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Romance inédito em Portugal de Joseph Roth chega às livrarias

'Confissão de um Assassino', romance do escritor austríaco Joseph Roth (1894-1939), que retrata a Europa do início do século XX, através de um relato de uma noite, chega pela primeira vez a Portugal na próxima semana.

Romance inédito em Portugal de Joseph Roth chega às livrarias
Notícias ao Minuto

18:42 - 02/02/18 por Lusa

Cultura Áustria

Publicado pela editora 2020, através da chancela Cavalo de Ferro, 'Confissão de um Assassino' tem o subtítulo "relato de uma noite" e consiste no relato da vida de um antigo agente da polícia secreta do Czar, feito numa só noite, ao balcão de um restaurante.

Este é considerado "um dos romances mais famosos" de Joseph Roth, jornalista e escritor austríaco judeu, que combateu na Primeira Guerra Mundial e denunciou os avanços do regime nazi, segundo a editora.

Nas suas obras é possível encontrar "um admirável fresco da Europa" das primeiras décadas do século XX, como é o caso deste romance, escrito em 1936, período marcado pela ascensão e afirmação de Hitler, e do nazismo, na Europa.

No entanto, esta narrativa abarca um período anterior, que inclui a Revolução Bolchevique e o ambiente parisiense antes da Primeira Guerra Mundial.

Segundo a editora, 'Confissão de um Assassino' é, "ao estilo dos grandes romances russos, simultaneamente uma poderosa análise da natureza humana e do poder hipnótico do Mal e um retrato vívido e agitado dos modos e dos acontecimentos mais marcantes de uma época, da Revolução bolchevique ao ambiente de Paris que antecede a Primeira Guerra Mundial".

"Uma narrativa emocionante, próxima de Dostoievski na descrição de uma psicologia votada para o Mal", acrescenta.

O protagonista é Golubchik, antigo agente da Okhrana, a polícia secreta do Czar, que, sentado ao balcão de um restaurante russo situado em Paris, ponto de encontro de emigrantes e exilados, se entrega finalmente ao relato sofrido da sua vida.

O início do romance assinala de imediato o espaço da ação: "Há alguns anos, vivi na Rue des Quatre Vents. A minha janela dava para um restaurante russo, chamado Tari-Bari, que ficava do outro lado da rua e do qual eu era frequentador assíduo".

Pouco depois, a narrativa revela o tratamento o que autor faz do tempo.

Dentro do restaurante, onde o protagonista introduz num período de tempo curto outro muito mais lato, o tempo parece ser algo relativo, e muito diferente do dos restaurantes franceses, que cumpriam o horário de funcionamento.

"No restaurante russo, o tempo não tinha qualquer importância. Na parede, havia um relógio de metal. Umas vezes estava parado, outras vezes marcava a hora errada. O seu propósito parecia ser não o de assinalar o tempo, mas o de o ridicularizar".

Sentado ao balcão desse restaurante, Golubchik avança noite dentro, copo após copo, com o relato da história da sua vida e, com esta, a história de uma fuga e de um crime.

Os poucos clientes presentes veem-se embrenhados no percurso deste homem, desde a sua tentativa de reclamar o nome nobre do seu pai, ao encontro com uma personagem misteriosa que ensombrará para sempre o seu futuro, passando pela sua destrutiva história de amor com uma mulher e pelo seu ódio ao meio-irmão.

Joseph Roth estudou Filosofia e Literatura Alemã na Universidade de Viena, mas aos 22 anos alistou-se como voluntário na Primeira Guerra Mundial e acabou por ser feito prisioneiro pelo exército russo, experiência que o marcou profundamente.

Após o fim da guerra, iniciou uma carreira no jornalismo, que o levou a mudar-se com a família para Berlim, depois para Frankfurt e, finalmente, para Paris, em 1925.

O final da vida do escritor foi passado no exílio, em Paris, em vésperas de mais uma guerra mundial. Roth acabaria por morrer em 1939, consumido pelo alcoolismo.

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