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"Acredito que um dia vou voltar para ser treinador do Vitória SC"

Médio português que brilha no segundo escalão do futebol cipriota está muito perto de ajudar o Olympiakos Nicosia a garantir a subida de divisão. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Fábio Vieira revela os receios e as aventuras de quem teve de partir para o estrangeiro para encontrar um desafio motivante.

"Acredito que um dia vou voltar para ser treinador do Vitória SC"

Fábio Vieira é um dos responsáveis pela boa temporada Olympiakos Nicosia no segundo escalão do futebol cipriota. O médio português de 27 anos rumou ao Chipre no último verão e não poderia estar mais satisfeito por ter tomado a decisão de arriscar sair de Portugal. 

Com o Olympiakos Nicosia muito perto de assegurar a subida de divisão ao principal escalão do futebol local, Fábio Vieira regista números que não deixam margem para dúvidas sobre a importância do português nesta equipa: 21 jogos, sete golos, nove assistências e 1412 minutos contabilizados. 

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o jogador português que passou por equipas como Vitória SC e Boavista, garante ter encontrado aquilo que procurava, ao mesmo tempo que enaltece que precisava de deixar Portugal para poder continuar evoluir. 

Apesar de estar adaptado, Fábio Vieira não deixa de admitir que sente saudades de Portugal, revelando ainda estar bem atento ao que se passa no campeonato do nosso país. 

Gosto muito do Chipre, mas não há nada como o nosso país 

Que balanço faz desta temporada? 

As coisas estão a correr muito bem. Estamos em primeiro lugar. Os objetivos da equipa estão a ser cumpridos e isso faz com que os objetivos pessoais também estejam na mesma linha. Ao início foi complicado, devido ao período de adaptação por estar fora do país, longe da família e dos amigos. Mas fui muito bem recebido aqui. Nisso acho que os cipriotas são parecidos com os portugueses. Fazem-nos sentir em casa. Tive uma lesão na pré-época e isso também custou. No verão também foi complicado porque treinávamos às sete da manhã e às nove da noite por causa do calor. Ou seja, por vezes tinha que me deitar às nove para estar acordado às seis. Mas depois de a lesão passar, as coisas começaram a correr muito bem. Comecei a fazer golos e assistências e a equipa a ganhar. As coisas estão bem encaminhadas.

A subida de divisão está quase aí…

Sim, estamos em primeiro, com um ponto de vantagem para o segundo e a quatro pontos do terceiro. Falta-nos fazer meia hora por causa de um jogo que foi interrompido porque faltou a luz. Vai ser retomado entretanto, mas as coisas estão bem. Faltam quatro jogos para garantir a subida, o grande objetivo da época.

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Uma publicação compartilhada por Fábio Vieira (@fabio.vieira10) em 21 de Jan, 2019 às 11:40 PST

Como aconteceu este convite?

Foi através do Ricardo Fernandes. Eu joguei com ele no Felgueiras meio ano. No final da época estava numa reunião com o clube para acertamos o futuro. Ele ouviu-me a falar e passado um mês ligou-me a dizer que havia a possibilidade de vir para o Chipre que o Olympiakos Nicosia estava muito interessado em mim. Ele deu o meu nome sem sequer ter pedido isso. Foi impecável comigo, quis ajudar-me e foi através dele que cheguei aqui. Jogou aqui durante muitos anos e toda a gente o conhece.

Disse logo que sim?

Não. Foi uma situação engraçada. Quer dizer, engraçada talvez não seja a palavra certa. Diria curiosa. Tinha casado a 2 de junho do ano passado e vim para aqui no final desse mês. Depois de um mês casado vim para o Chipre. Claro que tive de refletir em conjunto com a minha mulher e os meus pais. A proposta era boa, o campeonato era diferente, mas financeiramente mais vantajosa do que ficar em Portugal. A carreira de futebolista é especialmente curta, portanto foi uma decisão fácil. Tudo o resto não foi, mas tudo se compôs.

E como está a lidar com a nova língua?

Estou a tentar aprender. Com as aulas e com o tempo acho que lá chegarei. Tenho aulas de grego, mas é complicado. O abecedário é diferente. Só por aí é logo complicado. E depois há o sotaque. Os gregos se falarem rápido não percebem os cipriotas. Mas, felizmente, toda a gente aqui fala inglês e isso ajuda muito. Em termos de adaptação fica tudo mais fácil com o inglês. A comunicação é uma parte importante para a adaptação.

Notícias ao MinutoFábio Vieira no centro de plena celebração no balneário do Olympiakos Nicosia, uma imagem que se tem repetido ao longo desta temporada. © DR

Que país encontrou?

