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"Peseiro nunca me deu uma explicação nem me disse onde poderia melhorar"

Depois de uma pré-época a 'todo o gás' no Sporting, o extremo foi 'riscado' das opções do técnico e rumou, por empréstimo, ao Nuremberga. Hoje, em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, abre o coração e confessa alguma mágoa.

"Peseiro nunca me deu uma explicação nem me disse onde poderia melhorar"
Notícias ao Minuto

07:52 - 05/12/18 por Fábio Aguiar

Desporto Matheus Pereira

Depois de uma fantástica temporada ao serviço do Chaves, onde apontou oito golos em 30 jogos e se assumiu como uma das principais figuras da equipa, Matheus Pereira regressou do empréstimo, brilhou na pré-época do Sporting e encheu de esperança os adeptos leoninos, crentes na 'explosão' do extremo. Contudo, com a chegada dos compromissos oficiais, tudo mudou.

Estranhamente, o luso-brasileiro saiu das opções de José Peseiro, deixou de integrar as convocatórias e viu o seu espaço no plantel ser reduzido, acabando por encontrar nos alemães do Nuremberga uma luz ao fundo do túnel.

Aos 22 anos, o jovem partiu para o emblema da Bundesliga com a ambição de voltar a provar todo o potencial já evidenciado na formação verde e branca e no conjunto transmontano, mas a possibilidade de regressar a Alvalade já na reabertura do mercado começa a fazer 'eco'.

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Matheus Pereira recorda o 'calvário' que viveu no início da época nos leões, faz um balanço da aventura em solo germânico e revela as desilusões, os objetivos e os sonhos.

Notícias ao MinutoMatheus Pereira foi cedido pelo Sporting ao Nuremberga e até ao momento participou em quatro jogos.© Facebook

Cerca de três meses após a chegada, que balanço faz desta aventura no Nuremberga?

"As coisas estão a correr bem... Já me sinto praticamente integrado na cidade, nos locais onde preciso ir fazer compras, etc. O frio está a chegar agora também... Sinto-me bem, graças a Deus."

Que dificuldades encontrou na Alemanha?

"A língua foi a primeira, claramente. Infelizmente não tinha ninguém que pudesse traduzir e o clube também não dispôs ninguém para me ajudar nessa adaptação. No entanto, surgiu um empresário que me tem ajudado imenso aqui. Depois, dentro de campo, tive algumas dificuldades em termos físicos, devido à forte intensidade que eles colocam em jogo. É uma nova realidade e claro que é sempre necessária uma adaptação. Hoje já estou mais encaixado e as coisas começam a correr melhor."

Sporting? A primeira indicação que tive da anterior Direção, que estava em funções, foi que iam apostar em mim este ano e que iria ter oportunidades."

Depois da grande pré-época no Sporting, esperava ter um lugar na equipa?

"Claro! Com certeza que sim, até porque a primeira indicação que tive da anterior Direção, que estava em funções, foi que iam apostar em mim este ano e iria ter oportunidades. Queriam lançar-me e depois da pré-época fiquei ainda mais entusiasmado porque as coisas saíram muito bem. Logicamente que tinha muitas expetativas de poder ter mais oportunidades."

Como é que reagiu à falta de oportunidades e, posteriormente, ao novo empréstimo?

"Foi muito difícil... É bastante complicado quando se dá provas e se mostra que é se capaz de fazer as coisas bem e depois há treinadores que não acreditam. Mas eu continuo a trabalhar da mesma maneira, a fazer o meu melhor, e sempre que sou chamado dou tudo. Tento passar por cima disso com trabalho, dedicação e tranquilidade."

Em algum momento José Peseiro lhe explicou as razões pelas quais deixou de ser opção?

"Não... Em momento algum me deu um 'feeddback' ou me disse o que eu precisava. Nada! Simplesmente não me deu oportunidades e começou a deixar-me de fora dos jogos. Nunca me deu uma explicação, nem me disse onde melhorar ou o que poderia fazer para ser opção. Enfim..."

Notícias ao MinutoDepois de uma pré-época em grande plano, o extremo foi 'riscado' das opções de José Peseiro.© Global Imagens

Sente que saiu prejudicado depois daquela reação nas redes sociais, onde manifestou o seu desagrado pela falta de minutos de jogo?

