Edgar Ascensão diz que “foi a cereja no topo do bolo”, quando um jornalista de “um dos jornais mais mediáticos do mundo” lhe enviou um e-mail para poder utilizar o seu trabalho num artigo. Foi assim que o ilustrador, que vive na Amadora, viu o seu nome entre quatro artistas em destaque no The New York Times com a criação de um poster alternativo para o filme ‘Get Out’ (‘Foge’, 2017).

Licenciado em Multimédia e Audiovisuais, Edgar é Repórter de Imagem na SIC e complementa esse trabalho com outra paixão, a que envolve cinema e ilustração: cartazes alternativos para filmes (e também séries).

Comecemos pelo início. Os cartazes de filmes que vemos à entrada dos cinemas são o ‘convite’ para entrar mas são também uma forma de arte, com décadas de evolução e reinvenção.

Sendo o cinema uma arte para os seus fãs, foram estes mesmo que, no início deste século, começaram a apresentar as suas próprias ideias para ilustrar o que se vê no grande ecrã. E é aqui mesmo que se pode, talvez, traçar uma linha entre o cartaz de cinema comercial e o cartaz alternativo, conceptual, criado pelo fã: o segundo toca mais a quem já viu o filme. Embora nenhuma das artes tenha que ser mutuamente exclusiva.

Edgar tem recebido um feedback muito positivo do seu trabalho através do Twitter, onde estão a maior parte dos atores, realizadores, produtores e estúdios de cinema. Um dos seus posters que mais atenção captou online foi ‘Moonlight’ (2016), sendo até partilhado por Barry Jenkins, o realizador. “É um poster para quem viu o filme”, explica Edgar, falando sobre as três cores que representam as três partes da longa-metragem vencedora do Óscar de Melhor Filme de 2017.

Ao longo de oito anos de trabalho, no entanto, Edgar já foi agraciado com outras honras: ter seis cartazes seus numa edição impressa do artbook ‘Poster Spy’ ou ter um cartaz seu numa edição especial comemorativa de ‘Taxi Driver’ (1976), editado em França a propósito dos 40 anos do filme.

O designer foi ainda convidado a fazer algumas exposições, como a ‘Posters com Ciência’, onde ilustrou 25 filmes de acordo com o avanço tecnológico ou de conhecimento que a própria história trata. Esteve em exposição no Centro de Ciência Viva do Lousal, em Grândola e está agora no Centro Ciência Viva de Lagos e de lá seguirá, depois, para outras cidades do país. 

Sobre o trabalho de designer, Edgar destaca o cartaz do filme de Steven Spielberg, ‘Ready Player One’, da autoria de Paul Shipper. “Esse autor começou como todos os designers”, esclarece, sublinhando que esta é uma arte que, muitas vezes, sobressai no passa-palavra feito online. Shipper, que "tinha já feito uma versão para cinemas Dolby do cartaz de 'The Last Jedi'", criou para a nova longa-metragem sci-fi de Spielberg uma ilustração feita à  mão que bebe da mesma nostalgia do próprio filme.

Ao contrário das intenções dos posters mais comerciais, onde vigora, muitas vezes, o excesso de informação (“se aparecem trinta atores no filme, colocam 30 atores no poster”), há trabalhos de ilustradores que são vistos como obras de arte e de colecionador, existindo até edições exclusivas, numeradas pelos autores. “É uma obra de arte para ter em casa, ao invés de uma pintura, pode ser a representação de um filme”, acrescentou.

Edgar Ascensão tem um perfil no Facebook onde apresenta grande parte do seu trabalho, ‘Posters Caseiros’, e uma conta de Twitter e um arquivo. Nos dois locais é possível encomendar cartazes, assim como através deste email: edgar_asc@hotmail.com.

Para quem quiser ver de perto os seus posters, terá que aguardar pelos eventos onde o designer está presente, que são anunciados através da página. De qualquer forma, excetuando edições especiais, os posters A2 têm um custo de 10 euros e os A3 um custo de 5 euros (sem incluir portes de envio).