Não tinha nenhuma noção do que era o Chipre. Já tinha ouvido falar muito coisa. Há uns anos houve muitos jogadores portugueses a virem jogar para cá, mas eu não sabia o que iria encontrar. Mas foi uma surpresa muito agradável. A temperatura é ótima, apesar do verão ser muito quente. Tem praias fantásticas e muito bonitas. Está dividido entre uma zona turca e uma zona cipriota. É um país muito similar ao nosso. A alimentação é muito parecida com a nossa. A única diferença é que aqui conduz-se à esquerda, algo que ao início foi engraçado (risos). Sinceramente, é difícil dizer mal do Chipre. Foi uma grande surpresa o país.

O Vitória SC te uma massa adepta fantástica que em Portugal não há igual

Apesar de estar adaptado, continua a sentir saudades de Portugal?

Sim, claro que sim. Especialmente das pessoas. A minha mulher ficou em Portugal porque ela trabalha perto de casa e tomámos a decisão de ela ficar. Isso custa-me. Estar longe dela e da minha família é complicado. Mas eu optei por ficar focado nos meus objetivos profissionais de forma a não pensar tanto nisso. É uma estratégia para tentar fazer valer o nosso esforço. Gosto muito do Chipre, mas não há nada como o nosso país. Não há nada que substitua Portugal.

Continua a acompanhar com atenção o campeonato português?

Sim, sempre!

Especialmente o Vitória SC, presumo…

Claro, sem dúvida alguma! É o meu clube. Tenho muitos amigos lá e adoro vê-los jogar. Sempre que posso, que é praticamente todos os jogos, vejo-os aqui. A única coisa que às vezes interfere é a diferença do fuso horário. É um bocado mais tarde, mas não há problema.

Notícias ao MinutoFábio Vieira vestiu a camisola do Vitória SC por 43 ocasiões na equipa B e outra na equipa principal. © Global Imagens

O que tem achado da época do Vitória SC?

O Vitória não começou muito bem, mas agora está a voltar ao patamar que merece e eu acho que ainda pode ultrapassar o Moreirense. Mas o Moreirense está a fazer uma bela época, com um grande trabalho do Ivo Vieira e dos jogadores. Têm lá atletas de grande qualidade, tal como tem o nosso campeonato e o nosso país. Finalmente estão a ser valorizados com um processo e um sistema virado para eles e para a qualidade de jogo.

E o restante campeonato?

Está a ser bastante disputado. A luta pelo título divide-se entre Benfica e FC Porto. O FC Porto esteve muito tempo à frente e o Benfica conseguiu recuperar. Vai ser dividido até ao final da temporada. Até lá espero, com todo o respeito pelo Moreirense, que o Vitória SC consiga chegar ao quinto lugar. É o lugar deles, o lugar europeu.

Esteve no clube vários anos mas apenas por uma ocasião jogou na equipa principal. O que acha que falhou?

Sinceramente, poderia apontar várias coisas, mas não me parece importante. Importa, sim, realçar os anos fantásticos que vivi no Vitória, com um desenvolvimento pessoal e profissional muito grande. Aprendi muitas coisas. Apanhei treinadores e jogadores muito bons. Claro que adorava ter tido mais oportunidades e gostava de ter jogado mais. O Vitória SC tem uma massa adepta fantástica como em Portugal não há igual. As coisas simplesmente não deram, mas por essa razão estou aqui agora. Acho que estou especialmente grato por tudo aquilo que aconteceu. Cresci sempre e isso é que importa. Olhar para as coisas de forma positiva.

Em termos mentais, talvez não estivesse preparado. Assumo alguma responsabilidade. A responsabilidade tem de ser assumida por nós. Nós é que fazemos o nosso destino e eu encaro as coisas de maneira positiva. Custou-me sair do Vitória porque adoro o clube e a cidade. Mas se não tivesse vindo embora, não tinha crescido. Olho para a saída do clube como algo que me ajudou bastante. Prefiro olhar para as coisas assim.

Nunca se sabe se poderá voltar…

Exatamente! O meu objetivo passa por ficar cá, mas o futuro nunca se sabe. Eu gosto de planear as coisas, mas uma pessoa nunca sabe. Pode acontecer alguma coisa no futuro. Acredito que um dia vou voltar como treinador do Vitória. Daqui a uns bons anos (risos).

O que quer fazer no Olympiakos?

Neste momento quero ajudar a equipa subir e para o ano jogar na primeira liga com ela. Vamos jogar num nível diferente e com uma visibilidade muito maior. e vamos jogar contra clubes que vão à Liga dos Campeões. Fazer uma boa época na I Liga e assumir-me como um jogador desse escalão aqui no Chipre. O projeto do clube é muito ambicioso. O nosso presidente tem muita ambição e isso alicia-me muito. Sei que vamos lutar por objetivos claros. Sou muito bem tratado neste clube. 

Notícias ao MinutoFábio Vieira é o número 10 do Olympiakos Nicosia e não tem desiludido: Sete golos e nove assistências em 21 jogos.© DR

Que mensagem gostaria de deixar a quem o acompanhou até aqui? 

Queria aproveitar sobretudo para agradecer à minha mulher, aos meus pais e ao Ricardo Fernandes todo o apoio que me deram. Sem eles nada disto não seria possível.

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