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Weldon: "Luisão só me disse que queria ver ali o que tinha feito em 2007"

Avançado brasileiro recorda o dia em que assinou o golo que valeu ao Belenenses aquela que é ainda a última vitória sobre o Benfica.

Weldon: "Luisão só me disse que queria ver ali o que tinha feito em 2007"
Notícias ao Minuto

07:32 - 27/10/18 por Fábio Aguiar

Desporto Exclusivo

Estádio do Restelo, 15 de dezembro de 2007. O Benfica, então comandado por José António Camacho, visitava o reduto azul para defrontar uma equipa que atravessava um bom momento, liderada por... Jorge Jesus. Apesar das águias terem entrado em campo com um onze de luxo, onde figuravam nomes como Maxi Pereira, David Luiz, Rui Costa, Cristián Rodríguez ou Cardozo, a vitória (1-0) sorriu aos da casa, graças a Weldon.

O brasileiro, que mais tarde viria a transferir-se para a Luz, apontou o único golo da partida, num daqueles lances de 'levantar' um estádio, e deu os três pontos à formação onde alinhavam Rolando, Rúben Amorim, Hugo Leal, Roncatto ou a atual dupla de técnicos do Belenenses SAD, Silas e Zé Pedro. 

Este sábado, quase 11 anos depois, as duas equipas voltam a estar frente a frente. Desta vez, os dois antigos médios estarão a liderar o conjunto azul a partir do banco, enquanto o herói, Weldon, não irá perder um segundo do encontro, a partir do Brasil. O Desporto ao Minuto conversou com o jogador que atualmente representa o Juventude São Paulo e recordou dia mítico para os de Belém, que nunca mais conseguiram vencer as águias...

Notícias ao MinutoWeldon brilhou no Restelo e em 2009 transferiu-se para a Luz, onde fez parte de um plantel de luxo.© Reuters

Foi o grande herói da última vitória do Belenenses sobre o Benfica, em 2007. Recorda-se desse jogo?

Muito bem! Tínhamos uma grande equipa, com o Silas, o Zé Pedro, o Roncatto, o Rúben Amorim... Era um grupo fantástico, dos melhores que o Belenenses teve. Lembro-me que antes desse jogo falei no balneário e disse: 'Pessoal, não podemos errar. Contra uma equipa grande como o Benfica, qualquer erro pode ser fatal. Eles só têm jogadores bons e não perdoam'. Então, fomos focados para dentro de campo e correu bem.

Consegue descreve aquele grande golo que acabou por ser decisivo?

Ganhei em velocidade, dobrei para dentro, 'parti' o Luisão e dei uma 'chapada' no ângulo sobre o Quim. Foi um grande golo! Lembro-me muito bem desse dia. Foi um jogão!

O Belenenses tinha, de facto, uma bela equipa...

Para mim, foi a melhor equipa que o Belenenses teve na sua história. Se não me engano, retiraram-nos seis pontos devido a um castigo relativo ao Meyong, que tinha jogado em três equipas. Se não fosse isso, tínhamos terminado no quinto lugar, em zona de acesso à Liga Europa.

Acredito que Jorge Jesus tenha sido uma peça fulcral nessa época dos azuis...

Sem dúvida! O Jorge Jesus depois foi para o Sp. Braga e queria levar-me. Eu, como é óbvio, também queria ir, mas eu ainda tinha mais dois anos de contrato com o Cruzeiro. Então, eles venderam o Marcelo Moreno, que era um avançado boliviano, para o Shakhtar Donetsk e o treinador Adilson Batista pediu que eu regressasse. Não queria voltar para o Cruzeiro, queria ir com o Jorge Jesus para o Sp. Braga, mas tive que regressar. Aí, o Jorge Jesus disse-me: 'Não te preocupes! Se eu for para uma equipa grande aqui em Portugal, eu vou levar-te!' E assim foi... Levou-me para o Benfica e disse logo que ia montar uma grande equipa para ser campeão.

Foi um treinador fundamental na sua carreira?

Eu tenho 38 anos, comecei com 17 anos no Guarani de Campinas e durante este trajeto já apanhei muitos treinadores bons, mas nenhum como o Jorge Jesus. É o melhor treinador que já tive! É muito bom mesmo taticamente e tem muitas provas dadas.

Acha que é um treinador que se diferencia por essa capacidade tática?

Claramente! Por exemplo, o Fábio Coentrão quando chegou ao Benfica, do Rio Ave, era extremo. Lembro-me disto como se fosse ontem. Um dia, estávamos sentados no relvado e ele virou-se e disse: 'Fábio, tu vais jogar nesta posição [lateral-esquerdo]. É aqui que vais jogar, é aqui que vais crescer e é aqui que vais para uma equipa ainda maior. Vais fazer um grande campeonato e todos vão ver.' A verdade é que o ensinou a defender, a atacar, marcar e a posicionar-se. Fomos campeões, o Fábio Coentrão 'rebentou' tudo como lateral-esquerdo e foi vendido para o Real Madrid por 30 milhões. Cresceu como jogador e como pessoa. Se não fosse o Jorge Jesus, isso não teria acontecido e talvez ele não tivesse feito a carreira que fez.

