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"Faço questão que o meu filho veja o golo e digo: 'Foi o pai que marcou'"

Bruno Coelho marcou o golo decisivo na final do Euro'2018 de futsal onde Portugal derrotou a vizinha Espanha. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o internacional português revela-se feliz por fazer parte da história e aponta baterias para o Mundial'2020.

"Faço questão que o meu filho veja o golo e digo: 'Foi o pai que marcou'"
Notícias ao Minuto

08:00 - 31/07/18 por Francisco Amaral Santos

Desporto Bruno Coelho

Um golo para a história do futsal e do desporto nacional. Um feito nunca antes alcançado que elevou o nome de Portugal bem alto. Um país vizinho que era favorito, mas que nada conseguiu fazer para evitar uma conquista merecida pelos portugueses. 

Falamos, pois claro, do título arrancado por Portugal no Euro'2018 de futsal disputado na Eslovénia. Um dos heróis foi Bruno Coelho. Os golos, o momento do 3-2 e as emoções daquela final estão bem presentes no homem que marcou o tento mais decisivo. 

A loja da New Balance, em Lisboa, foi o local escolhido para o encontro entre o Desporto Minuto e Bruno Coelho. Bem-disposto, sorridente e orgulhoso pelo feito conseguido no início do ano. 

A curta, mas rica, conversa com o internacional português teve como ponto de partida o lançamento por parte da New Balance das Audazo 2.0 Pro, inspiradas pelo título europeu conquistado diante da rival Espanha. 

Mas também houve espaço para mais temas. A seleção, o crescimento da modalidade em Portugal e as aspirações no próximo Mundial também foram abordadas. 

O título europeu foi conquistado em fevereiro, mas continua a inspirar este tipo de iniciativas. O que significa isto para vocês? 

Significa muito para o futsal português. Foi importante termos conseguido um título destes, que era um objetivo e finalmente conseguimos.

Também é importante para os atletas sentirem que as marcas apostam noutras modalidades para além do futebol? 

Com certeza que sim. Quando comecei a jogar futsal… Ou melhor, desde de há cinco anos atrás, nunca pensei que a New Balance fizesse sapatilhas de futsal. É mais uma marca que nós jogadores podemos usufruir. Estou muito satisfeito com os ténis, inclusive, fui mesmo campeão europeu com umas New Balance. Mas essas estão bem guardadas na vitrina lá de casa…

O quão importante é o calçado para um jogador de futsal?

Um jogador de futsal tem de se sentir confortável a jogar. Até mesmo por causa da postura e da nossa saúde.

No fundo, os pés são a vossa ferramenta de trabalho…

Sim, exato. Os pés, as pernas… O nosso corpo todo. É importante termos um bom calçado. A New Balance falou comigo e deixaram-me à vontade para melhorarmos a sapatilha. E não sou só comigo. Com os restantes atletas é igual.

Falou nas sapatilhas que tem guardadas na vitrina, aquelas com as quais marcou aquele golo tão importante. Ainda se lembra das primeiras?

Eram verdes… (risos). Foram as primeiras sapatilhas New Balance que calcei logo no início da época. Depois, a meio da temporada, a New Balance lançou um modelo novo para o Europeu. Eram brancas e azuis, e foi com essas que marquei os golos no Europeu e que fui campeão da Europa.

Notícias ao MinutoBruno Coelho revela-se feliz por fazer parte da história do futsal nacional. © Notícias ao Minuto

Ainda pensa muito nesse golo?

Em casa, ainda revejo o golo. (risos) Vou ao YouTube e vejo o golo várias vezes. Até há um clip feito pela Federação [Portuguesa de Futebol] que tem o momento exato do golo em slow motion. Vejo-o várias vezes e faço questão de o meu filho ver e dizer: 'Olha, foi o pai que marcou'. É a minha forma de lhe tentar passar já o bichinho da bola ou do futsal, para ver se ele começa a seguir as pisadas do pai.

Naquele momento de atirar à baliza, o que lhe passou pela cabeça?

A bola só poderia passar por ali. No futsal temos que agir em curto espaço de tempo e qualquer falha poderá ser comprometedora. Temos de estar sempre 100% concentrados. Tenho falado muito depois do golo, até com alguns colegas, e vários amigos perguntam-me: 'Fechaste os olhos e chutaste?' ou 'Foi sorte?'. Não, não foi sorte. Se bem se lembram, meses antes, na pré-época do Benfica, na Masters Cup, nós jogámos contra o Barcelona. O guarda-redes deles é o Paco Sedano, o mesmo da seleção espanhola, e tinha-lhe marcado um livre de dez metros para o lado contrário. Eu pensei: 'Bem, ele vai pensar que vou meter a bola no mesmo lado, portanto tenho que atirar para o outro lado'... Graças a Deus correu bem!

