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Intuição é o principal recurso da coreógrafa Tânia Carvalho para criar

A coreógrafa Tânia Carvalho, cuja obra vai ser alvo de um ciclo que tem início na sexta-feira, em Lisboa, recorre sobretudo à intuição para desenhar as suas peças de dança, com base numa condição de vazio que permita a criatividade.

Intuição é o principal recurso da coreógrafa Tânia Carvalho para criar
Notícias ao Minuto

11:25 - 19/01/18 por Lusa

Cultura Dança

Vinte anos do universo criativo da coreógrafa, que cruza a dança, a pintura, a música e o cinema, vão ser recordados num ciclo de espetáculos que decorre até 04 de março, em três teatros de Lisboa.

O ciclo inclui peças já apresentadas, desde 'Icosahedron', que abre o ciclo, na sexta-feira e no sábado, no Teatro Maria Matos, a '27 Ossos', a apresentar a 03 e 04 de fevereiro, no Teatro São Luiz, e a estreia do filme coreografado 'Um Saco e uma Pedra', musicado por Diogo Alvim, mais uma nova peça, pela Companhia Nacional de Bailado.

Contactada pela agência Lusa sobre o ciclo e o processo criativo do seu trabalho, Tânia Carvalho disse: "Enquanto estou a criar sou muito levada por uma espécie de vazio. Tento criar um vazio em mim para as coisas surgirem, e não partir de uma confusão mental, ou de uma articulação de pensamentos muito elaborada".

"Não tenho muitos temas que me interessam explorar. Sou muito levada pela intuição, por outra forma de pensar sem ser o racional ou articular pensamentos e fazer teorias à volta das peças", acrescentou a criadora, nascida em 1976, em Viana do Castelo.

O ciclo reúne nove peças, sendo a mais antiga de 2008, e apesar de incidir sobre vinte anos de trabalho, não percorre exatamente esse período, "porque seria complicado ir mesmo ao início, já que as peças mais antigas eram mais complicadas de remontar", explicou.

"É a primeira vez que as apresento todas juntas. Elas andaram sempre comigo, este tempo todo. Parece que nunca largo as peças, fico sempre com elas. Mostrá-las ao mesmo tempo vai ser a maior experiência", disse à Lusa.

Sobre o critério de escolha das obras, Tânia Carvalho disse que escolheu as que mais gosta, as que marcaram bastante o seu percurso, ou que foram menos apresentadas ao público.

Nas estreias está o filme coreografado 'Um Saco e uma Pedra', e a nova peça para a Companhia Nacional de Bailado, "Olhos Caídos", que ainda está a ser ultimada.

"A nova peça para a CNB foi uma encomenda do diretor, Paulo Ribeiro, e mistura muitos estilos de dança, a pensar nos movimentos e nos desenhos que o corpo pode fazer. Não há um tema como noutros trabalhos. É uma peça mais das formas, do jogo de formas", avançou à Lusa.

'De Mim Não Posso Fugir, Paciência!' estará no São Luiz, a 31 janeiro e 01 de fevereiro, 'Um Saco e uma Pedra -- peça de dança para ecrã', no Maria Matos, a 06 de fevereiro, 'Movimentos Diferentes', na Biblioteca de Marvila, a 10 de fevereiro.

Será ainda apresentado 'Doesdicon', com o Grupo Dançando com a Diferença, no Teatro Maria Matos, a 15 fevereiro, e, com a Companhia Nacional de Bailado, a nova criação 'Olhos Caídos + 'S' e 'A tecedura do Caos', no Teatro Camões, entre 22 de fevereiro e 04 de março.

Este ano, a coreógrafa vai ser responsável pela direção artística do programa de criações nacionais do Festival Cumplicidades - Internacional de Dança de Lisboa.

"É um desafio diferente porque eu não me imagino a fazer programação. Não quero ser programadora. Mas aceitei por ser só uma vez. Fez-me conhecer melhor o que está a acontecer na área da dança" em Portugal, comentou.

Tânia Carvalho iniciou os estudos de dança na cidade natal, e na década de noventa, prosseguiu estudos artísticos na Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha, na Escola Superior de Dança de Lisboa e no Fórum Dança.

As suas primeiras criações nos domínios da coreografia foram 'A Corte' e 'Inicialmente Previsto', ambas apresentadas no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, esta última distinguida com o Prémio Jovens Criadores 2000, tendo sido apresentada em Sarajevo em julho do ano seguinte.

É autora de várias bandas sonoras das suas próprias coreografias, como por exemplo a de 'Como Se Pudesse Ficar Ali Para Sempre' (2005), e também a de 'Síncopa' (2013).

Outras peças atravessam outras artes, como a pintura, em 'Xilografia' (2016), pelo expressionismo e pela memória do cinema em "27 Ossos".

'Icosahedron' venceu o prémio de melhor coreografia da Sociedade Portuguesa de Autores, em 2011.

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