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Sérgio Vieira: Um voo do Brasil para Famalicão, com Alfa Semedo pelo meio

Sérgio Vieira chegou, esta temporada, ao comando técnico do Famalicão, depois de ter estado cerca de meio ano ao serviço do Moreirense, na época anterior.

Sérgio Vieira: Um voo do Brasil para Famalicão, com Alfa Semedo pelo meio
Notícias ao Minuto

09:08 - 27/12/18 por Andreia Brites Dias

Desporto Entrevista

Depois de três anos no Brasil, a orientar clubes como Atlético Paranaense, Ferroviária, América Mineiro e São Bernardo, Sérgio Vieira regressou a Portugal, na última temporada, para orientar o Moreirense. No entanto, a experiência não chegou ao fim e acabou por deixar o clube em março do presente ano.

No verão, abraçou um novo desafio: o comando técnico do Famalicão. Com o objetivo de subir à I Liga, a equipa de Vila Nova de Famalicão termina o ano na liderança dividida da II Liga com 30 pontos, os mesmos que o Paços de Ferreira. 

Deixou o Moreirense em março de 2018. Como surgiu esta possibilidade de orientar o Famalicão, esta temporada? Foi a única oferta que recebeu?

Não foi uma surpresa, eu queria trabalhar. Queria trabalhar num projeto organizado, havia oportunidades de I Liga e outras situações de II Liga, mas eu queria um projeto que valorizasse a dedicação ao trabalho, a forma capacitada e os processos de treino. O resultado a cada jornada é um pouco fruto de todos os processos e eu teria de tomar uma decisão sobre o mais parecido com isto, num projeto credível e ambicioso. O Famalicão foi aquele que se apresentou mais ambicioso.

A equipa termina o ano na liderança da competição. Qual é o balanço até ao momento?

Tudo aquilo que foi feito até agora foi extremamente positivo, a todos os níveis: estrutural, desportivo... Tal como a implementação de bases que são fundamentais para ter sucesso sustentado no futuro. Em poucos meses (cinco), o clube cresceu muito a nível estrutural e, desportivamente, é o que a classificação reflete. Para além disso, criou bases de sustentabilidade para o sucesso do futuro, e isso é o mais importante. Não é só ganhar por ganhar, mas a forma como ganhamos é fruto de todo o trabalho feito.

Uma liderança dividida com o Paços de Ferreira.... 

Nunca definimos, em nenhum período da época, estar na liderança ou num lugar de subida. O que definimos era estarmos envolvidos a todo o momento na luta pela subida, estar próximo ou a poucos pontos dos lugares que dão acesso aos lugares da I Liga. Para que depois consigamos concretizar o nosso objetivo. 

Subir à I Liga é um objetivo assumido por parte Famalicão...

Desde o início, o nosso objetivo sempre foi conseguir o máximo da qualidade e ganhar todos os jogos em que vamos estar envolvidos. Pela dimensão histórica do clube e a paixão dos adeptos, sabíamos que tínhamos objetivos ambiciosos. Agora, se os vamos conquistar ou não… Mas vamos lutar até às últimas forças. Chegar a dezembro e conseguir estar em lugares de destaque, estar na liderança, é algo para o qual lutámos. 

Como é que é gerir um balneário que lida com essa "pressão"?

Não é fácil, porque temos exemplos ao mais alto nível. Por exemplo, vemos equipas do Campeonato de Portugal ou da II Liga que se transformam num jogo de Taça de Portugal. Porquê? A motivação no atleta mexe muito no seu rendimento. Num ambiente de elite, o jogador está muito motivado. Quando há estádios vazios, relvado mau, o próprio atleta não pode ir com a motivação toda, é diferente. Tentamos mexer com a mente deles. Tentamos criar outros fatores de motivação, para que isso não seja perturbador.

E como é que isso se consegue? Como se gerem as emoções e a ambição dos atletas?

Quando se está num bom projeto, com bons gestores, com pessoas capacitadas, o futebol é diferente, a emoção fica de lado e vão muito pela razão. Competência, razão... Mas sabemos que é um fenómeno global, mesmo na Europa sabemos que o ser humano é mais emocional. Somos um país em que ainda há algum equilíbrio, instabilidade na gestão só prejudica o que é o trabalho diário. 

Se olharmos para o plantel do Famalicão, temos jogadores com várias diferenças de idade. Uma camada mais jovem e depois um 'nicho' que está há mais anos no futebol, como é o caso de Rafael Defendi ou Ricardo. Essa experiência é fundamental para manter o equilíbrio e o foco no objetivo?

