A iniciativa, criada em 1949, distinguiu ao longo dos 68 anos de existência artistas como a portuguesa Paula Rego, Frank Auerbach, Patrick Caulfield, David Hockney ou Damien Hirst.

Todos os anos são escolhidos um grupo de talentos emergentes no Reino Unido entre centenas de candidaturas de recém-licenciados.

O painel do júri do ano passado foi composto por pelos britânicos Elizabeth Price e George Shaw e pela franco-alemã Caroline Achaintre.

"Oferecendo suporte e uma plataforma crítica a artistas emergentes, a New Contemporaries é a principal organização deste género a atuar no Reino Unido", disse à agência Lusa o artista nascido em 1995 em Lisboa.

A exposição abre no sábado no espaço Block336, em Brixton, onde permanece até 03 de março, depois de uma passagem em Newcastle no final do ano passado.

"Devido talvez ao prestígio público da organização e ao reconhecimento de artistas previamente selecionados, a exposição anual da New Contemporaries acaba por atrair mais pessoas. A resposta à exposição realizada no Baltic 39 em Newcastle Upon Tyne foi ótima", referiu.

Antigo aluno da Escola Artística António Arrioio, José Rafael Cordeiro instalou-se em Londres em 2014, onde estudou pintura na universidade Wimbledon College of Arts, licenciatura que concluiu no ano passado.

"Optei for fazer uma candidatura diferente, onde o meu domínio artístico fosse refletido por um portfólio de trabalhos invés de uma média de valores. As minhas hipóteses de entrar na universidade à partida seriam melhores, e assim fiz", contou.

O artista enaltece o método de ensino artístico britânico: "Um estudo autodirecionado com uma imensa vertente prática. Uma liberdade invejável. A maior parte do meu tempo no curso foi passada no atelier, discutindo e experimentando. Deu-me a liberdade necessária para desenvolver a minha prática artística numa forma individual e diretamente vocacionada para os meu interesses".

A entrada na Bloomberg New Contemporaries 2017 foi feita com duas pinturas, 'Untitled (Room 3)' e 'Untitled (Cones on sphere)'.

"O meu trabalho negoceia, numa linguagem abstrata ou poética cenários absurdos com recurso a símbolos pictóricos ou sinais de relevância pessoal. Cingindo o insólito e o ordinário, o espaço pictórico é então deliberadamente complexo, heterogéneo. Partindo de certas observações quotidianas e sensações internas, o meu trabalho atenta à exploração e questionamento da individualidade e da imaginação do artista", descreveu.

No ano passado, José Rafael Cordeiro foi também um dos selecionados para a segunda edição do Young Contemporary Talent Purchase Prize, uma exposição de novos artistas organizada pela Ingram Collection.

A Bloomberg New Contemporaries já tinha destacado artistas portugueses em edições recentes Nelson Crespo e Bruno Pacheco (2005), Rita Saramenho (2008), Francisco Sousa Lobo (2007 e 2015).