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Antológica de Paulo Quintas mostra a "construção da pintura"

Uma exposição antológica da obra de Paulo Quintas, que mostra as técnicas e formas como tem "construído a pintura", sobretudo abstrata, ao longo dos últimos 30 anos, vai ser inaugurada na sexta-feira, na Cordoaria, em Lisboa.

Antológica de Paulo Quintas mostra a "construção da pintura"
Notícias ao Minuto

16:37 - 21/02/18 por Lusa

Cultura Exposição

'Construo pinturas, não pinto pinturas', comentou o artista, em entrevista à agência Lusa numa visita ao espaço, onde está a ser ultimada a colocação de cerca de uma centena de obras, começando pelos anos 1980.

'Todos os títulos estão errados' é o título desta mostra, com curadoria de Isabel Carlos, revelando uma "total resistência" de Paulo Quintas "à interpretação das obras".

"As obras querem ser olhadas mas não querem palavras", apontou a curadora sobre o trabalho do artista, de 52 anos, nascido na Ericeira, licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, que vive e trabalha em Santa Rita.

A mostra começa com alguns trabalhos da adolescência do artista, expostos em 'vitrines', e que mostram logo "um vocabulário de formas", e segue para duas obras da primeira exposição individual, de 1989, e continua, no primeiro e segundo piso, em que as décadas se sucedem, embora obras antigas e recentes tenham sido colocadas pontualmente, lado a lado, por ser "um trabalho recorrente, que funciona por ciclos".

"Paulo Quintas trabalha as formas de maneira radical. Quando uma técnica está quase totalmente dominada, muda a técnica. Tem um vocabulário de formas trabalhadas de maneiras distintas, num trabalho sempre marcado pela experimentação", descreveu à Lusa Isabel Carlos, ex-diretora do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.

Nas suas várias séries, Quintas tem explorado registos como o Expressionismo Abstrato, a paisagem, a sinalética, o signo, a geometria, através de técnicas muito diversas, "mas sempre trabalhadas de um modo radicalmente experimental e pictórico".

A curadora decidiu convidar o artista para fazer uma antológica, porque considera que "tem vindo a desenvolver, desde o final da década de oitenta, um percurso artístico sólido e radicalmente individual, impermeável a modismos ou tendências diáfanas, e talvez seja por isso que a sua obra não tem tido a visibilidade merecida".

"Esta obra tem uma imagem autoral fortíssima", acrescentou a curadora sobre o trabalho de Paulo Quintas, que, no segundo piso da exposição, mostra duas grandes mesas de madeira que dão ao público a ideia do ambiente do 'atelier', e exemplificam a forma como costuma pintar: sobre a mesa.

Recorrendo a técnicas e materiais diversos no seu processo de trabalho, nomeadamente tijolos, Paulo Quintas continua a ser um artista com uma obra física: "É importante mostrar, em 2018, um criador com uma obra tão física e, no entanto, tão contemporânea", segundo Isabel Carlos.

No segundo piso, uma única imagem a preto e branco de grandes dimensões, datada de 1983, mostra uma composição da costa da Ericeira, que marca a paixão inicial do artista pela fotografia.

Intitulada "Dilúvio", porque "reúne a destruição e o recomeço", segundo o artista, esta obra foi feita a partir da digitalização e montagem de negativos do início da década de oitenta, com imagens quase abstratas da costa da Ericeira, após um temporal.

Questionado pela Lusa sobre o significado desta antológica na carreira, Paulo Quintas considerou-a "muito importante e especial", pelo recordar de trinta anos de trabalho.

Organizada pelas Galerias Municipais, a exposição é inaugurada na sexta-feira, pelas 18:00, na Galeria do Torreão Nascente da Cordoaria.

O catálogo será lançado com o apoio da Fundação Carmona e Costa e da Documenta, no dia 31 de março, às 17h00, com uma conversa entre Paulo Quintas, a curadora Isabel Carlos e a diretora das Galerias Municipais, Sara Matos.

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