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Portugal já foi campeão do Mundo de futebol... com um coveiro a titular

O Desporto ao Minuto decidiu ir à procura do Grupo Desportivo e Cultural de Seiça, emblema do concelho de Ourém, que há um ano se sagrou campeão do Mundo de futebol amador na Letónia. Uma equipa que precisou de pagar para atingir um sonho considerado impossível.

Portugal já foi campeão do Mundo de futebol... com um coveiro a titular

A seleção nacional defronta esta segunda-feira o Irão, num jogo relativo à terceira jornada da fase de grupos do Campeonato do Mundo. Portugal procura alcançar na Rússia um título que nunca conquistou na sua história a nível profissional. Todavia, sentiu essa alegria suprema a nível amador.

O Desporto ao Minuto decidiu ir à procura do Grupo Desportivo e Cultural de Seiça, emblema do concelho de Ourém, que há um ano sagrou-se campeão do Mundo de futebol amador na Letónia. O Seiça nem precisou de jogar a final para se sagrar campeão mundial, uma vez que os israelitas do Hapoel Hasmal Darom não compareceram no local do jogo à hora agendada.

A facilidade da conquista é, contudo, aparente. O emblema do distrito de Santarém teve de sofrer e suar a camisola para atingir este feito inédito. Afinal, foi preciso vencer três jogos para garantir o acesso à final, não esquecendo que o Seiça chegou a Riga à boleia do estatuto de campeão nacional do INATEL.

Portugal derrotou no jogo decisivo os israelitas do Hapoel Bank Leumi. Um triunfo que sorriu às cores nacionais na lotaria das grandes penalidades. Brilhou na baliza um técnico de armazém, de seu nome André Vieira. A defesa foi composta por um ladrilhador, por mais dois técnicos de armazém e um comercial. Já o meio-campo era constituído por um mecânico, um técnico de controlo alimentar e um mestre em gestão hoteleira. Na frente, espaço para um estudante de direito, um solicitador e... um coveiro.

Uma equipa de onze 'heróis' que fazia parte de uma comitiva de 32 elementos. Uma comitiva que precisou de pagar para atingir o sonho. "Chorei após esta conquista. Nós estamos habituados a assistir às vitórias de quem ganha milhões. Nós tivemos de pagar para alcançar o nosso êxito. Nós vivemos na Letónia momentos que, se calhar, nem o Cristiano Ronaldo ainda viveu", referiu, emocionado, o diretor desportivo do clube, André Santos. Acrescentando: "Há equipas nas distritais que pagam aos jogadores. Eu não pago nada aos meus jogadores. O que eles têm connosco é comida, bebida e roupa lavada. Aqui, os jogadores não ganham dinheiro, ganham sim companheirismo e união".

Então como foi possível levar esta conquista a bom porto? "Conseguimos graças à iniciativa dos jogadores. Não tínhamos financiamento nem para a viagem nem para o hotel, mas como tínhamos que dar uma resposta, acabámos por vender rifas, fizemos torneios de sueca, noites de fado, tudo e mais alguma coisa para juntar esse dinheiro e conseguimos", reconheceu o presidente do clube, Fernando Silva, conhecido no Seiça como o 'Tio Patinhas'.

"[risos] Deve ser pelo facto de ser um pouco agarrado. Não gosto de esbanjar o dinheiro, prefiro ser mais poupado, não abrir os cordões à bolsa à toa, porque sem poupar os resultados do clube seriam catastróficos. Não se pode ter 'bar aberto', apenas oferecer umas 'minis' de vez em quando".

E por falar em bebida, a primeira refeição na Letónia gerou logo uma história para contar para a posterioridade. "Alguns jogadores decidiram ir ao McDonald's. Estava lá o responsável pelo departamento de futebol do torneio. Ele decidiu ir falar connosco e perguntou o que estávamos ali a fazer e pouco depois diz-nos: 'A comer isso? É que a comer isso não ganham!”, referiu João Quartau, conhecido como JP, uma das vedetas do G.D de Seiça e que já esteve ao serviço das camadas jovens do Fátima. Na altura, Rui Vitória era técnico do seniores.

A viagem a Riga terminou com um feliz final feliz, mas, além das adversidades em campo, a formação em representação de Portugal teve de dobrar o cabo de tormentas a nível de logística: o hotel de três estrelas onde eram para ficar alojados não tinha a reserva da comitiva lusa, o que obrigou a uma mudança de última hora para um hostel. Hostel esse que nem tinha sala de refeições. Resultado? Os jogadores e staff técnico acabaram por fazer as refeições nos quartos e nos corredores do alojamento.

No final tudo valeu a pena. "No voo de regresso tivemos mais um imprevisto e viemos em voos diferentes: metade chegou à 15 horas e o resto só às 23 horas. Mas ficámos estupefactos por termos perto de 500 pessoas à nossa espera no aeroporto de Lisboa. São momentos inesquecíveis", recordou o atual técnico de guarda-redes, André Vieira.

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