Entre 21 e 29 de julho, Portugal vai participar no Campeonato Europeu de Futsal para Pessoas com Diabetes, numa competição que irá decorrer em Bratislava, na Eslováquia.

A competição já existe há cinco anos e a Seleção Nacional marcou sempre presença numa prova em que participam entre 250 a 300 atletas de 18 países. Todos rumam com dois objetivos na mente: alcançar o 'ouro' da vitória e provar que a diabetes não é uma barreira a uma vida física e socialmente ativa.

O Desporto ao Minuto teve a oportunidade de falar com o treinador Bruno Fruzeiro que orienta a equipa das quinas pelo segundo ano consecutivo. Uma seleção composta por atletas não profissionais que têm de superar um desgaste ainda maior, comparativamente aos jogadores remunerados.

"Não há limites para as pessoas com diabetes. Se não fosse um campeonato dedicado a esta doença e o facto de estar tantas vezes presente o nome da diabetes, até acreditaríamos que é um campeonato de futsal a nível profissional. Elas podem fazer tudo o que as outras pessoas conseguem, nomeadamente no desporto e no futsal. Vamos competir diariamente durante uma semana, algo que não acontece na competição a nível profissional, visto que eles competem de dois em dois dias com folgas pelo meio. Estes atletas vão fazer jogos de domingo até sábado, havendo uma folga à quarta-feira. A diabetes não os limita, apenas têm de ter cuidados e uma preparação ligeiramente diferente".

E Bruno Fruzeiro aproveitou para falar um pouco mais sobre os cuidados que existem dentro da equipa: "Como qualquer diabético que pratica desporto, o atleta deve antecipadamente verificar os seus níveis de glicémia, ver se está dentro dos níveis normais e fazer alguma correção caso seja necessário observar os níveis de glicémia. Eles têm de ter consciência que vão praticar desporto e o próprio desporto também altera os níveis de insulina no corpo, sendo que aqui não existe uma regra, porque cada corpo reage de forma diferente".

Acrescentando: "O que nós fazemos no futsal é a medição da glicémia no início de cada treino e conforme nós vamos fazendo paragens para hidratação, eles vão simultaneamente controlando os níveis de glicémia". Em suma, e nas palavras do selecionador nacional é possível ser diabético e ser jogador profissional, independentemente da modalidade que pratiquem.

"O jogador Nacho do Real Madrid tem diabetes e é um dos símbolos que a comunidade gosta de usar para dizer que não há limitações para fazer desporto ao mais alto nível, desde que se tenham os devidos cuidados". À margem da doença, Portugal necessitou de várias ajudas para tornar este sonho numa realidade.

"Nenhum jogador é profissional, nós até costumamos dizer que temos de pagar para andar e tudo o que fazemos é suportado por nós. Aqui não há cheques nem subsídios. Todos têm uma profissão: desde professor universitário, professor numa escola de surf, escriturário até outra série de atividades que estão presentes na equipa". Entre a ajuda de alguns patrocinadores que comparticipam com ajudas a nível de material desportivo e viagens, este projeto conta ainda com colaboração da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (NJA) e a Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP).

A Seleção Nacional é composta por jogadores desde os 21 até aos 49 anos. A idade não é uma limitação, sendo que esta equipa tem as portas abertas para qualquer jovem diabético. "Nós temos uma página de facebook, falamos com diversas entidades, realizamos ações de treino em quase todo o país. Treinos que são de porta aberta e onde aproveitamos para analisar os atletas que vão aparecendo".