Teatro Experimental do Porto estreia no Rivoli 'A Tecedeira que lia Zola'
O Teatro Experimental do Porto (TEP) vai estrear esta sexta-feira, no Rivoli, a peça "A Tecedeira que lia Zola", um espetáculo sobre um grupo de jovens letrados que se implantam junto do operariado, para dinamizar uma "revolução cultural".
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Cultura TEP
"Esta juventude luta pelos direitos civis e por mais igualdade, uma parte dela tinha esta maneira de atuar, de se dirigir e implantar [de forma clandestina] junto do operariado, para que a revolução partisse de dentro. E, em Portugal, de forma residual, também aconteceu", disse o encenador, Gonçalo Amorim, em declarações aos jornalistas, antes do ensaio completo, para a imprensa, realizado hoje à tarde, no Rivoli, no Porto.
Gonçalo Amorim explicou que esta peça se enquadra numa trilogia que o TEP dedicou à "juventude inquieta" e, não estando os textos diretamente ligados, são todos encenados num mesmo espaço, um sótão.
A série de espetáculos reflete décadas diferentes, tendo começado com a peça 'O Grande Tratado de Encenação', que se passa em 1950.
'A Tecedeira que lia Zola' ocorre nos anos 1970 e retrata uma juventude "do Porto, urbana e letrada" que, em plena ditadura e no auge da Guerra Colonial, abandona os seus estudos ou primeiros empregos e decide "ir fazer trabalho político para as fábricas e nos campos", tentando impulsionar, no proletariado, uma "revolução cultural e popular".
"É a história dessa tecedeira que lia Zola, mas também podia ser do metalúrgico que lia Sternberg, estes 'novos operários' têm na bagagem toda a literatura que os foi formando - Zola, Sternberg, Camus, Sartre, Marx", sustentou.
O encenador reconhece que todas as peças são "inspiradas em factos reais" e, embora retratem histórias que a sua família e o próprio viveram, recusa-se a atribuir-lhes um caráter "biográfico ou documental".
"São [espetáculos] ficcionais, com bases reais e depoimentos. Recorremos a factos e a material historiográfico, mas não é de uma linhagem de teatro documental. É uma ficção, um drama, uma comédia, se quiserem", disse.
Gonçalo Amorim disse ainda que gostaria que a encenação "refletisse a forma como o passado influencia quem nós somos agora", tendo estes espetáculos "sempre 2017 como ponto de partida".
"É importante trabalhar com estes quatro atores, com o resto da equipa do TEP, estamos sempre a entrar num elevador da História para ir lá atrás e tentar perceber como se vai construindo um país", afirmou.
O espetáculo de Gonçalo Amorim conta com interpretação de Bruno Martins, Catarina Gomes, Paulo Mota e Sara Barros Leitão.
A peça estreia-se esta sexta-feira, no grande palco do Teatro Rivoli, pelas 21h30, podendo depois ser vista no sábado, pelas 19h00.
"Maioria Absoluta", com estreia marcada para março de 2018, encerra o tríptico de espetáculos, abordando a juventude dos anos 1990 "no auge da contestação contra as propinas".
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