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Fenómeno Islândia: "Miúdos" na rua com um 'piscar de olho' a Portugal

O Desporto ao Minuto foi em busca das 'raízes' do sucesso do futebol islandês e ouviu falar de paixão, 'raça', Las Lagerback e vontade de aprender.

Fenómeno Islândia: "Miúdos" na rua com um 'piscar de olho' a Portugal

Até 2016, a Islândia era visto por muitos adeptos do futebol como um periférico país no norte da Europa, com condições tão severas que mal tinha condições que permitissem a prática da modalidade.

E, em certa parte, não se tratava de mero preconceito. Durante mais de metade do ano, as baixas temperaturas tornavam impossível a manutenção de um relvado capaz de servir de digno ‘tapete’ para um jogo de futebol.

Foi então que, em 2007, com a chegada de Geir Thorsteinsson à presidência da Federação, tudo mudou. Um pouco por todo o país, começaram a ‘nascer’ pavilhões que permitiam que a modalidade se disputasse ao longo de todo o ano. E os resultados não se fizeram esperar.

Em 2011, a seleção islandesa conseguiu o apuramento para o Campeonato da Europa de sub-19. Três anos depois, a equipa nórdica ficou a um passo de se apurar para o Campeonato do Mundo, tendo apenas sido travada no playoff, pela Croácia.

Em 2016, surgiu aquele que, até então, foi o mais alto ponto da história do futebol daquele país: o apuramento para o Euro. Houve quem vaticinasse que seria o ‘saco de pancada’, mas tal esteve longe de corresponder à verdade. Além de empatarem com Portugal (que se viria a sagrar campeão) na jornada inaugural, chegaram aos quartos-de-final, depois de deixarem para trás a poderosa seleção inglesa.

Dois anos depois, novo feito. A Islândia tornou-se na mais pequena nação de sempre a apurar-se para um Mundial, com uma população de apenas 335 mil habitantes, quebrando o recorde de Trindade e Tobago, que lá havia chegado com uma população de 1,3 milhões de habitantes. Na Rússia, não foi além da fase de grupos, mas ainda ‘sacou’ um empate à Argentina de Messi e companhia.

Paixão, 'raça' e Lars Lagerback: as chaves para o sucesso

A grande questão é: como é que um país de tão pequena dimensão chegou a tão grandes palcos? A verdade é que certas dificuldades continuam lá. Em declarações ao Desporto ao Minuto, Hermann Gudmundsson, presidente do Fram Reykjavík, lembra que, ao contrário do que sucede em Portugal, “na Islândia, a maior parte dos jogadores tem um trabalho durante o dia, e, à tarde, são jogadores”.

Para o empresário, a chegada de Lars Lagerback para o comando da seleção, em 2012, foi um momento-chave para dar um passo em frente: “Chegou com novas técnicas, muitas novas regras de disciplina. Não tinha muita flexibilidade para jogadores que quisessem ser mais individualista, acreditava que a equipa tinha que trabalhar em conjunto como uma só. Mudou completamente a mentalidade da Federação e dos clubes. É algo de que ainda estamos a beneficiar”.

“O segredo foi o facto de a equipa estar junta há muitos anos. Os rapazes jogaram juntos nos sub-16, nos sub-18, nos sub-21, há dez anos. São amigos próximos e lutam agressivamente uns pelos outros. Não há super-estrela na equipa, há 11 jogadores de primeira equipa de qualidade semelhante. Os resultados que temos tido têm partido de uma defesa muito disciplinada, assim como do espírito de equipa, que tem sido excelente”, enaltece.

Quanto a Pedro Hipólito, aposta do empresário para o comando técnico do Fram, há que juntar um outro fator. Fator esse que também esteve na base da ascensão de Portugal enquanto uma das maiores potências do futebol global.

“O futebol é a paixão do país. Hoje, aquilo que fazíamos em Portugal há 20 anos, vê-se aqui, que é os miúdos jogarem o dia todo na rua. É um bocado influenciado pela seleção nacional. O futebol é vivido com grande intensidade, os adeptos adoram o seu futebol, e de seguida o futebol inglês, que é a grande referência”, explica.

Tiago Fernandes, atleta do Fram, destaca a própria atitude com que os jogadores encaram o jogo para o sucesso do país: “Eles, por mais que tenham menos qualidade e que as pessoas digam isto ou aquilo, há uma coisa que ninguém lhes pode apontar. Eles correm do primeiro ao último minuto. É a vontade e o compromisso que têm que os leva para a frente”.

Portugal e Islândia... juntos?

Acima de tudo, Pedro Hipólito vê, no futebol islandês, vontade “de aprender, querem melhorar e não estão fechados para isso”. Declarações que encontram eco na posição de Hermann Gudmundsson, que até ‘pisca o olho’ a uma mais estreia relação com Portugal.

“Os clubes islandeses devem ser mais abertos a colaborar com outros países. Portugal é um bom local para começar. Recebi um convite para visitar as instalações do Benfica, ver como um grande clube trabalha foi impressionante. Penso que Islândia e Portugal, sendo dois países pequenos no grande mercado europeu, podem trabalhar juntos para benefício mútuo”, apelou.

Tiago Fernandes sublinha que, se o país “já evoluiu até aqui, tem condições para evoluir mais”. Pedro Hipólito concorda e reforça com um ‘recado’ direcionado a ‘casa’: “O futebol português, neste momento, não me estimula. Há mais guerras, mais conversa, fala-se pouco de futebol. Nos meus objetivos, seja na Islândia ou noutro país, passam por andar fora de Portugal”.

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