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Abysmo publica autor alemão nunca antes traduzido para português

A primeira edição em Portugal de um livro do escritor alemão Arno Schmidt chegou este mês às livrarias pela editora Abysmo, que escolheu as duas primeiras publicações do autor, "Leviatã", de 1949, e "Espelhos Negros", de 1951.

Abysmo publica autor alemão nunca antes traduzido para português
Notícias ao Minuto

11:50 - 18/11/17 por Lusa

Cultura Arno Schmidt

Tal como já aconteceu com algumas edições em alemão ou com traduções, também em Portugal as duas obras vêm publicadas em conjunto, num só volume.

Considerado um dos mais singulares autores da literatura alemã contemporânea, com um estilo narrativo muito próprio, Arno Schmidt (1914-1979) recorre, em "Leviatã", a uma escrita que "ainda se poderá considerar convencional", diz a editora.

No entanto, "a prosa de 'Espelhos Negros' surge já organizada na malha gráfica característica de Schmidt, em que cada fragmento (regra geral, um parágrafo) abre com um tema em itálico", acrescenta.

"Com este processo de montagem, Schmidt pretendia incutir à narrativa o caráter fragmentário do pensamento e da memória que não se organizam linearmente, mas antes se assemelham a uma coleção de imagens avulsas", explica a Abysmo.

Mário Gomes, que traduz e prefacia o livro, afirma que, para se perceber "a radicalidade" da escrita de Schmidt, não é necessário saber ler alemão, bastando "ver a mancha gráfica de uma qualquer página aberta ao acaso, para se intuir a singularidade".

O ensaísta e crítico literário João Barrento descreve o estilo literário de Arno Schmidt como "uma escrita-laboratório que só tem paralelos em [Laurence] Sterne ou [James] Joyce".

Sobre o autor, afirma tratar-se de um "dos mais originais e radicais da literatura alemã da segunda metade do século XX".

No prefácio à obra agora publicada, Mário Gomes conta que, depois de ler largamente a obra de Arno Schmidt, em alemão, quis saber se haveria algum texto do autor traduzido para português.

"Pesquisei em tudo o que é catálogo. Nada. Nem em Portugal, nem no Brasil, nem nalgum cantinho esconso da Internet dedicado à pirataria e ao tráfico de literatura. Nada. Nem sequer um conto ou um poema que fosse (porque Schmidt também chegou a escrever poesia). Não havia nada".

Assim ficou, até ao momento em que o editor da Abysmo confiou a Mário Gomes a "tarefa" e "responsabilidade" de traduzir este autor alemão "tantas vezes maldito, tantas vezes etiquetado de intraduzível".

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