"Eu acho que não sai prejudicado por esse 'post'. Penso que saí prejudicado por algumas palavras do José Peseiro, que me colocou contra os adeptos e contra as pessoas. Mas não acho que foi pelo 'post'. Foi, sim, pelo que ele começou a falar sobre mim e que não tem verdade nenhuma. Infelizmente foi uma situação que aconteceu, mas que faz parte do passado."

Quais foram as suas maiores dificuldades durante esse período em que foi 'riscado' das opções?

"As maiores dificuldades foram perceber onde tinha errado. Eu não entendia porque não era convocado para os jogos, nem sabia o que tinha feito de mal. Nem para o banco ia... Não sabia o que se estava a passar. Por vezes, perguntava a mim próprio o que tinha feito de mal. Isso foi o mais complicado! Um jogador gosta de jogar, de estar em campo, de fazer o que mais gosta, e quando isso não acontece, obviamente que não é nada fácil. Foi uma situação delicada e no meu caso não tinha explicação de nada. No entanto, mais uma vez dei a volta por cima e... bola para a frente."

Voltar ao Sporting em janeiro? Podem acontecer algumas coisas, mas para já não penso nisso."

Aceitou o convite do Nuremberga por vontade própria ou foi, digamos, a saída possível?

"Foi por vontade própria! Quis vir para o Nuremberga! Foi vontade minha, além do facto de ter sido a única proposta concreta que chegou."

Sente que esta poderia ter sido a sua grande época em Alvalade?

"Claro que sim! Desde o início que sentia isso, desde que chegou o mister José Peseiro. Esperava que apostasse em mim, me desse oportunidades para jogar e acho que teria tudo para dar certo. Estava confiante e penso que esta seria a minha época no Sporting, sem dúvida nenhuma!"

Triunfar no Sporting continua a ser o seu objetivo?

"Eu gosto de pensar no presente. Por isso, o meu presente é o Nuremberga e o meu objetivo passa por triunfar aqui. Não gosto de olhar para o passado nem de antever o futuro. Procuro focar a minha cabeça todos os dias aqui e ter sucesso neste clube."

Notícias ao MinutoLuso-brasileiro foi um dos principais destaques da pré-temporada dos leões.© Global Imagens

Gostaria de voltar em Janeiro?

"Nem sei... Como já disse anteriormente, eu gosto de pensar no presente e o presente é aqui, no Nuremberga. Podem acontecer algumas coisas, mas para já não penso nisso."

Mas já foi contactado pelo Sporting nesse sentido?

"Não, não sei de nada... Apenas que estou bem focado neste clube e em triunfar aqui."

No entanto, tem contrato com o Sporting até 2022. Quando regressar da cedência, que Matheus os adeptos podem esperar?

(pausa) "Para já não podem esperar nada, pois estou no Nuremberga e só penso nisso. Mas quando regressar podem esperar um guerreiro, pronto para ser campeão e conquistar coisas grandes, sempre com o apoio deles."

Jorge Jesus? Estava sempre a dizer-me que havia aspetos em que eu precisava de melhorar, nomeadamente na vertente tática e na decisão no último terço."

Olhando para trás, que importância teve Jorge Jesus na sua carreira?

"Na minha primeira época como sénior foi ele que me lançou. Vinha da equipa B, era um jovem, não o conhecia, nem sabia o que ele queria nem as suas ideias. Então, numa primeira fase precisei de perceber isso. Algumas ideias eu assimilei logo, mas outras demorei um pouco mais a captar. Ele estava sempre a dizer-me que havia aspetos em que eu precisava de melhorar, nomeadamente na vertente tática e na decisão no último terço. Foi disso que eu fui à procura, de aprender aquilo que ele me queria ensinar. Falava muito comigo e puxava por mim."

Na última temporada brilhou com a camisola do Chaves. Qual foi o segredo para um rendimento tão elevado no conjunto flaviense?

