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Museu do Chiado fala de "desigualdades de género que se mantêm"

Um conjunto de obras de 14 artistas portugueses está a partir de hoje no Museu do Chiado, em Lisboa, para abordar as questões de "desigualdades de género que se mantêm na sociedade", de acordo com as curadoras.

Museu do Chiado fala de "desigualdades de género que se mantêm"
Notícias ao Minuto

20:45 - 19/10/17 por Lusa

Cultura Exposição

Aida Rechena, diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, e Teresa Furtado, numa visita guiada para jornalistas, sublinharam a importância de lançar a reflexão sobre esta temática, tomando como base as obras expostas.

"Queríamos avaliar a forma como a arte portuguesa está a tratar estas questões, e, para isso, convidámos estes artistas de várias gerações, que se pronunciam sobre a identidade e o género, construções socioculturais, mas que também são, cada vez mais, uma opção pessoal", disseram à agência Lusa.

Intitulada "Género na Arte. Corpo, sexualidade, identidade, resistência", a exposição abre ao público na sexta-feira, permanecendo no Museu do Chiado até 11 de março de 2018, e conta com criadores como Alice Geirinhas, Ana Pérez-Quiroga, Ana Vidigal, Carla Cruz, Cláudia Varejão, Gabriel Abrantes, Horácio Frutuoso, João Gabriel, Maria Lusitano, Miguel Bonneville e Vasco Araújo.

As curadoras selecionaram obras criadas sobre esta temática, a partir de 2000 até à atualidade, sendo algumas inéditas. Duas foram encomendadas à artista Ana Pérez-Quiroga e à dupla João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira.

Uma das obras inéditas, intitulada "Stereotype poof! Is gone", de Ana Pérez-Quiroga, consiste numa instalação com 37 fotografias de mulheres assumidamente lésbicas, dentro do Museu do Chiado.

"São mulheres de várias idades e condição social que se ofereceram para ser fotografadas e dar a cara pela sua identidade sexual, como pessoas", explicou a artista à Lusa, acrescentando que o objetivo foi "desmistificar a imagem estereotipada que a sociedade tem das lésbicas".

João Pedro Vale, que, em conjunto com Nuno Alexandre Ferreira, criou a instalação inédita baseada na 'performance' "Palhaço rico fode palhaço pobre", sublinhou à Lusa a importância de abordar a questão da diferença, e da forma como é olhada pela sociedade.

"No século XIX, as mulheres tatuadas apareciam em feiras de aberrações, e hoje as tatuagens banalizaram-se, também entre mulheres", comentou, sobre a importância dos símbolos e da sua aceitação social e cultural.

Thomas Mendonça apresenta a peça, também inédita, "Resting P(A)lace", com um conjunto de cerâmicas e desenhos inseridos numa instalação completada com objetos, mobília e fotografias da infância.

"Tive uma infância muito livre quanto aos objetos com os quais queria brincar, fossem carros ou bonecas", comentou, também em declarações à Lusa.

João Gabriel, um dos artistas finalistas do Prémio EDP Novos Artistas deste ano, apresenta no museu um conjunto de pinturas inéditas.

Questionado pela Lusa sobre a pertinência de participar numa exposição com esta temática, disse: "O mais importante é que os artistas se reúnam para abordar estas questões que têm atualidade, e sobretudo fazê-lo num museu".

Na mesma linha, a diretora do Museu do Chiado, Aida Rechena, disse à Lusa que, com a outra curadora, tem acompanhado o trabalho de vários artistas nesta área, "que continua a ser premente e pertinente de abordar".

Deu como exemplo uma retrospetiva sobre as questões de género na arte, na galeria Tate Modern, em Londres, que foi muito visitada.

Por outro lado, recordou o caso de um museu do Rio Grande do Sul, no Brasil, onde uma exposição sobre o mesmo tema foi fechada 15 dias após ter aberto, devido à pressão de grupos que se manifestaram contra a iniciativa, nas redes sociais.

"As questões de género ainda não estão muito resolvidas no plano social e cultural, daí que seja tão importante focá-las", defendeu.

Sobre a hipótese de esta exposição no Museu do Chiado possa provocar polémica, disse: "Se isso acontecer é bom, porque os museus não têm de ser neutros".

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