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Artista holandesa apresenta "orquestra de plantas" no Fórum do Futuro

A artista de som holandesa Alexandra Duvekot apresenta hoje, no Fórum do Futuro, no Porto, a 'performance' 'The Plant Orchestra', em que explora os sons criados por 20 plantas doentes para criar música.

Artista holandesa apresenta "orquestra de plantas" no Fórum do Futuro
Notícias ao Minuto

14:08 - 05/11/17 por Lusa

Cultura Porto

A 'performance', seguida de uma conversa de Duvekot com o público, vai decorrer pelas 19:00, na sala de ensaios do Teatro Municipal Rivoli, e parte da sonorização dos sons produzidos por 15 plantas cedidas pelo Jardim Botânico do Porto, a frequências baixas, e aqui detetadas através de sensores e amplificadas.

Além da composição musical a partir da interação com as plantas, a holandesa vai apresentar o trabalho de investigação que tem desenvolvido desde 2012 no campo da comunicação entre humanos e plantas.

Em entrevista à Lusa, a artista holandesa explicou que "não há um objetivo definido" durante a apresentação de "The Plant Orchestra", antes uma "partilha de conhecimento e de diálogo" no qual se gera uma discussão sobre o tema e as várias questões que levanta.

No lado técnico, Alexandra Duvekot, formada na Academia Gerrit Rietveld, em Amesterdão, partilha "uma área sonora" com as plantas, na qual as ondas sonoras assentam em "vibrações na água", e é desse espaço que extrai sons, depois amplificados, acrescentando composição vocal.

Duvekot começou a trabalhar na área em 2012, quando se mudou para a School of Visual Arts, em Nova Iorque, e o interesse pelas plantas despertou antes disso, na sequência de "um sonho sobre relva que cantava".

A partir desse momento, teve uma "realização súbita, corporal", sobre o modo como as plantas comunicam e enviam ondas de som, depois de uma "perceção corpórea, para lá do conhecimento da mente, das plantas como seres vivos".

"Fez-me questionar como seria ter um diálogo com plantas, que tipo de linguagem seria e como poderíamos comunicar com elas. Comecei a investigar muito e descobri a emissão de ondas de som de baixa frequência, e decidi entrar realmente no tema", contou.

A música e o violoncelo, em particular, surgiram primeiro na vida da artista, nascida em 1984, mas hoje em dia debruça-se sobre os sons que podem ser extraídos de plantas, como em "The Heartbeat of the Forest", uma instalação a partir do som de uma pequena floresta no norte da Holanda em que "se pode ouvir as árvores a sugar a água do solo", num movimento "ritmado e alinhado entre as várias árvores".

"Há muitos paralelos nessa ação com o sangue no nosso corpo e a função do coração. É muito interessante ver e perceber a forma de comunicação das plantas, não só entre elas mas também connosco", apontou.

Essa ligação ao ser humano manifesta-se de diferentes formas, dos efeitos medicinais à forma como reagem ao ambiente ou a "estados de espírito" e a como brotam e crescem nas cidades, a partir de que se torna "possível perceber muito sobre o solo, o ar e as pessoas que habitam um lugar ao ver as plantas que crescem de forma livre nesse espaço".

No planeamento das cidades, a holandesa considera que deviam "abrir de novo" os espaços verdes na cidade, quer através de "zonas livres onde se podem plantar e deixar crescer plantas", sem serem impostas espécies ou categorias, quer com a criação de jardins e hortas do qual os habitantes pudessem plantar e colher vegetais e outros produtos, além de fazer chegar "mais conhecimento às pessoas sobre usos e benefícios para a vida".

Também numa consciência e relação mais profunda com a fauna reside uma oportunidade de perceber melhor o ambiente e a Natureza e trazer mais conhecimento sobre os efeitos adversos que tem sofrido, mas também "a violência na sociedade humana".

"Se encontrarmos na cabeça um espaço para ter consciência da ligação que temos às plantas, se mais gente se abrir a esse entendimento maior da vida, seria mais fácil relacionarmo-nos com alguém que chega ao nosso país de outro território", exemplificou.

As plantas "funcionam quase como um universo paralelo ou um espelho para os sistemas humanos", quer seja na noção de "ligação e equilíbrio dentro da sociedade" como na capacidade de "proteger ou agir com violência".

"Numa floresta, todas as árvores estão interligadas, com raízes profundas que se tocam debaixo do solo, e têm capacidade de comunicar entre si e de se protegerem. Se um elemento está doente, todo o grupo pode resolver isso em conjunto, uma noção que se pode aplicar a problemas muito importantes da nossa sociedade", comentou a música, que descreve o que faz como "investigação poética".

Ainda no dia de hoje, o primeiro da quarta edição do Fórum do Futuro, o sociólogo norte-americano Richard Sennett conversa com Gareth Evans, sob o tema "A caminho da cidade aberta", pelas 16:00, no grande auditório do Rivoli.

Depois da 'performance' de Alexandra Duvekot, segue-se a projeção do documentário "The Ballad of Genesis and Lady Jaye", de Marie Losier, pelas 21:30, no auditório Isabel Alves Costa da sala portuense.

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