"O Chaves tem um lugar especial no meu coração, não só pelo que passei lá a nível profissional, como pela forma como as pessoas me trataram e pelo carinho que me deram. Sempre cuidaram de mim, preocuparam-se comigo e isso foi essencial para eu recuperar a confiança. Posso vir a contar aos meus filhos que fui feliz em Chaves. Fui abraçado pelas pessoas e isso é muito gratificante. Além disso, foi o ano em que eu pude mostrar a minha qualidade e o que posso fazer. O futebol português começou a conhecer-me mais graças ao Chaves. Foi muito importante para mim a nível pessoal e profissional e vai sempre ficar marcado."

Notícias ao MinutoNa última época, o jovem esteve cedido ao Chaves, onde se assumiu como uma das principais figuras.© Global Imagens

Aos 22 anos, sente que está na hora de 'explodir'?

"Eu não coloco essa pressão sobre mim. Só penso em desfrutar do futebol e fazer o meu melhor. Ainda sou jovem, estou a começar a avançar e não penso nisso. Gosto de aproveitar os momentos e as coisas acontecem naturalmente. Acredito que Deus está a preparar um momento certo para mim."

Em termos gerais, quais são os objetivos imediatos?

"Pretendo ganhar alguma regularidade na Bundesliga, assumir-me como um jogador importante do clube e continuar a evoluir. Quero afirmar-me aqui!"

As pessoas conhecem-no como um jogador virtuoso, irreverente, tecnicista... Mas, fora de campo, quem é o Matheus Pereira?

(risos) "É um 'cara' que gosta de estar com a família e com os amigos, que gosta de brincar, de sair para jantar com as pessoas de quem gosta, a família, os amigos, a esposa, os irmãos... Sou sorridente e alegre. Não é que dentro de campo não o seja, mas fora dele sou assim."

Ter o seu pai como empresário foi um apoio extra ao longo deste seu trajeto?

"Sim, claro! Neste momento, o meu pai já não é o meu empresário, mas continua a dar-me todo o apoio que sempre deu. Está sempre por dentro de tudo, mas agora é a empresa 'Vergette Sports' que está a gerir a minha carreira. No entanto, é extremamente importante ter o meu pai por perto, a par de tudo o que se passa comigo. Sempre foi assim..."

E tem referências no futebol?

"Não, não tenho muitas referências porque também não gosto de olhar para outros jogadores dessa forma. Claro que gosto de jogadores do estilo de Messi, de Neymar, do próprio Cristiano Ronaldo... São jogadores que gosto de ver jogar, mas não os tenho como referências."

Notícias ao MinutoMatheus Pereira sempre manteve uma forte relação com o seu pai, Alexandre Pereira.© Instagram Matheus Pereira

Que sonhos tem ainda por concretizar?

"Ainda tenho muitos! Sonho jogar e conquistar uma Liga dos Campeões, vencer um campeonato nacional e estar presente num Mundial. São os meus principais sonhos e vou lutar por eles."

Sei que é um tema que já foi muito falado, mas jogar pela Seleção Portuguesa faz parte dessa lista?

"Sem dúvida! Já referi isso numa entrevista e é a realidade. Sinto-me mais português do que brasileiro. São quase doze anos em Portugal e para mim seria uma honra jogar pela Seleção Nacional Portuguesa."

Qual foi o melhor elogio que já lhe fizeram?

"Bem... Foi os meus pais dizerem que estão orgulhosos de mim por eu estar bem, feliz e a seguir a vida com Deus. Dizerem que têm orgulho no meu percurso enquanto jogador e enquanto pessoa é, sem dúvida, o melhor que posso ouvir."

Qual foi a pior notícia que recebeu na vida?

(pausa) "O falecimento da minha avó... Nenhum ser humano está preparado para uma notícia deste tipo, do falecimento de um ente querido. Mas é o ciclo da vida. Infelizmente, foi uma notícia triste e que me marcou muito."

Bem sei que não gosta de pensar no futuro, mas, numa perspetiva sonhadora e, porque não, numa espécie de meta, onde se vê, por exemplo, daqui a cinco anos?

(risos) Bem, para mim é mesmo difícil falar do futuro... Claro que devemos sonhar grande, mas com os pés bem assentes no chão. Eu gosto de viver o presente. Na minha vida as coisas aconteceram sempre naturalmente. Por isso, só Deus sabe como estaria daqui a cinco anos. Limito-me a focar atenções no presente."

Obrigado e felicidades!

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