Rui Vitória tinha avisado para os perigos que poderiam advir da capacidade que o Boavista demonstra sempre que joga em casa. O saldo de um empate e uma derrota nas últimas duas visitas ao Bessa reforçavam esse alerta e a verdade é que os primeiros minutos deram razão ao técnico do Benfica. Falcone teve nos pés a oportunidade para 'gelar' as hostes encarnadas (4' minutos), mas falhou e acabou por permitir às águias atribuírem outro tipo de história à partida.

O clube da Luz acabou por vencer (2-0) e somar o segundo triunfo consecutivo no campeonato, muito graças a uma "exibição quase perfeita", como admitiu o seu treinador no final do encontro. No entanto, há que salientar também os 'pecados' cometidos pela defesa axadrezada que, a este nível, são imperdoáveis. Já depois da meia hora, Carraça perdeu a bola em zona proibida e a perseverança de Facundo Ferreyra fizeram o resto. Criticado nos últimos dias, o avançado argentino respondeu em campo e deu vantagem ao conjunto benfiquista, com classe.

O mais difícil estava feito: chegar ao golo. A partir daqui, o Benfica tomou as 'rédeas' do jogo e dominou por completo. Salvio teve, por duas vezes, o segundo nos pés (40' e 47'), mas perdeu sempre no duelo com Helton Leite, que, por seu lado, com uma mão cheia de grandes intervenções, afigurou-se como um dos destaques da noite - o Boavista tem aqui uma guarda-redes de grande nível.

Contudo, nem o guarda-redes salvador consegue suportar os tais 'pecados' imperdoáveis. Aos 62', Neris imitou Carraça, inventou onde não devia e viu Salvio 'sacar-lhe' o ouro. O argentino serviu Pizzi, com conta, peso e medida, e o internacional português voltou a demonstrar que, de facto, é o grande maestro desta orquestra encarnada. Dilatou o marcador a favor das águias e acabou praticamente com a questão relativa ao vencedor. Até ao final, Rui Vitória ainda poupou Salvio e permitiu a Gedson ouvir a ovação da noite. Mais uma fantástica exibição da nova pérola da jóia benfiquista a reforçar a ideia de que, a continuar assim, vai tornar-se um caso sério na Luz. 

Um por um...

BENFICA:

Vlachodimos: Não teve muitos problemas, mas os que teve resolveu bem. Evitou o golo de David Simão (55').

André Almeida: Os 201 jogos com a camisola do Benfica provam que, de facto, está de pedra e cal na Luz. Certo a defender, tentou ainda atacar pela certa. Foi o primeiro a ameaçar o golo (7').

Rúben Dias: Imperial no centro da defesa benfiquista, reduziu ao máximo os espaços para Falcone e Mateus.

Jardel: Demonstrou a segurança habitual e ainda esteve perto do golo já nos últimos minutos.

Grimaldo: Tentou alvejar várias vezes a baliza axadrezada, mas a 'mira' não estava afinada.

Fejsa: Um verdadeiro relógio suíço! Foi um verdadeiro bombeiro que apagou os (poucos) fogos no meio-campo encarnado.

Gedson: Atrevido, confiante e com uma energia inabalável. A continuar assim, este 'miúdo' vai tornar-se um caso... graúdo na Luz.

Pizzi: O 'maestro' está de volta! É uma das grandes figuras deste início de época do Benfica. Encheu o campo, voltou a marcar e é já o melhor goleador do campeonato (4 golos).

Cervi: Construiu com Grimaldo várias jogadas de iminente perigo pelo lado esquerdo e ainda foi a tempo de auxiliar no processe defensivo.

Salvio: Bom jogo de 'El Toto' que apenas pecou por não ter conseguido concretizar nenhuma das duas grandes ocasiões de golo (40' e 47').

Ferreyra: Numa semana em que foi alvo de críticas, o argentino respondeu em campo. Lutou sempre contra os centrais boavisteiros e o golo apontado é o espelho dessa raça e... classe.

Zivkovic: Entrou para o lugar de Salvio, mas não teve tempo para demonstrar toda a qualidade que lhe é reconhecida.

Alfa Semedo: Vai ganhando espaço no plantel e no Bessa voltou a ser aposta quando o objetivo era 'fechar' o miolo.

João Félix: Foi lançado aos 87' para concretizar um sonho de criança: estrear-se de forma oficial na equipa principal do Benfica.

BOAVISTA:

Helton Leite: Uma mão cheia de grandes defesas foi mais do que suficiente para ser o melhor em campo do Boavista e provar que é reforço de grande nível.

Carraça: Perdeu a bola em zona proibida, oferecendo o golo a Ferreyra.

Raphael Silva: Tentou servir de 'pilar' da muralha boavisteira, mas sentiu muitas dificuldades perante o poderio ofensivo das águias.

Neris: Inventou e 'ofereceu' a bola a Salvio que, posteriormente, serviu Pizzi para o 2-0. Erro imperdoável!

Talocha: Teve uma das exibições mais positivas do conjunto de Jorge Simão.

Idris: Tinha a missão de auxiliar os centrais e foi sempre essa a sua maior preocupação. Acabou substituído quando era altura de arriscar.

Fábio Espinho: Em dia de aniversário, o médio não foi feliz no Bessa.

David Simão: Rui Vitória tinha-lhe atribuído o rótulo de "craque" na antevisão e o médio formado na Luz provou-o. Com a qualidade habitual na organizações, sacrificou-se ainda em prol da equipa.

Rochinha: No reencontro com a sua antiga equipa, o jovem não teve muitas oportunidades para colocar em prática o seu jogo.

Mateus: Durante o tempo que o Benfica dominou, o angolano foi um dos que mais correu em busca da bola. Saiu aos 64'.

Falcone: Teve nos pés a melhor oportunidade do Boavista logo aos 4' minutos, mas falhou de forma incrível. Não fosse essa falta de assertividade e o jogo poderia ter sido bem diferente.

Rafael Costa: Foi a primeira carta lançada por Jorge Simão, mas sentiu muitas dificuldades para mexer com o jogo. 

André Claro: Entrou numa altura ingrata, dois minutos depois do Benfica fazer o 2-0.

Rafael Lopes: Lançado na tentativa de arriscar tudo. Sem sucesso.