Atriz alegadamente molestada por realizador acusa Berlinale de hipocrisia
Os responsáveis pelo festival de cinema de Berlim (Berlinale) foram hoje acusados de hipocrisia por uma atriz sul-coreana que se queixa de ter sido agredida sexualmente pelo realizador Kim Ki-duk, um dos principais convidados do evento.
© Reuters
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Em entrevista à agência France Press, a atriz, que quer manter o anonimato, queixou-se ter sido agredida e molestada sexualmente pelo realizador durante a rodagem do filme de 2013 'Moebius'.
Kim Ki-duk, 57 anos, é um dos cineastas mais destacados da Coreia do Sul e o seu currículo inclui um Leão de Ouro no Festiva de Veneza por 'Pietá' e um Urso de Ouro no Festival de Berlim por 'Samaritana'. O seu filme mais recente, 'Humano, Espaço, Tempo e Humano', estreará na seleção 'Panorama' da 68ª edição da Berlinale, que abre quinta-feira.
"Acho a decisão de convidar Kim profundamente triste e extremamente hipócrita", disse ela à AFP, garantindo que está devastada. "Kim foi condenado por me assaltar fisicamente durante a rodagem do filme, mas a Berlinale estendeu-lhe o tapete vermelho e elogiou seu apoio ao #Metoo, um movimento contra agressão sexual e assédio", garante.
O diretor da Berlinale, Dieter Kosslick, explicou recentemente que a edição deste ano "colocaria um destaque sobre o assalto sexual no cinema" e serviria como um "fórum" para "contribuir para mudanças reais".
A atriz sul-coreana garante que a rodagem do thriller' 'Moebius', que tem como tema o incesto, a deixou "profundamente traumatizada". O filme esteve proibido na Coreia do Sul por ser considerado obsceno, mas as autoridades acabaram por permitir a estreia após o corte de algumas cenas polémicas.
"Estava a morrer de medo. Tinha medo que voltasse a bater-me se dissesse algo contra ele", declarou.
Não é a primeira vez que a atriz acusa Kim de abusos físicos e sexuais, afirmando que ele lhe bateu durante as filmagens e a obrigou a fazer cenas de nudez e sexo que não estavam no argumento. Em 2017, escondida atrás de um biombo, denunciou o caso numa entrevista em Seul, uma atitude rara num país conservador.
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