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Vómitos, diarreia e cansaço extremo: Manduca recorda jogo na Luz em 2009

Antigo extremo brasileiro trocou o Benfica pelo AEK Atenas em 2006 e três anos depois regressou para um jogo que jamais esquecerá. Esta terça-feira estará bem atento ao embate entre as duas equipas.

Vómitos, diarreia e cansaço extremo: Manduca recorda jogo na Luz em 2009
Notícias ao Minuto

08:00 - 02/10/18 por Fábio Aguiar

Desporto Exclusivo

Esta terça-feira, quando Benfica e AEK subirem ao relvado do Estádio Olímpico de Atenas, na Grécia, estará um espetador especial no outro lado do mundo, no Brasil, 'colado' à televisão (ou ao computador - já vai perceber porque esta diferenciação), ansioso para assistir ao encontro. Falamos de Gustavo Manduca, antigo jogador brasileiro que fez carreira em Portugal e que representou águias e gregos. 

O agora empresário conversou com o Desporto ao Minuto e revelou as expetativas que tem para este embate da segunda jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, recordando ainda as memórias de um histórico jogo que realizou na Luz, pelo AEK, frente aos encarnados, e que jamais esquecerá devido a... uma virose que assolou o plantel na véspera. 

Notícias ao MinutoManduca representou o Benfica na temporada 2005/05, atuando ao lado de Geovanni e Petit, antes de se mudar para o AEK Atenas, onde jogou durante quatro épocas.© Reuters

Quis o destino que a Liga dos Campeões colocasse frente a frente duas equipas que lhe dizem muito. Vai assistir ao encontro entre o Benfica e o AEK Atenas? 

Sim, claro que não vou perder o jogo! Vai depender muito dos horários, mas se não conseguir ver na televisão, vou ver na internet.

Como antigo jogador de encarnados e gregos, o que espera desta partida?

Espero um bom jogo, aberto e com possibilidades de vitória das duas equipas. Acho que é um jogo de 50/50, com um ligeiro favoritismo para o Benfica, pelo seu histórico, pelo orçamento superior ao do AEK, etc, apesar desta estatística negativa dos últimos tempos na Liga dos Campeões - há oito jogos que não vence. Mas o AEK, por seu lado, também há muitos anos que não participa na competição, joga em casa, tem o apoio do público e tudo isso funciona como motivação extra. Penso que tem tudo para ser um grande jogo.

O AEK vive um bom momento, tem uma equipa forte e claro que vai ser um ambiente hostil para o Benfica.

O ambiente no Estádio Olímpico de Atenas será outro dos fatores a ter em conta...

Sem dúvida! Os adeptos estão muito felizes pela conquista do campeonato na última época e por poder voltar a jogar a Champions 11 anos depois. O AEK vive um bom momento, tem uma equipa forte e claro que vai ser um ambiente hostil para o Benfica. Os adeptos gregos vão comparecer em peso, são muito fanáticos e criam um ambiente único. O barulho que 20 mil fazem lá equivale a 50 mil no Estádio da Luz. Apoiam a equipa do primeiro ao último minuto e seguramente vão 'empurrar' a equipa para a frente.

Que análise faz à equipa do Benfica esta época?

Acho que o Benfica ainda não encontrou o seu melhor futebol. É verdade que começou bem o campeonato, mas agora vacilou no último jogo ao empatar com o Chaves, depois de ter estado a ganhar 2-0. Penso que ainda tem a equipa a adaptar-se, pois teve vários jogadores lesionados. Por isso, está a tentar encontrar o melhor onze, a equipa mais forte e sólida e a melhor forma de jogar.

Notícias ao MinutoAntigo extremo foi contratado ao Marítimo e participou em 19 jogos com a camisola encarnada.© SL Benfica

É óbvio que as equipas e os próprios clubes mudam, mas, tendo em conta o conhecimento do futebol grego e do próprio AEK, quais serão os aspetos que o Benfica poderá explorar?

O AEK é uma equipa que não se destaca pelas individualidades. Não tem um jogador num ou noutro determinado setor que é muito forte. É, sim, uma equipa muito equilibrada! Por vezes a defesa faz grandes jogos, mas noutros falha em alguns momentos. É um jogo diferente, de Liga dos Campeões, onde a motivação, o ânimo e a concentração serão elevados, e, por isso, não consigo identificar um aspeto que possa ser explorado. A entrada em jogo irá mostrar o que pode ou não ser aproveitado.

Acho que o Benfica tem todas as condições para se apurar em segundo.

Num grupo que tem ainda o Bayern Munique e o Ajax, acredita que o Benfica tem neste jogo uma oportunidade única para marcar uma posição na luta pelo apuramento?

O Bayern, sem dúvida, deverá passar em primeiro, pois é uma equipa fortíssima, demonstrou-o na Luz, ao vencer por 2-0, e o Ajax já leva vantagem sobre o AEK, depois de ganhar 3-0 na primeira jornada. Este jogo vai ser muito importante para as duas equipas. Não será totalmente decisivo, mas muito importante. Nestas competições curtas não se podem perder pontos e um pode fazer toda a diferença. Mas eu acho que o Benfica tem todas as condições para se apurar em segundo, ainda terá dois jogos com o Ajax e mesmo que haja algo que não corra tão bem na Grécia poderá corrigir nos encontros seguintes.

