O arranque sensacional, com 13 vitórias em outros tantos jogos, já colocou Jorge Jesus na história do Al Hilal, com o recorde de maior número de triunfos consecutivos da história, e convenceu os responsáveis do emblema saudita a avançar para uma proposta de renovação. No entanto, o técnico português decidiu rejeitar. A revelação foi feita pelo próprio, em entrevista à revista ‘Liga-te’, da Liga Portugal.

"É uma experiência. Nunca pensei sair do meu país, e quem me conhece sabe-o bem. Ou melhor, pensei que podia sair por uma ou duas razões: ou era para um clube da Europa ou por uma questão financeira. Não saí para a Europa e posso dizer que o Sporting gastava mais dinheiro comigo do que aquele que o Al Hilal me paga. A verdade é que saí... É difícil falar no dia de amanhã, mas penso que ficarei apenas mais uma época aqui [o contrato termina em 2019]. O clube propôs-me a renovação por três épocas, mas não vou aceitar", referiu o treinador, de 64 anos, antes de deixar uma promessa: "Vou regressar ao futebol português e nada tem a ver com as pessoas do Al Hilal. Por muito que gostem de mim, o regresso a Portugal está nos objetivos."

Numa altura em que continua a ser apontado a um possível regresso ao Benfica, Jesus confessa ainda que se mantém a tudo o que se passa no nosso futebol. "Na minha casa, temos todos os canais portugueses, inclusive os de desporto", admitiu, deixando alguns lamentos: "Temos grandes jogadores! O nosso futebol é muito competitivo e temos um campeonato de alto nível. Os treinadores portugueses são reconhecidos mundialmente e são profissionais com grande conhecimento e estratégia. Mas, infelizmente, continuamos com o jogo fora das quatro linhas... Em Portugal parece estar instituído que a pressão ajuda a ganhar jogos e, enquanto não se acabar com esta ideia, não haverá paz no futebol português. Somos dos campeonatos europeus com mais qualidade, mesmo sabendo que não temos tanta capacidade de investimento como em outros."

Feliz pelo atual momento que vive na Arábia Saudita, JJ sente-se "acarinhado" pelos adeptos e garante que a experiência, a nível desportivo, "não poderia estar a correr melhor". "É um facto que os adeptos, a cultura e a exigência são diferentes. Mas aos poucos vamo-nos adaptando e a verdade é que somos muito, muito bem tratados pelas pessoas. E isso acaba por tornar todo o processo mais fácil. Sinto muito o carinho das pessoas. A certa altura manifestei a intenção de ir embora, foi mesmo real, e o ministro da Arábia Saudita ligou-me, mostrou-me apoio e vontade em que ficasse no clube. E assim foi. Acabei por ficar", finalizou.