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"Boa noite, senhoras... e senhores que restam". O monólogo dos Globos

A 75.ª edição dos Globos de Ouro abriu com o habitual monólogo acutilante, própria desta cerimónia menos formal. O apresentador Seth Meyers não foi tímido nas piadas e tocou na ferida (ainda) aberta em Hollywood. Harvey Weinstein, Kevin Spacey, Donald Trump e Woody Allen foram alvos.

"Boa noite, senhoras... e senhores que restam". O monólogo dos Globos
Notícias ao Minuto

03:00 - 08/01/18 por Anabela de Sousa Dantas

Cultura Gala

Seth Meyers foi o apresentador escolhido para uma edição de Globos de Ouro que deixará marca. É uma das duas noites do ano onde a nata do entretenimento norte-americano desfila na passadeira vermelha para coroar as produções que se destacaram nos últimos doze meses e uma importante antecâmara dos Óscares. Este ano foi palco da primeira gala da indústria cinematográfica após o escândalo dos assédios sexuais espoletado pelo caso Harvey Weinstein.

Numa noite onde as mulheres (e homens) vestiram de preto numa voz uníssona de protesto contra o assédio no local de trabalho, mas também contra a desigualdade, Seth Meyers optou por dedicar o seu monólogo de abertura aos homens de Hollywood.

“Boa noite, senhoras e senhores que restam”, atirou o apresentador, logo no início do discurso. “Estamos em 2018, a marijuana é finalmente permitida e o assédio sexual finalmente não é”, continuou.

O apresentador dirigiu-se, depois, aos homens nomeados: “Esta é a primeira vez em três meses em que não vai ser absolutamente aterrador ouvir o teu nome lido em voz alta”.

Reconhecendo que, num ano de “homens poderosos” com “comportamentos terríveis”, continua a ser um homem a apresentar os Globos, Seth Meyers brincou que, “se servir de consolação”, é um homem sem qualquer poder em Hollywood.

“Nem sequer sou o Seth mais poderoso na sala esta noite. [Olha para Seth Rogen] Lembram-se quando era ele a criar problemas com a Coreia do Norte? Bons tempos”, atirou, referindo à controvérsia em torno do filme ‘The Interview’, em 2014, banido na Coreia do Norte.

A Associação de Imprensa Estrangeira, organizadora dos Globos de Ouro, recebeu um agradecimento e foi o mote para introduzir Donald Trump no discurso: “Três palavras [Associação de Imprensa Estrangeira] que não poderiam ter sido melhor desenhadas para enfurecer o nosso presidente. A única coisa que o poderia deixar mais zangado seria Associação Salada Mexicana Hillary Clinton”.

Harvey Weinstein foi, obviamente, mencionado, como “o elefante que não está presente na sala” e que irá “voltar em 20 anos para ser a primeira pessoa a ser apupada no 'In Memoriam'”, o obituário, uma piada que gerou uma onda tímida de risos desconfortáveis.

Mas o espetáculo continua, disse Meyers, afirmando estar muito contente com uma nova temporada de ‘House of Cards’: “O Christopher Plummer também está disponível para isso? Espero que ele consiga fazer um sotaque sulista porque o Kevin Spacey definitivamente não conseguia”. O coro de vozes surpresas não o demoveu: “Ó, fui muito maldoso… com o Kevin Spacey?”.

Recorde-se que Kevin Spacey é um dos atores que acabou na berlinda por envolvimento em acusações de assédio sexual. O ator era a personagem principal do filme ‘Todo o Dinheiro do Mundo’, de Riddley Scott, e acabou por ver as suas partes substituídas na íntegra por Christopher Plummer.

Ao falar de ‘A Forma da Água’, de Guillermo del Toro, “um filme belíssimo”, Meyers atentou: “Tenho de confessar que quando ouvi falar de um filme onde uma jovem inocente se apaixonava por um monstro marinho nojento pensei: ‘Ó pá, mais um filme do Woody Allen’”.

Numa nota final: a (pouco) discreta sugestão de Meryl Streep para presidente dos Estados Unidos, com Tom Hanks como vice-presidente.

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