O favoritismo estar do lado da Espanha serviu como motivação extra para vocês?

Sim, claro que sim. Também face ao histórico das duas seleções. E, se não me engano, em nove ou dez finais, a Espanha ganhou sete. Isso demonstra o registo dele.

Esperavam aquela receção no Aeroporto?

Eu esperava uma boa receção, mas não tão calorosa e festiva como se verificou. Foi impressionante. Naquele momento eu e os meus companheiros, posso falar por todos, sentimo-nos no topo do mundo. Quando nos valorizam e o nosso trabalho é reconhecido… é fantástico.

Notícias ao MinutoBruno Coelho é um dos jogadores chave da seleção nacional de futsal.© UEFA / Futsal

A conquista do Europeu e o facto de uma marca como a New Balance também apostar na modalidade são alguns fatores que explicam o crescimento do futsal em Portugal?

Sim. Há mais pessoas nas bancadas. Eu também sou suspeito, porque jogo num clube que, onde quer que vá, está sempre tudo cheio. Onde quer que nós vamos jogar… tem sido fantástico. Até a andar na rua, as pessoas reconhecem-nos, os adeptos do Benfica, do Sporting ou de outros clubes. Tem sido fantástico.

As pessoas pedem para tirar fotografias consigo na rua?

Sim, muitas vezes sim…

E agradecem-lhe?

E agradecem! Já apanhei senhores que me agradeceram muito, que me deram um beijinho e que me abraçaram. E isto é futsal, imagino quando foi com o futebol...

Sente que houve algum equilíbrio em relação ao futebol?

Sim, com certeza que sim. Em relação às outras modalidades, a nossa Federação é a mesma do futebol. Isso acaba por ser uma vantagem em relação às outras modalidades, conseguimos assim equiparar-nos ao futebol. Claro que a nível económico não tanto, mas a nível de adeptos o futsal tem tido ganhos.

Há então aqui um papel importante desempenhado pela FPF?

A Federação tem feito um excelente trabalho. Os resultados apareceram. Fomos campeões da Europa sem nenhum jogador naturalizado. O Azerbaijão, por exemplo, tinha oito jogadores de origem brasileira. Isso só engrandece mais o trabalho que a FPF tem feito. E também não nos podemos esquecer que o jogador mais velho é o Ricardinho, que se não me engano tem 33 anos. A seguir ando eu, o João Matos e o Cary. O resto é tudo miúdos de 22/23 anos e conseguimos todos ter a maturidade suficiente para aqueles momentos em que não fomos tão eficazes.

Está assegurado o futuro do futsal em Portugal?

Claro que sim. Acredito nisso. Cada vez há mais estágios de sub-14, sub-15, sub-16… Eu tenho 31 anos, que os faço agora no dia 1 de agosto, e quando tinha 18 não tinha essa oportunidade. A oportunidade de ir a uma seleção jovem e hoje em dia já existe essa possibilidade. Terem a oportunidade de vestirem a camisola e de participarem em torneios de vários escalões. Para o próprio futsal, é importante a formação ser um ponto muito positivo.

A transmissão de jogos na televisão também é importante para vocês jogadores?

É importante ser em canais aberto. Nem todas as pessoas têm a possibilidade de ter televisão por cabo. Acho que é importante as pessoas poderem acompanhar os jogos em sinal aberto. Até mesmo as redes sociais são importantes.

Portugal tem agora mais responsabilidade no Mundial de 2020?

Sim, acredito que sim. Penso que não haverá muitas mudanças na equipa, mas isso caberá sempre ao selecionador. Apesar de haver muitos jogadores com qualidade, não creio que exisitirão muitas mudanças. Mas atenção, que ainda há o apuramento. Acho que é uma responsabilidade saudável. Se irá aumentar ou não, só o futuro o dirá. Acho que estamos um pouco mais perto e sentimos que ganhámos um pouco mais de respeito por parte das outras seleções.

Poderá ser candidato?

Sim, pode ser um candidato...

E podemos ver o Bruno Coelho marcar o golo decisivo novamente?

(risos) para mim o mais importante é a vitória, naquele momento fui eu, mas poderia ter sido o André Coelho. Ele também marca muito bem os livres de dez metros. O que interessa é que sejamos felizes e que tenhamos esta paixão pelo futsal.

Esse espírito coletivo é um dos segredos do sucesso desta seleção?

Sem dúvida alguma, desde o primeiro ao último dia estávamos apenas preocupados em treinar, jogar e trabalhar. Não houve um único jogador que se preocupasse com um cêntimo ou com o prémio que fosse. Nós só soubemos o [valor do] prémio, aquilo que iríamos receber, só depois da final com Espanha. Até lá, nunca ninguém falou de nada e se preocupou. Estávamos só focados em trabalhar e ganhar.

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