É muito importante, é extremamente importante a maturidade de vida e competitividade que os jogadores têm de ter num plantel. Temos também de ter jogadores jovens, mas quem sustenta a evolução desses jovens, são jogadores com uma maturidade muito maior que ajuda a que haja um equilíbrio.

O mercado de transferências está aí à porta e, olhando para o objetivo de subir à I Liga, há algum setor que gostaria de ver reforçado?

Estamos a avaliar o que é que será importante fazer para se atingir o objetivo máximo da instituição. Os objetivos  são coletivos e estamos a refletir.

O Famalicão acabou por ficar pelo caminho, na Taça de Portugal, após uma derrota com o Águeda, por 0-1, numa partida em que mexeu na equipa. Ficou algum 'amargo de boca' por terem saído da competição?

Não ficou porque fizemos o máximo, o que estava ao nosso alcance para passar a eliminatória. Demos oportunidade a jogadores que estavam a trabalhar bem, mas com menos minutos. Jogámos num relvado impraticável, mexemos muito na equipa, que não tinha rotinas e, por isso, corremos o risco. Acredito que o risco que corremos foi merecido pela oportunidade dada aos jogadores. Já sabíamos que quando não há entrosamento corremos o risco, mas o mais importante é o campeonato, esse sim é fundamental.

Na época passada, esteve na I Liga e, esta época, aceitou um desafio no escalão inferior. Quais são as principais diferenças e de que forma podem até ser "prejudiciais" para as equipas?

A II Liga é uma competição com fatores muito diversos a nível competitivo. Temos equipas que, não estando em situação aflita, jogam com uma pressão menor do que uma equipa que tem que lutar para subir. Para além disso, comparativamente à I Liga, tem condições para a realização de jogos com maior diversidade: condições de relvado, infraestruturas, recursos humanos… Tal como o destaque que é dado. Há jogos à 20h15 da noite com características de I Liga, como foi o nosso jogo recente em Coimbra, que passam na televisão e têm um ambiente de I liga, e depois há outros jogos, às 15 horas, com pouco público, principalmente fora, que não conseguimos levar as duas ou três mil pessoas que colocamos em casa. Na I Liga todos os jogos passam na televisão e o ambiente competitivo é um ambiente mais estável.

Regressou ao futebol português em 2017. Pretende ficar por Portugal a longo prazo?

Eu tenho objetivos a curto, médio e longo prazo. Claro que esses objetivos vão sendo reforçados, principalmente, em função da família. Nunca podemos colocar a profissão acima da família, que é mais importante do que a profissão. Principalmente por causa da minha filha. A curto prazo, os meus objetivos são triunfar aqui na nossa realidade, portuguesa ou europeia, conquistar coisas.

Saiu do Moreirense em março de 2018, numa altura em que a equipa caiu na zona de despromoção. Foi uma surpresa?

Trabalhar no Moreirense foi uma experiência positiva, como todas as outras que tive na vida. Tento ver pelo lado positivo e tirar ilações para continuar a evoluir. Foi extremamente gratificante. Para além disso, conquistei muitos pontos fundamentais para a manutenção da equipa na I Liga. Ajudei ainda jogadores a evoluir e fico muito satisfeito com isso. 

Um deles foi Alfa Semedo, que esteve no Moreirense na última temporada. O que nos pode dizer sobre o jovem jogador do Benfica?

É um jovem com um potencial muito grande, com características físicas e técnicas muito altas. Manter o nível de elite constante, não é fácil. Depois de ter jogado no Moreirense, impor-se por completo e de uma forma extremamente regular numa equipa grande, não é fácil. Mas o tempo vai provar que é um jogador de elite e de grande importância para o Benfica.

É importante essa 'escola' em clubes médios, ter contacto com a I Liga, antes de vingar num 'grande'?

Quanto mais um jogador jovem for exposto a ambientes competitivos e de grande exigência, mais ele vai evoluir, por isso é que os projetos das equipas B são muito importantes, onde têm uma diversidade competitiva grande, muito importantes e que permitem o amadurecimento a nível técnico, mental e físico. Muitas vezes, os jogadores não têm lugar nos clubes grandes mas têm espaço em clubes menores e, por serem estimulados, vão amadurecer. Depois comprova-se que afinal até tinham qualidade, fruto do processo competitivo ao qual foram expostos.

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