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Galeria parisiense quer "descobrir outra vez" a pintura de Arpad Szenes

A galeria parisiense Jeanne Bucher Jaeger, que revelou a artista Maria Helena Vieira da Silva, em Paris, vai fazer uma exposição com obras do pintor Arpad Szenes, o companheiro de Vieira da Silva, de 12 de dezembro a 20 de janeiro.

Galeria parisiense quer "descobrir outra vez" a pintura de Arpad Szenes
Notícias ao Minuto

14:00 - 29/11/17 por Lusa

Cultura Pintura

O objetivo é fazer "descobrir outra vez" a obra do artista húngaro, nomeadamente um autorretrato e um retrato de Vieira da Silva, com quem viveu em Paris, explicou à Lusa Véronique Jaeger, diretora-geral da galeria.

"Muita gente quer descobrir outra vez a obra dele. Arpad Szenes beneficiou de uma atenção muito forte em França, mas é verdade que temos de mostrar as suas pinturas outra vez", afirmou a responsável da galeria parisiense, que tem promovido o trabalho de Arpad Szenes com várias exposições monográficas e coletivas desde os anos 30.

A exposição, intitulada "Plénitude aux confins de l'existant" ["Plenitude nos confins da existência"] vai reunir cerca de 50 obras, "de todas as épocas", no ano do 120.° aniversário do nascimento de Arpad Szenes, nomeadamente telas das séries de banquetes e de retratos, assim como várias paisagens, impregnadas de "poesia".

Um "artista bastante atual" que é preciso "mostrar", acrescentou Rui Freire, diretor da galeria.

"Arpad Szenes é um artista que, a meu ver, é bastante atual em termos de escolhas estéticas de cor e de maneira de construir a pintura, também, porque há um certo modo silencioso na sua maneira de trabalhar e no seu trabalho que eu acho que é importante hoje", afirmou.

A galeria francesa, fundada em 1925 por Jeanne Bucher, teve um papel de destaque na carreira de Arpad Szenes e de sua mulher, Vieira da Silva, tendo a "amizade" entre o casal e a galerista começado em 1932.

"Vieira da Silva é uma das artistas que ficou mais tempo com a galeria. É uma artista que tem uma ligação muito íntima com a galeria. Sim, era uma amiga, era uma amiga dos meus pais também", contou Véronique Jaeger, a bisneta de Jeanne Bucher.

A diretora-geral acrescentou que, no tempo da bisavó, "Vieira foi muito mais conhecida que Arpad" e que, "quando um comissário de exposição queria ver as pinturas de Arpad", ele queria sempre mostrar as pinturas da mulher.

Uma simbiose criativa que poderá também ser vista, de 28 de abril a 20 de agosto do próximo ano, no Centro Pompidou de Metz, no norte de França, na exposição "Couples Modernes" ["Casais Modernos"], que vai mostrar obras de Vieira da Silva e Arpad Szenes, entre outros casais de artistas como Pablo Picasso e Dora Maar, Sonia e Robert Delaunay, Man Ray e Lee Miller.

A galeria Jeanne Bucher Jaeger, que promove também o trabalho dos artistas portugueses Miguel Branco e Rui Moreira, tem dois espaços em Paris, um em Saint-Germain e outro no Marais, e vai abrir um novo espaço no Chiado, em Lisboa, em finais de janeiro.

Atualmente, a galeria tem patente a exposição "Le Féminin Demeure (O Feminino Persiste)", na qual há várias telas de Vieira da Silva, ao lado de trabalhos de Magdalena Abakanowicz, Zarina Hashmi, Vera Pagava, Louise Nevelson, Fabienne Verdier, Claude de Soria, Yamamoto Wakako e Antonella Zazzera.

Nascido em Budapeste, na Hungria, Arpad Szenes entrou, em 1918, na Academia Libre de Budapeste, fez uma primeira exposição em 1922, no Museu Ernst, e depois viajou pela Europa, tendo-se instalado, no final dos anos 20, em Paris, onde casou com Vieira da Silva em 1930.

Na capital francesa, conviveram com artistas de vanguarda do século XX, mas com a ameaça da guerra entregaram o seu ateliê e obras a Jeanne Bucher e mudaram-se para Portugal (1939) e, depois, para o Brasil (1940), regressando a Paris em 1947.

Em 1971, Árpád Szenes fez a primeira exposição retrospetiva, itinerante, organizada pela Inspection des Musées de Province, que o levou a vários museus franceses, incluindo ao Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, em 1974, ano em que fez uma doação ao Musée National d'Art Moderne - Centre Georges Pompidou, que foi exposta juntamente com outras obras suas.

Arpad Szenes morreu em janeiro de 1985, no seu atelier em Paris, e, desde então, foi alvo de exposições no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, em Lisboa, na Casa de Serralves, no Porto, na Feira Internacional de Arte Contemporânea no Grand Palais, em Paris, no Museu Histórico de Budapeste e no Museu de Belas Artes de Budapeste, entre outros.

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