Gallimard recua na intenção de editar textos antissemitas de Céline
A editora francesa Gallimard anunciou hoje que já não vai editar três textos antissemitas do escritor Céline, depois de várias semanas de polémica por causa deste plano editorial.
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Cultura Editora
"Em nome da minha liberdade de editor e da minha sensibilidade em relação ao meu tempo, suspendo este projeto, por entender que não estão reunidas as condições metodológicas e de memória para o fazer serenamente", afirmou o editor Antoine Gallimard à agência France Press.
Em causa estão três textos panfletários de Céline, considerados antissemitas, editados originalmente entre 1937 e 1941: 'Bagatelles pour une massacre', 'L'Ecole des cadavres' e 'Les beaux draps'.
Há cerca de um mês a editora Gallimard revelou que tencionava reeditá-los numa "edição crítica" e "sem complacências", depois de ter obtido um acordo com a viúva de Céline, Lucette Destouches, atualmente com 105 anos.
A intenção da Gallimard originou um debate intelectual e político em França, que acabou por envolver o primeiro-ministro, Édouard Philippe, que defendia uma contextualização da edição: "Há excelentes razões para detestar o homem, mas não se pode ignorar o escritor nem o seu lugar central na literatura francesa", afirmou.
Serge Klarsfeld, responsável por uma associação de descendentes de judeus deportados em França e conhecido por defender a memória do Holocausto, foi uma das vozes que pediu a proibição da reedição, por considerar que os textos de Céline podem incitar ao ódio racial e ao extermínio dos judeus.
Ainda antes de estalar a polémica, Antoine Gallimard justificava a edição dizendo que os panfletos de Céline "pertencem à história do mais infame antissemitismo francês", pelo que "condená-los à censura" seria impedir que se conheçam as suas raízes.
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