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Talkfest: "Quando os festivais alavancarem a qualidade, aumentará preço"

A 7.ª edição do Talkfest - International Music Festivals Forum decorre na próxima quinta e sexta-feira, em Lisboa. O diretor, Ricardo Bramão, reforça a importância da reunir num único momento todos os intervenientes na realização de um festival de música.

Talkfest: "Quando os festivais alavancarem a qualidade, aumentará preço"
Notícias ao Minuto

11:30 - 14/03/18 por Anabela de Sousa Dantas

Cultura Ricardo Bramão

"Há muita coisa para melhorar, mas também há muita coisa bem feita". Ricardo Bramão, diretor do Talkfest – International Music Festival Forum, é perentório ao falar sobre os festivais de música realizados em Portugal.

Aproximando-se o início da 7.ª edição do Talkfest, que recebe a indústria nacional e internacional relacionada com organização de festivais, o responsável falou com o Notícias ao Minuto sobre alguns pontos que estarão em discussão no evento.

"É o único evento, dentro desta área, que consegue estar de forma contínua aglutinar toda a indústria”, indica Ricardo Bramão, referindo-se a “promotores, que são a peça-chave de um festival, mas também os artistas, os municípios, as marcas, os parceiros, os media partners, tudo o que de alguma forma interfere direta ou indiretamente nesta área e que estão aqui reunidos".

O também presidente e fundador da APORFEST - Associação Portuguesa Festivais de Música sublinha que as conferências são “a parte importante do evento”, mas há outros aspetos, como a gala, por exemplo, que vão sendo desenvolvidos para “ligar as pessoas”.

Esta nova edição do evento decorrerá integralmente em Lisboa, nos próximos dias 15 e 16 de março, já tendo sido aqui anunciada toda a sua programação: conferências (com keynote speakers internacionais), apresentações (profissionais/ científicas), seminários, documentários, job fair, assim como os respetivos moderadores e oradores presentes nas mesmas.

O primeiro dia é dedicado aos Iberian Festival Awards e o segundo, além da programação no interior dos auditórios, terá momentos de networking, ativações de marca e duas novidades este ano: exposições e uma after party. No total, estarão presentes no evento 79 oradores e estarão representadas 263 entidades diferentes.

Entre os convidados principais estão Signe Lopdrup (CEO do Roskilde Festival), Pedro Machado (presidente do Turismo do Centro), Tiago Martins (diretor do Leiria Dancefloor,) Vasco Sacramento (diretor do Sons em Trânsito), Bruno Lopes (Brand Manager Super Bock), Eurico João (Rock in Rio), Tomás Wallenstein (Capitão Fausto), André Henriques (Linda Martini), entre outros.

As novas tecnologias ajudam e vão ajudar muito os nossos festivais mas também vão encarecê-los

Um dos temas em discussão, por exemplo, é a aplicação das novas tecnologias aos festivais, por forma a facilitar a vida aos festivaleiros. Bramão sustenta que as “soluções tecnológicas têm-se vindo a implementar em Portugal” mas “com atraso daquilo que se faz a nível europeu”. A introdução de um sistema ‘cashless’ é um exemplo.

“É uma tecnologia em que eu não utilizo dinheiro físico”, explica. “Nós não estamos habituados sequer a essa a palavra, o público internacional é surpreendido por ainda se utilizar dinheiro nos nossos festivais”, acrescenta, referindo que esta atualização obriga a um investimento. “As novas tecnologias ajudam e vão ajudar muito os nossos festivais mas também vão encarecê-los”, alerta.

Ainda assim, vaticina, “este ano vai ser um ano de introdução de novas tecnologias nos festivais e por isso é que parte da programação do Talkfest é dada às novas tecnologias”.

Quando os festivais decidirem todos alavancar a qualidade, os preços dos bilhetes têm de ser muito mais caros

Um outro tema em discussão será a promoção de festivais com artistas portugueses, por muitas vezes “não se conseguir valorizar o produto”. “Se for uma banda internacional, nomeadamente uma banda que está em airplay nas rádios, na televisão e ganha prémios internacionais, consegue-se dar facilmente 40 ou 50 euros por aquele artista, mas dar 5, 6, 7 euros por um festival que é recheado de bandas portuguesas já há maior dificuldade”, exemplifica.

De uma forma geral, Ricardo Bramão elucida que, no que diz respeito a festivais portugueses, “há muita coisa para melhorar, mas também há muita coisa bem feita”.

“Não nos vamos esquecer, nós temos muito poucas incidências por festival no nosso país. Se nós, comparativamente, percebermos o que acontece no Reino Unido, que é o país da Europa com mais festivais, o que é feito na América do Sul, nos próprios Estados Unidos, na Austrália, onde há várias incidências, nós até fazemos muito com pouco”, sublinha.

Se por um lado, “a nível de infraestruturas, há muita coisa para melhorar”, Bramão frisa que é preciso entender que “quando os festivais decidirem todos alavancar a qualidade”, algo que está a ser feito progressivamente, “os preços dos bilhetes têm de ser muito mais caros”.

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