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Exposição: Soares procurava "algo sobre si próprio" nas fotografias

O antigo Presidente da República Mário Soares apreciava fotografias e costumava olhar para as suas imagens "à procura de algo sobre si próprio", recordou hoje o curador da exposição sobre o funeral de Estado, há um ano.

Exposição: Soares procurava "algo sobre si próprio" nas fotografias
Notícias ao Minuto

20:50 - 07/01/18 por Lusa

Cultura Cemitério Prazeres

A galeria de exposições temporárias da capela do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, vai ter patente, até 10 de junho, a mostra 'A Cerimónia do Adeus - O Funeral de Estado de Mário Soares Visto pelos Fotógrafos', com 49 fotografias de fotojornalistas portugueses que acompanharam, há um ano, as cerimónias fúnebres do ex-chefe de Estado.

"Foi um grande ritual do Estado e ao mesmo tempo uma espécie de liturgia cívica", comentou hoje José Manuel dos Santos, curador da exposição e organizador da cerimónia de há um ano.

José Manuel dos Santos, que trabalhou com Mário Soares durante mais de 20 anos e de quem foi amigo por mais de quatro décadas, considerou que "o funeral foi uma espécie de leitura da vida dele, tem os símbolos e os valores da vida dele".

"Por isso, esta exposição reflete a vida dele, mais do que a morte", referiu, em declarações aos jornalistas.

Na mostra, Soares é "o grande ausente presente", mencionou.

"Ele não está, a não ser nalgumas fotografias que apareceram nos edifícios ou que algumas pessoas trouxeram na mão, ele é o grande ausente presente desta exposição. Nós poderíamos ter começado a exposição com uma fotografia dele, que não fosse a do funeral, mas achámos que esta exposição tem a intensidade e a força da presença dele e não precisa disso", afirmou.

Mário Soares, descreveu, "gostava de ver fotografias, gostava de ser fotografado e gostava de ver as fotografias depois".

Apreciava observar a natureza e paisagens, mas também retratos de pessoas.

"Mário Soares era um homem que achava que a política era feita com pessoas e para as pessoas e que o melhor político era aquele que tinha a argúcia e a sensibilidade para perceber o que as pessoas queriam, e que às vezes não diziam, para perceber as expectativas, os anseios", contou.

"Em relação às suas próprias fotografias, muitas vezes o vi olhar para elas como se procurasse que elas lhe dissessem alguma coisa sobre si próprio, alguma coisa que ele não sabia. Às vezes usava essas fotografias para dialogar connosco sobre si próprio", recordou.

A inauguração da exposição fez parte de um tributo a Mário Soares, um ano depois da sua morte, organizado pela Câmara de Lisboa.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, e o presidente do município lisboeta, Fernando Medina, visitaram a exposição e, no final, deixaram mensagens no livro de honra.

Durante a visita à exposição, o curador ia explicando as fotografias, indicando onde ou como foram tiradas e quem era o autor.

"Esta é de uma beleza!", dizia o Presidente sobre uma imagem, enquanto em relação a outra questionava: "Isto é onde? Ah, sim, ao pé da Igreja de São Julião".

Durante grande parte da visita, Rebelo de Sousa tinha ao seu lado uma neta de Mário Soares. A criança surge numa das fotografias com um ar triste durante o funeral do avô.

Ao observar a foto, da autoria do fotojornalista da Lusa António Cotrim, o Presidente abraçou a criança e deu-lhe um beijinho na cabeça.

Antes, numa intervenção na capela do Cemitério dos Prazeres, o presidente do município da capital, Fernando Medina, destacou que a exposição apresenta "imagens de uma imensa beleza, de um intenso simbolismo e de uma notável qualidade estética, mostrando como este grande ato simbólico e este ritual cívico constitui uma leitura da vida de Soares, e como honrou a nossa República e dignificou a nossa democracia".

Medina dirigiu um agradecimento a José Manuel dos Santos, dizendo que se deve "ao seu sentido cívico e à amizade por Mário Soares este momento".

"Sabendo que nos presta a todos coletivamente um serviço", acrescentou.

Também os filhos de Mário Soares, João e Isabel Soares, agradeceram o trabalho do antigo assessor do seu pai.

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