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João Barrento propõe integrar obra 'Llansoliana' no ensino universitário

O ensaísta e especialista na obra da escritora Maria Gabriela Llansol, João Barrento, defende que esta deveria ser estudada na universidade, e considera que tal não acontece devido à "degradação" e "abaixamento" do nível de ensino e das Humanidades.

João Barrento propõe integrar obra 'Llansoliana' no ensino universitário
Notícias ao Minuto

20:25 - 02/03/18 por Lusa

Cultura Humanidades

Por ocasião dos dez anos da morte da escritora, que se assinalam sábado, 03 de março, João Barrento lamenta a pouca importância dada no meio académico a uma autora de escrita tão "diferente, profunda, abrangente e relacional", que "dá a ver e que pensar".

"A presença da Obra de Llansol na Universidade poderia e deveria ser uma realidade -- coisa que não acontece neste momento (como já aconteceu antes), porque é evidente a degradação e o abaixamento do nível do ensino universitário em geral, e nas Humanidades em particular", afirmou à Lusa.

Tradutor e ensaísta, foi professor universitário e é especialista na obra e vida da autora de "Lisboaleipzig", que o incumbiu de tratar do seu espólio.

Reconhece que um modo de escrita "tão avesso à narrativa e aos enredos ficcionais", apesar de também "contar histórias (e sobretudo ler a grande História), não poderá apelar tanto para o chamado 'leitor comum'".

Mas salienta "o facto de a sua obra ser reconhecida como uma das mais originais da nossa literatura contemporânea".

Tal é, "a ponto de Eduardo Lourenço ter afirmado um dia que Llansol será 'o maior mito literário do século XX português, depois de Pessoa'", o que -- na sua opinião -- "tem certamente a ver com o fascínio da sua linguagem e a carga de 'enigmas abertos' que ela transporta".

O responsável fala da riqueza da obra 'Llansoliana' -- considerando não só a publicada, mas todo o seu espólio escrito, em grande parte inédito -, consubstanciada "em cerca de 34 mil páginas manuscritas (também datilografadas) em duas séries de cadernos, agendas blocos, dossiers, diários, papéis avulsos, ou marginalia escrita nos livros da sua biblioteca".

"Mas não é apenas quantitativamente que este espólio é de facto excecional. A qualidade tão particular da escrita de Llansol manifesta-se em qualquer página de caderno ou papel avulso: é mais feita de imagens que de ficções, é mais sensível que abstrata, vem mais do corpo do que da reflexão", afirmou.

Como escreveu a própria autora das trilogias "Geografia de Rebeldes" e "O Litoral do Mundo", num dos diários publicados, "escrever é o duplo de viver".

Maria Gabriela Llansol estreou-se com "Os Pregos na Erva" (1962), seguindo-se títulos das trilogias - "O Livro das Comunidades", "A Restante Vida", "Na Casa de Julho e Agosto", "Causa Amante", "Contos do Mal Errante", da "Da Sebe ao Ser" -, somando-se depois obras como "Um Beijo Dado Mais Tarde", "Lisboaleipzig 1: O Encontro Inesperado do Diverso" e "Lisboaleipzig 2: O Ensaio de Música", "Onde Vais Drama Poesia?" ou os diários "Um Falcão em Punho" e "Finita".

Grande parte da sua obra encontra-se publicada atualmente pela Assírio & Alvim e a Relógio d'Água.

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