Depois de um quase despedimento, em outubro de 2018, Rui Vitória acabou mesmo por abandonar o comando técnico do Benfica em janeiro deste ano, na sequência da derrota, por 0-2, em Portimão.

E os números que o técnico ribatejano somou na presente temporada, comparativamente aos do seu sucessor, levam, ainda que prematuramente, a dizer que Luís Filipe Vieira tomou a melhor decisão. Sim, porque os números não mentem.

A panorâmica geral...

O ciclo de Bruno Lage, como treinador principal das águias, começou com um triunfo por 4-2, diante do Rio Ave, no Estádio da Luz, aplicando no seu último encontro uma 'roda de bicicleta' ao Marítimo, como se diz na gíria tenística quando um dos jogadores aplica um 6-0 ao seu adversário.

Se tivermos em conta o somatório de todas as competições, Bruno Lage, em 25 jogos, contabilizou 19 vitórias, dois empates, e quatro derrotas. Pese embora os três fracassos associados ao seu reinado: a eliminação na final-four da Taça da Liga, diante do FC Porto, nas meias-finais da Taça de Portugal, frente ao Sporting, e o afastamento nos quartos de final da Liga Europa, contra os alemães do Eintracht Frankfurt, o objetivo maior do treinador de 42 anos permanece vivo, na medida em que continua com a batuta da liderança do campeonato nacional.

Com menos jogos realizados do que o seu sucessor, Rui Vitória, acaba por registar o mesmo número de triunfos, mas um registo total de 12 tropeções em 31 encontros. E, no que diz respeito, a golos marcados e sofridos, o balanço de Lage resulta num +47, já o do técnico ribatejano num +23.

... e o panorama da I Liga 

Depois de analisado o panorama geral dos dois treinadores, olhemos para os 'pratos servidos' pelos dois técnicos na 'casa de refeições' da I Liga. Os dois serviram o mesmo número de 'pratos', isto é, contabilizaram o mesmo número de jogos. Se Bruno Lage averba um registo quase 100% vitorioso, com apenas um empate em 15 jogos, já o antecessor serviu um 'mau prato' a cada três pedidos. 

Com números quase semelhante de golos sofridos na primeira quinzena de jogos, comparativamente à segunda, a verdade é que no campo dos golos marcados as águias de Lage já arrombaram o 'cofre' adversário em 56 ocasiões, em contraponto com apenas os 31 remates certeiros da era Rui Vitória.

O reflexo do espelho

Agora imaginemos que Rui Vitória tinha permanecido no Benfica, e 15 jogos depois, o técnico ribatejano na I Liga tinha replicado a papel químico as primeiras 15 jornadas. Neste caso estaríamos a falar de uma águia que, em vez de somar 75 pontos, teria apenas 64. O que significaria que o Benfica estaria fora da corrida pelo título, com 11 pontos de diferença para o FC Porto, e a acompanhar o Sp. Braga no quarto lugar da I Liga.

E, prosseguindo no exercício do reflexo do espelho, imaginemos agora que Bruno Lage somava os números atuais na primeira quinzena de jornadas. Nesse caso, as águias voariam disparadas na classificação, com 86 pontos, mais 11 pontos do que o FC Porto, segundo classificado, e apenas a um empate da consagração final.