A 1 de maio de 2019, o mundo do futebol ‘tremeu’ de ansiedade, de agonia, e refletiu sobre um nome que deu a volta ao mundo… o de Iker Casillas. O guardião espanhol sofreu um enfarte agudo do miocárdio, que o obrigou a ficar internado no hospital durante cinco dias.

E, agora, qual será o futuro de Iker Casillas? Deve o guardião espanhol colocar um ponto final na sua carreira? Que imagem guardamos de ‘San Iker’? Que legado deixa e que ‘buraco’ ficou em aberto no Real Madrid? Quem foi o responsável da sua saída? E por qual porta saiu do Santiago Bernabéu?

Muitas questões estão ainda por responder e o Desporto ao Minuto, em colaboração com o diário Marca e o jornal As, as duas principais publicações desportivas de Madrid, decidiu procurar as respetivas respostas.

Ponto final ou uma vírgula na carreira de futebolista?

Um ponto final. Esta é uma resposta transversal que se estende de Portugal a Espanha. “Ao nível que o FC Porto exige, ele não pode continuar a jogar. É impossível continuar ao máximo nível, como ele esteve até agora. Ele deveria deixar o futebol neste verão, mas não sei se o irá fazer”, asseverou, taxativamente, Gonzalo Castro, do diário AS.

À margem do que ocorreu no dia 1 de maio, três semanas depois, Casillas teve de lidar com nova contrariedade, desta feita com a sua mulher. Sara Carbonero assumiu, através das redes sociais, que estava a lutar contra um cancro nos ovários.

Um rude golpe que abalou Iker Casillas e o empurrou para a decisão de deixar os campos de futebol, para estar mais perto da sua família, segundo avançou o jornalista Miguel Erguedas, do diário Marca.

Casillas não precisa de continuar no futebol, porque ganhou todos os títulos possíveis” , Gonzalo CastroE que legado nos deixa Casillas?

Nasceu na cidade espanhola de Móstoles, a 20 de maio de 1981. Na época de 1990/91, o guarda-redes, atualmente com 38 anos, ingressou nos iniciados do Real Madrid, subindo à categoria de seniores oito anos depois.

Entre o Santiago Bernabéu, o Estádio do Dragão e a seleção espanhola conquistou 28 títulos. Nada faltou a uma figura ímpar do futebol.

“O futebol vai perder o melhor guarda-redes do século XXI. Casillas deu muitas alegrias até ao fim, e a grandes clubes da Europa. E os melhores momentos da história do Real Madrid foram vividos com Casillas na baliza. Sem ele, o futebol vai perder um guardião histórico, que deu tudo o que tinha a dar. Não há que lamentar o seu adeus, mas agradecer tudo o que deu ao futebol, e apoia-lo na sua decisão”, reiterou Gonzalo Castro.

E quando se perde um guardião histórico, um vazio se abre. Um vazio que muitas vezes perdura, por um tempo que não é possível quantificar. “A baliza do Real Madrid sente a falta de Casillas. Por talento, por qualidade, por carisma, esse vazio não ficou tapado. E tenho dúvidas de que o Real Madrid algum dia consiga ter um guarda-redes tão completo na sua baliza”, complementou Miguel Erguedas.

Dois pesos pesados expulsaram Casillas do Bernabéu

Casillas despediu-se do Real Madrid no final da época 2014/15, numa altura em que já não se sentia ‘persona grata’, na casa que o viu nascer. O espanhol viveu um período traumático no Bernabéu, e certamente não se esquecerá do terrível período que viveu na era Mourinho.

“Comigo, enquanto eu seja treinador do Real Madrid, vai jogar Diego López. Eu não vou colocar os ‘rapazes’ queridos da imprensa em campo, só porque vocês o desejam”, a frase foi proferida pelo treinador português, na sua última época de blanco (2012/13). Uma temporada que se traduziu na segunda pior de Casillas, a nível de jogos realizados (apenas 29).

Apesar da ausência dos relvados, Iker manteve a sua postura, sem procurar confrontos com o luso. O silêncio era a resposta que o espanhol tinha para Mourinho. Casillas não apagou o traço de um “jogador profissional, respeitado, e com enorme classe na hora de buscar confrontos” (Miguel Erguedas).

“Os problemas com Mourinho foram determinantes para a sua saída pela porta de trás no Real Madrid”, revelou Miguel ErguedasMas Mourinho não foi o único culpado

Florentino Pérez é descrito pela imprensa vizinha como um presidente de personalidade muito forte, e qualquer jogador que esbarre no seu pensamento acaba com finais ‘trágicos’. "Na história do Real Madrid aconteceu algo similar quando o clube foi liderado por Santiago Bernabéu. E Florentino é um exemplo da autoridade de Santiago”.

Ronaldo saiu de Madrid em conflito com Florentino Pérez; Guti igual; Raúl também, e Casillas foi mais um caso de um grupo que “saiu pela porta pequena”.

“Florentino Pérez é uma pessoa muito casmurra, muito autoritária, gosta sempre de ser o protagonista. E quando alguém ruma contra o seu pensamento, esse jogador inicia uma guerra com ele. Então, é culpa do Florentino. Casillas sempre caiu bem aos adpetos, e toda a gente guarda o melhor dele. Já com Florentino muitos chocaram e foram embora por culpa dele”, revelou Gonzalo Castro.

E Casillas saiu mesmo pela porta pequena

O campeão do mundo e europeu (entre 2008 e 2012), e o jogador mais galardoado a atuar em Portugal, saiu do Bernabéu sem direito a um jogo de despedida, sem direito a um ‘cuidado’ que um atleta tão importante merecia.

“Casillas devia ter saído do Real Madrid um ano antes. A sua última temporada foi a mais. Se tivesse ido embora, tudo seria diferente. Casillas saiu em branco do Real Madrid, pela porta pequena, e não teve a despedida que merecia”, referiu Gonzalo Castro, ao que acrescentou Miguel Erguedas: “Casillas necessitava de uma homenagem de verdade. Não se pode mandar embora uma lenda do clube desta forma”.

E o futuro por onde passa?

Pinto da Costa já assumiu, em recentes entrevistas, que quer continuar com Casillas. Não nas balizas azuis, mas de fato e gravata, a ocupar um cargo executivo no emblema da Invicta. O guardião espanhol ainda não se manifestou a esse respeito, mas fica agora a revelação de que o espanhol vai mesmo regressar, um dia, ao Santiago Bernabéu.

“Casillas voltará ao Real Madrid. Será um vínculo eterno. Ele voltará mais tarde ou mais cedo. Não sei em que posição, mas o seu regresso está escrito”. Uma garantia deixada pelo diário AS.