Notícias ao MinutoAvançado brasileiro apontou oito golos em 27 jogos com a camisola encarnada.© Reuters

Tem saudades desses tempos?

Tenho, muitas. Foi uma grande fase da minha carreira. Tínhamos uma equipa só de craques e fomos campeões com 78 golos marcados. No plantel havia uns oito avançados: Eu, o Nuno Gomes, o Kardec, o Mantorras, o Saviola, o Keirrison, o Cardozo e o Éder Luís.

Nessa altura, o Luisão, que agora decidiu terminar a carreira, já era capitão. Que marca ficou daquele que é hoje um dos símbolos do clube?

O Luisão sempre foi um líder, uma referência e um exemplo para todos. Ajudou-me imenso quando cheguei ao Benfica. Ele morava na Aroeira e eu num apartamento em Lisboa. Então, ele ajudou-me a arranjar casa para também morar lá. É uma pessoa cinco estrelas e foi um grande jogador. Como capitão era excelente. Lembro-me que quando cheguei do Benfica o meu cacifo era em frente ao dele. Entrei no balneário e o Luisão só me disse que queria ver ali o que tinha feito em 2007.

Não se esqueceu...

(risos) Eu brinquei com ele e disse que no Benfica era mais fácil. Só tinha craques e, por isso, era bem mais fácil jogar e aprender com todos eles. Javi García, David Luiz, Aimar, Saviola, Cardozo, Carlos Martins... Enfim, não era só o onze! Todo o plantel era fantástico. Eu disse-lhe: 'Aqui é fácil! Lá no Belenenses tínhamos uma grande equipa, mas não tínhamos nenhum nome deste tipo!' Penso que nessa época fiz oito golo, mesmo sendo reserva, uma vez que jogava o Cardozo e o Saviola e eu, o Nuno Gomes e o Kardec entrávamos.

Esse foi o melhor período da sua carreira?

Sim, foi... Aliás, em termos de golos, penso que a época no Belenenses até foi melhor, pois marquei 14. Nunca tinha feito tantos golos na minha carreira. Comecei muito novo como extremo e a minha função era fazer assistências para os avançados. Depois, mais tarde, comecei a jogar como número 9 e passei a marcar mais golos.

Há outro dos jogadores com que partilhou o balneário na Luz e que ainda está no Benfica: o Salvio...

(interrompe) O Salvio é um craque! No primeiro treino depois de ele chegar, eu olhei, virei-me para o Luisão e disse: 'Nossa, velho, que jogador! Vai ajudar-nos muito!' E assim foi! Nesses primeiros treinos ainda estava algo envergonhado, mas depois soltou-se e começou a 'partir' tudo. É um grande jogador, muito forte no um contra um. Dribla muito bem e tem muita força. É pena que tenha tido tantos azares com as lesões.

Notícias ao MinutoAos 38 anos, o atacante admite que tem saudades de Portugal e deixa a promessa de uma visita em breve. © Reuters

Apesar de se encontrar a jogar no Brasil, continua a acompanhar o futebol português?

Sim, claro! Vejo sempre com muita atenção. Assisti ao Clássico entre o Benfica e o FC Porto e sempre que posso vou acompanhando.O Benfica é o principal candidato ao título? Penso que são os quatro, ou seja, o Benfica e o FC Porto, primeiro, mas também há o Sporting e o Sporting de Braga. Acredito que será uma luta a quatro.

Este Benfica é inferior ao da sua altura?

É difícil comparar, mas a verdade é que aquela equipa de 2009/10 era brilhante. Só tínhamos craques! Para mim, nenhum plantel conseguiu ser igual. O atual é bom, mas esse era qualquer coisa de fenomenal, parecia uma seleção. O míster tirava um e colocava outro e o rendimento mantinha-se. Era muito forte.

Voltando a esse jogo de 2007, o Belenenses tinha dois jogadores muito importantes que hoje lideram a equipa como treinadores: o Silas e o Zé Pedro. Nessa altura, já lhes reconhecia características que faziam prever este caminho?

Por acaso, eles nunca me falaram da vontade de seguirem este caminho. Mas notava-se que tinha características para isso. Como pessoas, dispensam comentários. São fantásticos, pessoas cinco estrelas e grandes amigos. Eram verdadeiros líderes os dois. O Silas era o nosso capitão, o Zé Pedro era o segundo, depois o Hugo e o Rolando, os dois centrais, e eu era o último. Éramos, como dizia o mister Jorge Jesus, "os olhos do treinador em campo". E eles impunham muito respeito, falavam e toda a gente ouvia com atenção, assimilava e baixava a cabeça. Eram grandes capitães!

O que acha do trabalho que têm vindo a realizar no Belenenses SAD?

Acho que têm estado muito bem, espero que continuem e façam ainda melhor porque merecem. Desejo-lhes todo o sucesso do mundo e que cheguem a uma equipa grande em Portugal.

Que mensagem gostaria de deixar antes deste jogo entre duas equipas especiais para si?

Gostaria de desejar boa sorte, que seja um grande jogo e que ganhe o melhor. Estou aqui a torcer por isso. 

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