As conferências de antevisão às partidas do Sporting voltaram a ser em inglês. Algo que já não se verificava desde a temporada 2012/2013, era então Franky Vercauteren o treinador dos leões. Marcel Keizer entrou, nesta sexta-feira, pelo Auditório Artur Agostinho para antever o seu primeiro jogo e, apesar das parcas palavras, prometeu ao universo verde e branco futebol de qualidade, embora não tenha sido o obreiro do plantel verde e branco.

Questionado pelo Desporto ao Minuto sobre que jogador iria buscar ao mercado durante a Black Friday, caso tivesse essa oportunidade, Marcel Keizer riu-se perante a questão, reconhecendo a pertinência da mesma, mas declinando-se a apontar um nome.

E, quiçá, porque o ‘joker’ de Keizer já mora na prateleira verde e branca. Este sábado, Wendel foi o melhor jogador em campo, diante do Lusitano de Vildemoinhos, e deu ‘oxigénio’ a uma equipa que só desfez o problema da qualificação para os oitavos de final da Taça de Portugal, no Estádio do Fontelo, com nove minutos avassaladores na etapa complementar. Bas Dost abriu o marcador, à passagem do minuto 42. Dois minutos volvidos, Diogo Braz restabeleceu a igualdade, sendo que na 2.ª parte, entre os 64 e os 73 minutos, Bruno Fernandes, Bas Dost e Diaby, selaram o resultado final (1-4).

As primeiras notas soltas de Marcel Keizer

Apesar de algumas ideias interessantes, já implementadas pelo técnico holandês, o Sporting surgiu previsível no encontro, faltando velocidade a uma equipa que andou a passo na primeira parte, concedendo ao adversário demasiadas recuperações e sujeitando Renan a trabalhos redobrados, nomeadamente no primeiro terço do encontro.

Keizer apresentou ideias soltas e Wendel foi o que mais encantou, pela reação à perda de bola, pelas desmarcações de rutura, pelo foco na baliza entre a meia distância e a sua presença na área. Recorde-se que o médio brasileiro foi contratado por Jorge Jesus, tendo valido aos cofres do Fluminense uma verba de 8,7 milhões de euros. Esta época só tinha jogado 89 minutos, sendo que este sábado quase igualava o registo, na medida em que foi substituído aos 79’ por Bruno César.

Todavia  muito trabalho há a fazer num leão que errou a nível individual (por exemplo, no golo do Lusitano, em que Bruno Fernandes perde a bola de forma displicente para Nuno Rodrigues), assim como a nível coletivo.  O Sporting tinha dois tipos de dificuldades: por um lado, a defesa estava demasiado exposta perante perdas de bola ainda no seu meio-campo e deixava espaço para a velocidade das unidades ofensivas dos anfitriões; por outro, revelava pouca velocidade de circulação nas aproximações ao último terço contrário.

Só a partir dos 25 minutos Gudelj conseguiu “rasgar” mais a defesa contrária com variações rápidas e longas de flanco; Bruno Fernandes teve mais bola a passar-lhe pelos pés e encontrou espaço para testar a meia distância (26′); e Wendel, na área ou fora dela, ganhou protagonismo na finalização (28′ e 38′).

Keizer não mexeu ao intervalo, nem sequer colocou jogadores em aquecimento nos primeiros minutos, porém viu o Sporting corrigir posicionamentos e ganhar em definitivo o meio-campo do Lusitano Vildemoinhos, que teve ainda menos posse e quase nenhuma capacidade de sair nas transições que sempre iam colocando algum respeito aos leões. Depois, foi tudo uma questão de velocidade e qualidade individual.

Com processos simples e jogo a um/dois toques até à finalização, o leão acabou com a boa resistência dos visitados num ápice.  Marcel Keizer tem ainda muito trabalho pela frente, mas se os triunfos acompanharem o holandês o leão, provavelmente, tem razões para sonhar com o “futebol de qualidade” prometido pelo seu treinador.

(Os dados estatísticos deste encontro não foram disponibilizados pelo site da Federação Portuguesa de Futebol)