Na temporada 2009/10 defrontou o Benfica com a camisola do AEK, na fase de grupos da Liga Europa. Como recorda esses dois jogos?

No primeiro ganhámos 1-0, até fiz uma assistência para esse golo, e no segundo perdemos 2-1 na Luz. Aí, o Benfica já estava qualificado e já não havia aquela importância decisiva. Mas é um jogo que nunca esquecerei. Na véspera, já em Lisboa, mais de metade da equipa - 13 ou 14 jogadores - teve uma virose muito forte, com vómitos, diarreia, e foram poucos os que não apanharam. Mal dormimos nessa noite. Até à hora do jogo não se sabia quem poderia ou não jogar, quem estava bem ou mal, e na palestra, já no estádio, o treinador perguntou a cada um se podia jogar e quem tinha condições para entrar em campo. Alguns diziam que sim, outros que iam tentar... Foi muito complicado para nós.

Mesmo assim jogou...

Sim, joguei quase o jogo todo, saí perto do fim - 78 minutos -  e estava exausto, muito cansado mesmo. Chegámos ao balneário e uns vomitavam, outros estavam pálidos... Era um cenário indescritível. Foi muito difícil essa recuperação. Agora olhamos para trás e rimo-nos com o sucedido, mas na altura foi complicado. 

Notícias ao MinutoNa Luz, o então camisola 23 foi orientado por Ronald Koeman e acabou por ser cedido ao AEK em 2006, já com Fernando Santos ao leme, que tinha chegado precisamente do... clube grego.© Reuters

Sente que o Benfica atual é muito diferente do da sua altura?

Sim, o Benfica evoluiu bastante. Viveu um período muito bom, com a conquista de alguns campeonatos consecutivos, e na minha altura há muito que não ganhava. Tinha sido campeão em 2005, o presidente Luís Filipe Vieira tinha entrado há pouco tempo e hoje apresenta um trabalho muito mais consolidado e um investimento muito maior. O Caixa Futebol Campus, que ainda apanhei no seu primeiro ano, é uma das provas da mudança do clube e da sua evolução. Mas o Benfica é sempre o Benfica, com uma tradição enorme, uns adeptos fantásticos, e é respeitado no mundo todo. Esse Benfica é o mesmo.

O Luisão sempre foi um jogador diferenciado pela liderança que exerceu no grupo.

O Luisão era até há semana passada o único jogador do atual plantel com quem tinha jogado nessa época 2005/06. O que recorda do capitão que agora terminou a carreira?

O Luisão sempre foi um jogador diferenciado pela liderança que exerceu no grupo. Já na minha época, em que só tinha 24 ou 25 anos, era um líder no balneário. Tinha uma personalidade forte, um caráter único e sempre se destacou por isso, além das qualidades que sempre teve como jogador. Foi um prazer ter jogado com um jogador como o Luisão, um excelente homem, pai, jogador, e penso que é digno de tudo o que construiu no Benfica.

Depois da passagem pela Luz, rumou ao AEK. Que marca ficou daquelas quatro épocas na Grécia?

Foi uma mudança interessante na minha vida porque saí do Benfica para ser emprestado. Depois o AEK exerceu a opção de compra e fiquei mais três épocas. Sempre fui muito bem recebido, bastante acarinhado pelos adeptos e pelas pessoas de Atenas. Disputámos a Liga dos Campeões, chegámos a ganhar um campeonato que depois nos foi retirado... Enfim, tivemos bons anos, excetuando o último, que foi o primeiro da crise na Grécia e o clube entrou numa fase mais complicada, em 2009/10. Mas tirando esse momento, tive uma fantástica experiência no AEK.

Notícias ao MinutoEm Atenas, o brasileiro tornou-se ídolo e assumiu-se como uma das principais figuras da equipa.© ReutersAté hoje tenho um carinho enorme pelo Benfica e pelas pessoas do clube.

Ficou com alguma espécie de mágoa por não ter permanecido mais tempo no Benfica?

Não, de forma alguma! O Benfica é um grande clube... Eu tinha chegado do Marítimo, a meio da época, e havia muita concorrência - Geovanni, Carlitos, Simão Sabrosa, Nuno Gomes, Miccoli. Mesmo assim, no tempo em que estive joguei. Fiz 12 a titular e um golo em meio ano e penso que são números bons e respeitosos. A equipa também estava num momento diferente, alguns jogadores também tinha chegado no mercado de transferência... Enfim, acho que foi positivo. Depois apareceu algo bom para mim, melhor em termos financeiros, e decidiu aceitar. Mas mágoa, nunca! Bem pelo contrário! Até hoje tenho um carinho enorme pelo Benfica e pelas pessoas do clube.

Já tem saudades de Portugal?

Sem dúvida! A minha filha nasceu aí, há pouco tempo vendi um apartamento aí em Lisboa e sempre que posso vou a Portugal. No final de outubro estarei aí para matar saudades, rever amigos, ver alguns jogos e estar com jogadores, treinadores e dirigentes que tanto me marcaram. É um país que vai ficar sempre no meu coração.

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