Cine-Atlântico arranca amanhã nos Açores com nove filmes portugueses
A segunda edição da mostra de cinema português Cine-Atlântico arranca esta quinta-feira, em Angra do Heroísmo, nos Açores, prevendo a exibição de nove filmes, três dos quais ligados à temática do mar e das ilhas.
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Cultura CCIT
"Vão ser quatro dias em que vamos ter oportunidade de oferecer ao público angrense aquilo que de mais atual se está a fazer no cinema português, voltando sempre a insistir que o cinema português, ao contrário do que muita gente pensa, não é maçador, não é enfadonho, é de muito boa qualidade, tanto mais que vai ao estrangeiro e arrecada prémios", adiantou, em declarações à Lusa, Jorge Paulus Bruno, presidente do Cine-Clube da Ilha Terceira (CCIT), que organiza a mostra.
A iniciativa é um "embrião" de um festival internacio-nal, com competição, sobre mar, ilhas, viagens e aventuras, que o cineclube quer organizar nos Açores, mas que ainda não avançou por falta de recursos financeiros.
"Já introduzimos aqui em três sessões a aproximação ao tema do mar e das ilhas. Estamos convictos de que nos próximos anos, se não mesmo já no próximo, possamos focarmo-nos apenas no mar e nas ilhas, mas para isso não pode ser apenas cinema português, porque não há", disse o presidente do cineclube.
A primeira edição, em 2016, contou com uma adesão acima das expectativas da organização.
"Salvo erro deve ter rondado o meio milhar de espetadores, o que para uma ilha como a ilha Terceira, para uma primeira mostra de cinema, sabendo que o cinema português afasta de certo modo as pessoas, considerámos um balanço bastante positivo", apontou Jorge Paulus Bruno.
Outro dos objetivos do cineclube é dotar de melhores condições de projeção e som a sala da Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio dos Artistas, que acolhe o festival, mas esteve encerrada durante várias décadas.
"A mostra está no terreno não nas melhores e nas ideais condições que gostaríamos a nível técnico, mas é preferível avançarmos assim do que estarmos parados", salientou o presidente do CCIT.
O Cine-Altântico arranca na quinta-feira com 'A Fábrica do Nada', de Pedro Pinho, recentemente galardoado no Festival de Cinema de Sevilha com o prémio de melhor filme.
Na sexta-feira, é exibido o filme mais antigo da mostra, 'Mudar de Vida', de Paulo Rocha, que expressa a realidade de uma comunidade piscatória, seguido de 'Perdidos', de Sérgio Graciano, rodado na ilha de Porto Santo, no arquipélago da Madeira.
No sábado, é prestada uma homenagem ao realizador António Macedo, falecido recentemente, com o documentário 'Nos Interstícios da Realidade -- O Cinema de António Macedo', de João Monteiro.
Será também exibido o documentário 'Luz Obscura', de Susana Sousa Dias, e o filme 'Al Berto', de Vicente Alves do Ó, um drama biográfico sobre o poeta português.
A mostra encerra no domingo com 'Treblinka', de Sérgio Tréfaut, vencedor do melhor Filme Português no IndieLisboa 2016, 'Coração Negro', de Rosa Coutinho Cabral, rodado na ilha do Pico, nos Açores, e 'Peregrinação', de João Botelho, inspirado na obra de Fernão Mendes Pinto.
Para além dos realizadores João Monteiro, Rosa Coutinho Cabral e Susana Dias, a mostra contará com a presença do produtor Leonel Vieira e da atriz Isabel Ruth, que participou nos filmes 'Mudar de Vida' e 'Treblinka'.
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