Este é o início de uma "itinerância pioneira" do festival que quer criar uma rede, baseada em Lisboa, para futuras parcerias no cinema de terror, disse à Lusa João Viana, um dos diretores festival criado em 2007.

"Paris é o início de uma itinerância que queremos fazer em várias cidades da Europa e fora da Europa. Um dos objetivos é dar a conhecer os trabalhos que se têm feito aqui em Portugal, com novos talentos, num género pouco conhecido que é o cinema de terror, sob a égide do prémio MOTELX - Melhor Curta de Terror Portuguesa", afirmou o responsável.

João Viana destacou que, para a sessão especial em Paris, foram selecionadas curtas que venceram e outras que receberam uma menção especial do Prémio MOTELX - Melhor Curta de Terror Portuguesa / Méliès d'Argent, "um prémio que existe há cerca de dez anos e que tem contribuído para que haja uma produção nacional num género praticamente incipiente em Portugal".

Na programação, foram selecionados os filmes 'Papá Wrestling', de Fernando Alle (2009), 'A Tua Plateia' (2015), de Óscar Faria, 'Andlit' (2014), de João Teixeira Figueira, 'Sangue Frio' (2009) de Patrick Mendes, 'Nico - A Revolta' (2013) de Paulo Araújo, "Maria" (2014), de Joana Viegas, 'Miss Mishima' (2011), de Pedro Rocha, 'Depois do Silêncio' (2017), de Guilherme Daniel.

Paris é a primeira cidade escolhida para o início da digressão internacional, que vai continuar em 2018 e que deverá passar por "Berlim, possivelmente Praga, Espanha e Reino Unido e depois extravasar para fora da Europa, nomeadamente Brasil, México e alguns Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, como Cabo Verde e Moçambique".

"O que procuramos é que se estabeleçam pontes entre Lisboa e outras cidades do mundo para que haja uma possibilidade de futuro para outros trabalhos no género do terror", continuou João Viana, sublinhando que em Portugal tem havido "propostas muito arrojadas e de grande qualidade" que continuam dependentes de apoios financeiros e que o objetivo é aproveitar as parcerias europeias para criar longas-metragens.

O responsável acrescentou que "um terceiro objetivo" é criar um intercâmbio criativo e formativo em Lisboa com uma rede de outras entidades associadas. No fundo, resumiu, "é gerar aqui uma génese de criação radicada em Lisboa mas que tenha uma rede muito mais ampla".

Em Paris, a sessão de apresentação das curtas-metragens portuguesas está marcada para 30 de outubro às 19:00 (menos uma em Lisboa), na Sala Georges Franju da Cinemateca Francesa, no âmbito da programação "Aujourd'hui le Cinéma" dedicada à criação cinematográfica contemporânea.

O responsável da programação da Cinemateca Francesa, Bernard Payen, disse à Lusa que "é interessante mostrar estes filmes aqui na cinemateca, ainda por cima dois dias antes do Halloween".

"Esta é uma possibilidade para mostrar estes filmes que não são conhecidos cá. São filmes interessantes porque retomam códigos do cinema de terror mas com uma ironia, uma distância ou uma contemplação. São todos diferentes mas complementares", afirmou o programador que está a trabalhar num projeto de retrospetiva de Paulo Rocha na Cinemateca Francesa em 2018.

Além da Cinemateca de Paris, a iniciativa tem o apoio do Centro Cultural Camões de Paris.