O impressionante relato de Rui Patrício sobre as agressões em Alcochete

Guardião descreve os momentos de terror vividos no dia 15 de maio.

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Francisco Amaral Santos
01/06/2018 16:30 ‧ 01/06/2018 por Francisco Amaral Santos

Desporto

Crise no Sporting

Na carta de rescisão de contrato que Rui Patrício enviou ao Sporting, o guarda-redes português descreve o clima de terror que se instalou em Alcochete, na passada tarde de 15 de maio de 2018. Na Academia Sporting, jogadores e equipa técnica foram alvo de um episódio que ficará na história do futebol português pelos piores motivos. 

Patrício opta por descrever cronologicamente os momentos ocorrido antes e durante a confusão gerada no centro de treinos do Sporting.

A "estranha" reunião com BdC 

No dia anterior, pelas 18 horas, o plantel do Sporting reuniu-se com Bruno de Carvalho, em Alvalade, com o intuito de refletirem sobre a derrota na Madeira. 

Nessa reunião, que Rui Patrício apelida de "estranha, Bruno de Carvalho começou por questionar os jogadores, dirigindo-se, posteriormente, a Acuña. 

"Aconteça o que acontecer estão preparados para jogar no fim-de-semana?", questionou BdC, antes de centrar atenções para o ala argentino. 

"Acuña, porque fizeste aquilo ao chefe da claque? Logo a ele, tenho um problema tremendo, estiveram a ligar-me a noite toda, os gajos da claque, a dizer que te queriam apanhar, que queriam a tua morada…", afirmou Bruno de Carvalho, referindo-se à troca de palavras entre adeptos e jogadores no Aeroporto da Madeira. 

A terminar, Bruno de Carvalho anunciou ainda a antecipação do treino de quarta-feira para terça-feira: "Amanhã vão treinar à Academia e preparar bem o jogo para ganhar a Taça". 

As horas do terror 

Rui Patrício revelou-se, ao longo do relato, ainda chocado por tudo aquilo que aconteceu naquela tarde infernal. 

"Pelas 17 horas os jogadores foram ao ginásio. Quando acabaram o trabalho de ginásio, foram para o balneário para se equiparem e foi nessa altura que, de repente, começaram a entrar homens encapuzados para dentro do balneário, agredindo os jogadores, elementos da equipa técnica, médica, funcionários e gritando expressões atemorizantes como: 

'Vocês são uns filhos da p***, filhos da p***, c*****!!! Vocês são um monte de m****, vamo-vos matar! Vamo-vos matar! Vocês estão f******! Vamos-vos arrebentar a boca toda! Não ganhem no domingo que vocês vão ver'.' 

Rui Patrício explica ainda que "cerca de 40 indivíduos barricaram os jogadores no balneário" e "lançaram tochas de fumo que dificultavam a visão".

"Entraram a perguntar por determinados jogadores: Acuña, Battaglia, William, por mim...(...) Alguns agressores agarraram o William, bateram-lhe e pediram-lhe para tirar a camisola, porque não era digno dela! Gerou-se uma enorme confusão, os agressores atiraram petardos, agrediram os jogadores a soco, pontapé, com cintos e bastões, arremessaram objectos (a máquina de água foi arrancada e mandada contra o jogador Battaglia)", conta Rui Patrício, recordando ainda o estado de Jorge Jesus e Bas Dost.

"Jorge Jesus sangrava, Bas Dost na marquesa também a sangrar, jogadores em pânico, vários funcionários e Manuel Fernandes desorientados…", recorda. 

Patrício saiu em defesa de William 

Rui Patrício conta ainda aquilo que viveu de perto com o outro capitão de equipa: William Carvalho. 

"Primeiro mandaram tochas para dentro do balneário, depois entraram e começaram a agredir os jogadores e a ameaçar. Eu estava perto do William, quando uma pessoa agride o William, eu meto-me à frente para o separar do William, e ele agarra-me o braço e tenta torcê-lo e meter atrás das costas e a empurrar-me. Consegui tirar o braço, depois veio outro e pára à minha frente, quando diz ‘queres-te ir embora filho da p***’, ‘partimos-te a boca toda’, e faz o gesto como me fosse agredir. Depois aparece o Salin e afasta-o", relata. 

Um trauma para a vida 

Rui Patrício diz-se ainda traumatizado com o tudo o que sucedeu naquela tarde, afirmando mesmo que chegou a temer pela própria vida. 

"A verdade é que todos tememos pela nossa vida. A partir de determinada altura, o descontrolo era tal que senti que podia não sair dali com vida. Ainda hoje acordo de noite, em sobressalto, com as imagens de horror que retive e revejo, não consigo pensar em voltar àquele local."

A conclusão 

Rui Patrício termina o relato dos factos ocorridos naquela tarde com uma conclusão em que condena a forma como o Sporting agiu abaixo do esperado para garantir a segurança dos jogadores

"Estamos perante factos que de forma muito clara apontam para que se tratou de uma ação concertada, preparada e que era previsível, não tendo o Sporting agido da forma que lhe era exigido para evitar o sucedido e garantir as condições de segurança dos jogadores", termina Rui Patrício. 

(Pode ler aqui a carta de Rui Patrício, na integra, que conta com 34 páginas). 

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