível. Vou começar a treinar hoje para chegar lá na melhor forma possível.

Nesta ansiedade também está a vontade em conhecer a Ada Hegerberg? Ela que ganhou a Bola de Ouro em 2018.

Sim, claro que sim. É o que eu digo: Vou estar a treinar e jogar com todas as jogadores top10 ou top15 do mundo. São todas de elevada categoria. Vou treinar com a melhor lateral do mundo, a Lucy Bronze, vou estar a disputar a minha posição em campo com a Le Sommer, que eu acho que é uma extremo do outro mundo… Vou estar a jogar com a Nikita [Parris], que me parece ser uma bela contratação. É algo que me deixa muito feliz. Só jogando e treinando com as melhores é que tu consegues ser melhor. Eu sentia que precisava deste passo. Acima de tudo, isto para além de um reconhecimento, sei que preciso de progredir. Eu sei que, num período de um mês, vou ficar mais rápida, mais agressiva ou mais intensa. É outro tipo de futebol e vou perceber outros métodos de jogo. Eu gosto da mudança. Custa sempre um pouco, mas a mudança é necessária. Estive dois anos muito bem no Levante e a viver em Valência. Claro que custou no primeiro ano, mas no segundo foi perfeito. Ou melhor, não foi perfeito, mas a nível desportivo senti a minha evolução. Gosto muito de sentir essa evolução. Sentir que decido melhor em campo, que estou mais calma, que estou mais serena a jogar. Isso é muito bom. Estou com vontade de melhor ainda mais. Estou com vontade de treinar.

Ou seja, a exigência que vai encontrar no Lyon deixa-a ainda mais motivada?

Sem dúvida. Estou muito convicta porque se continuasse em Espanha não sabia o que iria acontecer. Agora, sei que vou para a melhor equipa do mundo e sei que não há melhor sítio para poder crescer. Tenho plena consciência que vou ser muito melhor do que aquilo que sou hoje.

A sua chegada do Lyon também é um reconhecimento da evolução do futebol feminino em Portugal nos últimos anos? 

Claro que sim. Há um reconhecimento crescente da qualidade da jogadora portuguesa. Infelizmente, falhámos o Mundial, mas fizemos muito jogos de qualidade. Mostrámos ao longo destes anos que crescemos e conseguimos competir com parte das maiores seleções do mundo. Isto mostra competência e qualidade.

Também tem sido importante o trabalho realizado pela Federação Portuguesa de Futebol…

A nível de FPF e dos clubes, nota-se um investimento muito grande para que sejam dadas as melhores condições às jogadoras. Para qualquer jogadora é bom ver que a hora do treino é mais adequada, é bom ver que tens direito a todo o campo. Isso é bom e visível. Há uma melhoria clara nas condições de trabalho. O futebol feminino está a ter mais visibilidade agora.

Sente que há mais pessoas a irem ao estádio para verem a seleção nacional feminina jogar?

Sim, completamente! Nota-se perfeitamente. Há muita gente a ir aos estádios… Num espaço de dois anos nota-se um crescimento imenso a nível de assistências. Até na televisão, os jogos têm sempre boas audiências. É fantástico para as jogadoras sentirem isso. As pessoas começam a ter gosto e a encarar como normal uma jogadora de futebol. As pessoas acabam por se envolver mais e isso é fantástico.

Já está a pensar no Europeu de 2021?

É uma pena ver este Mundial a partir de casa, mas já estou a pensar na qualificação [para o Euro’2021] que está prestes a começar. Não há motivação maior que essa. Temos plena consciência que poderíamos estar no Mundial… Quando percebemos que falhámos, tentámos melhorar de jogo para jogo. Agora temos que dar um passo à frente, porque temos de marcar presença nas grandes competições Temos qualidade e competência para isso.

Notícias ao MinutoJéssica Silva soma 56 jogos com ao serviço de Portugal nos quais apontou sete golos. © Getty Images

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