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DocLisboa: "O festival de cinema do real" começa hoje

O festival de cinema documental DocLisboa decorre de 19 a 29 de outubro e traz a Lisboa 231 filmes de 44 países. No dia de abertura, o Notícias ao Minuto foi falar com uma das diretoras, Cíntia Gil, para saber um pouco mais.

DocLisboa: "O festival de cinema do real" começa hoje
Notícias ao Minuto

11:40 - 19/10/17 por Sara Gouveia

Cultura Cinema

O programa do DocLisboa – Festival Internacional de Cinema conta com um total de 231 filmes, de 44 países diferentes, e começa já esta quinta-feira. As mais de duas centenas de filmes vão estar repartidas entre o Cinema São Jorge, a Cinemateca, a Culturgest, o Cinema Ideal, o Museu Berardo e o Museu do Oriente.

Sempre com secções competitivas, este ano o festival conta com um novo prémio, intitulado 'Prática, Tradição e Património', que será atribuído ao melhor de um conjunto de dez filmes de temática associada a práticas e tradições culturais e ao património imaterial da humanidade. A parceria já não é nova entre o certame e o Inatel, mas agora toma forma de prémio.

“Alargámos a parceria para este prémio porque era um desejo comum e o Inatel uniu-se ao DocLisboa para que pudéssemos também ter uma maneira diferente e mais interessante de olhar para a programação. Estamos muito contentes.” conta a diretora do Festival.

A edição deste ano conta com 44 filmes portugueses, 11 deles em competição. “É incontornável ver os filmes dos realizadores portugueses porque são filmes que são de diferentes gerações mas que de facto mostram ao público e trazem uma força muito grande e que nos alegra”, destaca Cíntia Gil.

Outros destaques "incontornáveis" são “os filmes dos realizadores que temos acompanhado sempre e que estão na secção da 'Terra à Lua', como os de Wang Bing, Wiseman ou Barbet Schroeder”, sublinha a responsável, acrescentando ser importante ver também “qualquer um dos filmes da competição internacional que este ano estão muito ancorados na atualidade, desde jihadismo à guerra colonial”. Mas para a diretora do DocLisboa, “cada secção tem os seus filmes incontornáveis”.

Cíntia Gil defende o DocLisboa como um “festival de cinema do real” que se dedica a retratar a realidade. Apesar de 11 dias intensos, são “também muito produtivos e todos os dias acabam com uma festa”, enfatiza.

Quanto às novidades que se podem esperar este ano, afirma Cíntia Gil que “este ano há duas retrospetivas, uma sobre a Vera Chytilova e outra sobre o cinema do Quebec, pretendendo dar a conhecer ao público português um cinema muito diferente e rico”.

No entender da direção do festival, é importante divulgar o trabalho de Vera Chytilova por ser uma realizadora pouco conhecida que “tem uma obra muito extensa, com filmes muito diferentes uns dos outros. Trabalhou sobre questões existenciais, de moralidade, de relação com o mundo, a sociedade e a política a partir de um ponto de vista feminino”, explica a responsável.

A diretora chama também a atenção para “o ‘cinema de urgência’, sendo que haverá uma discussão com uma ativista de um grupo israelita, os B’Tselem, que tem feito um trabalho extraordinário de formação de cidadãos repórter nos territórios ocupados. Têm construido um arquivo enorme de imagens recolhidas por esses cidadãos sobre o que se está lá a passar”. Outro dos destaques vai para “o filme do Edmundo Cordeiro - Todas as Cartas de Rimbaud, que é sobre a Maria Filomena Molder”, e cuja exibição será seguida de uma conversa com a própria.

Um “momento incrível” vai ser também o facto de o festival contar com a presença de “Marcel Carrière que é um histórico do cinema direto do Quebec. Foi o homem que fez o som do primeiro filme que deu o arranque do movimento de 1958”, explica.

O DocLisboa, apesar de um festival de cinema documental, tem abertura marcada com um filme de ficção português, “a comédia delicada” ‘Ramiro’, de Manuel Mozos. “Não nos interessa muito essa distinção de género. Interessa-nos mais de que modo é que um filme pode ajudar o público a pensar a sua relação com o mundo e de que modo estabelece um elo com o real. No caso de ‘Ramiro’, gostámos muito do filme, e isso é fundamental. Acreditávamos muito nele”, justifica Cíntia Gil.

“Não é necessariamente verdade que uma comédia não seja uma excelente porta de entrada para um festival como o DocLisboa. Ramiro é uma excelente porta de entrada, é um excelente espelho do lugar onde vivemos, de Lisboa, do nosso meio e que nos vai ajudar a pensar nisso”. O público concorda e a prova é que a sessão de abertura do filme já se encontra esgotada.

Al Gore protagonizará um dos momentos altos

A participação de Al Gore através de videoconferência, no dia 26 de outubro, depois da apresentação da sequela do filme ‘Uma verdade inconveniente’, será outro dos momentos altos desta edição do DocLisboa. “É uma discussão urgente, o Al Gore tem feito um trabalho extraordinário sobre estas questões do aquecimento global e do que estamos a fazer ao planeta e estes filmes retratam bem essa luta, mas são também filmes que nos fazem pensar e fazem-nos colaborar nesta discussão (…) sem dúvida e infelizmente pelas piores razões, é num momento de grande pertinência”.

Já com 15 anos, um festival “adolescente”, Cíntia faz um balanço positivo até agora. “O festival cresceu muito, ganhou muita visibilidade internacional e portuguesa, contribuiu para o aparecimento de novos realizadores e de outras formas de aproximar o público do cinema, portanto diria que as principais intenções do DocLisboa, de ser um lugar de afirmação política, de ser um lugar de reflexão sobre o cinema e de ser uma plataforma de lançamento para filmes se mantiveram e que a evolução do festival tem que ver com a evolução do mundo e do próprio cinema, portanto diria que são 15 anos muito bons”.

Para a próxima edição Cíntia Gil diz que já há “montes de ideias”, mas deixa-nos a suspirar: “não vou revelar nenhuma”, ri-se, garantindo, no entanto, que “vai ser ótimo”.

O programa completo dasta 15.ª edição pode ser consultado na página do festival e os bilhetes estão à venda na Ticketline.

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