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'Utopia para Realistas' chegou a Portugal e promete lançar o debate

O historiador holandês Rutger Bregman promete lançar a discussão com a publicação do livro 'Utopia para Realistas'. Na obra defende que a esquerda "perdeu visão e energia" e a "direita visões horríveis e radicais". O livro já está em Portugal.

'Utopia para Realistas' chegou a Portugal e promete lançar o debate
Notícias ao Minuto

12:19 - 18/01/18 por Lusa

Cultura Rutger Bregman

"Eu não vejo esperança na esquerda contemporânea. Atualmente, a esquerda só sabe contra quem deve opor-se. É importante saber estar contra, mas também é importante saber em que assuntos se está a favor", disse à Lusa o autor do livro 'Utopia para Realistas' recentemente traduzido para português e publicado este mês pela Bertrand Editora.

Para o historiador Rutger Bergman, 30 anos, "há exceções", mas na Europa o fenómeno é igual em muitos países: os socialistas estão a perder na Alemanha, Noruega ou na Holanda e sublinha que o fenómeno "não é uma coincidência".

A energia política - e os Estados Unidos são o grande exemplo - assim como a maior parte das "grandes ideias utópicas" concentram-se nos partidos de direita, refere.

"A direita tem visões horríveis e radicais, mas são ideias claras e muito precisas: a construção de um grande muro, a expulsão de emigrantes ou o Brexit, o que era impossível de imaginar há 20 anos. Pode dizer-se que o Brexit foi uma utopia que foi concretizada e a política é isso mesmo: provocar uma ideia radical e concretizá-la", afirma Bregman.

O autor considera que as grandes mudanças começam quase sempre nas franjas da sociedade e só depois chegam ao centro e explica que a ideia central do livro é a de que todas as épocas e civilizações foram marcadas por ideias utópicas e irrealistas como o fim da escravatura, democracia, direitos iguais para homens e mulheres ou Estado de Bem-Estar.

"Ao longo da História a utopia tornou-se realidade, mas o grande problema da atualidade e da minha geração - não é termos alcançado a utopia - é não termos qualquer visão sobre o ponto para onde vamos a seguir", alerta o autor que se dedica ao estudo sobre a erradicação da pobreza.

Nesse sentido propõe medidas como a introdução do pagamento de um salário base para todos os cidadãos, semanas de trabalho de 15 horas e flexibilidade fronteiriça.

"Erradicar a pobreza nos Estados Unidos custaria apenas 152 milhões de euros, menos de um por cento do Produto Interno Bruto (PIB). É sensivelmente um quarto da despesa militar norte-americana. Ganhar a guerra contra a pobreza seria uma pechincha quando comparada com as guerras no Afeganistão e no Iraque, que um estudo de Harvard estimou terem custado 3,6 a 5 mil milhões de euros" , escreve Bregman no livro que reflete também sobre o sistema bancário e a crise que marcou os últimos anos.

"Ainda estou chocado com a crise financeira (2008). A visão dos políticos na Alemanha ou do meu país (Holanda) é tão limitada e tão condicionada pelos tecnocratas que criaram todo este problema ao introduzirem o euro e as desigualdades entre o norte e o sul. Depois vieram com moralidades ao afirmarem que a culpa está nos países do sul como foi o caso do ex-presidente do Eurogrupo", afirmou.

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