Integrada na Lisboa 2017 Capital Ibero-americana de Cultura, a exposição, da artista vencedora da primeira edição do Prémio do Prémio Sonae Media Art, em 2015, ficará na sala de exposições temporárias do Museu do Aljube.

Contactada esta semana pela agência Lusa sobre o novo trabalho, Tatiana Macedo explicou que a peça inédita "consiste numa instalação de vídeo e som em múltiplos canais, e parte de imagens fotográficas analógicas feitas em 2004, 2005 e 2013, bem como novas filmagens realizadas agora".

As imagens de 2013 foram tiradas na avenida da Liberdade, em Lisboa, durante um protesto em março, contra as medidas de austeridade, e nelas a autora focou três situações específicas: "Um homem que filmava os manifestantes em cima de uma árvore, um grupo de pessoas à volta da estátua aos combatentes da Grande Guerra e uma senhora que segura um cartaz ´O Desemprego Mata-nos´".

A esta situação juntou uma fotografia de uma escultura de Rodin intitulada "Irmão e irmã", de cerca de 1890.

Um outro vídeo mostra uma série de naturezas mortas fotografadas por Tatiana Macedo em 2004 e outro uma filmagem aérea a partir dos telhados do Aljube, realizada este ano.

Os textos da obra são excertos recolhidos pela artista "de testemunhos orais e escritos, de várias pessoas que lutaram na resistência, que passaram pela cadeia do Aljube, que conseguiram fugir e relatam a sua fuga, frustrada ou bem-sucedida, ou de inserções em diários, como no caso do Miguel Torga, nas datas de 25 de Abril de 1974, e dias posteriores".

"O título é irónico e abarca tudo o que hoje representa a avenida da Liberdade", disse ainda à Lusa.

Galardoada com um prémio de 40 mil euros, pela obra inédita "1989", Tatiana Macedo referiu, na altura, que o prémio bienal, organizado pelo Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, em Lisboa, com o patrocínio da Sonae, "suscitou mais curiosidade e atenção" ao seu trabalho.

Nascida em Portugal, em 1981, de ascendência angolana, Tatiana Macedo cresceu e estudou em Lisboa e em Londres, e a sua obra desenvolve-se transdisciplinarmente entre a instalação, a fotografia, o cinema, o som e as suas formas expandidas.

Durante o ano de 2016 foi artista residente na Künstlerhaus Bethanien, em Berlim, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.