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Concha Buika fez do Coliseu dos Recreios a sua morada

Concerto da noite desta sexta-feira foi marcado por emoção e vénia.

Concha Buika fez do Coliseu dos Recreios a sua morada
Notícias ao Minuto

12:40 - 30/09/17 por Raquel Lima

Cultura Concerto

Concha Buika apresentou 'Para Mí', na noite desta sexta-feira, em Lisboa, como se estivesse na sua própria morada.

O palco em semicírculo foi ocupado pela espanhola, que trazia um longo vestido brilhante, como se fosse uma sala de estar e a plateia, que praticamente lotava o Coliseu dos Recreios, recebeu-a como uma visita querida para a qual se abrem braços e sorrisos.

Estava tão ao seu gosto que, ao soar dos primeiros acordes de 'Vivir Sin Miedo', a cantora, filha de imigrantes da Guiné-Equatorial, deitou um pouco da bebida que trazia nas mãos ao chão - um pedido de proteção corriqueiro em certas crenças de origem africana. Também fez o sinal da cruz. Chegado o momento de entoar o primeiro verso da canção ('They say I'm going to burn on fire' - 'Dizem que irei arder no fogo', em tradução livre), Buika já fazia jus às críticas que a consideram uma das mais singulares intérpretes da contemporaneidade.

Assim como Amália Rodrigues, a brasileira Elis Regina ou a francesa Edith Piaf, a espanhola derrama sentimento em cada palavra cantada. "Estou muito feliz. Trabalhamos muito e muito duro para estarmos aqui. Todos nós, e eu também. Ofereço esta música a todos os trabalhadores", expôs, ao agradecer com um "muito obrigada", antes de cantar 'Dios de la nada'.

O repertório seguiu com 'Nostalgia' e 'Siboney', na qual Buika é força pura. A cantora passa quase um minuto a improvisar em solfejo - numa brincadeira virtuosa com a banda, formada por Ramón Escobar (percussão, vocal e direção musical), Santiago Canada Valverde (trombone e teclados), Josue Rodriguez Fernandez (contrabaixo) e Ricardo Moreno Montiel (guitarra).

Como faz com as palavras, Buika traduz em emoção cada nota que alcança, abre os braços em gestos largos, assim como toca o corpo e encolhe quando parece rimar elasticidade vocal e choro, em 'Volverás'.

Antes do reggae 'Hijos de la luna', Concha Buika  justificou o repertório eclético com a frase "todas as músicas estão aqui", a apontar para o próprio coração. A plateia, exposta a tanta intimidade, parecia hipnotizada e não se via nenhum telemóvel nas mãos durante as quase 1h20 de concerto.

No Facebook, a artista partilhou algumas imagens do espetáculo em Lisboa.

Antes de se despedir do Coliseu, a cantora pediu: "não digamos adeus, pois não se diz nem a quem morre. Falemos num até breve. Vou dizer que vos quero bem' para que este sentimento fique a rondar por aqui, por muito, muito tempo".

Ovacionada, interpretou ainda 'Pizzica diTorchiarollo' e 'No habrá nadie en el mundo'. Verteu lágrimas, sorrisos enormes e suor e, como as paredes do Coliseu dos Recreios, quem viu o concerto ficará com os tons e timbres de Buika a ecoar por muito, muito tempo.   

Notícias ao Minuto[Concha Buika numa anterior passagem por Lisboa, em 2008]© Reuters

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