Ópera 'O Monstro no Labirinto' faz "uma afirmação pela democracia"
A ópera 'O Monstro no Labirinto', do britânico Jonathan Dove, que se estreia na quarta-feira, em Lisboa, "faz uma afirmação pela democracia e em defesa da dignidade humana", disse a encenadora Marie-Eve Sygneyrole, à agência Lusa.
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Cultura Encenadora
A ópera que estará em cartaz de quarta a sexta-feira, no grande auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, é dirigida pelo maestro Quentin Hindley e conta com a participação de cerca de 300 cantores amadores, dos elementos do Coro Gulbenkian, das orquestras Gulbenkian e de Estágio Gulbenkian, sendo solistas a meio-soprano Cátia Moreso, o tenor Carlos Cardoso e o baixo Rui Baeta, com o ator Fernando Luís, como narrador.
Com uma componente multimédia, a ópera, numa versão portuguesa de Tiago Marques, conta ainda com a participação dos coros Regina Coeli de Lisboa, de Câmara da Academia de Amadores de Música, Juvenil da Academia de Música de Santa Cecília, Juvenil Euterpe, Musaico, Infanto-juvenil da Universidade de Lisboa, e ainda do Polyphonia Schola Cantorum e Spatium Vocale, sob a direção de Sérgio Fontão.
A encenadora, em declarações à Lusa, disse que 'O Monstro no Labirinto' "é uma ópera que faz uma afirmação pela democracia", até pela forma como é levada à cena, com a participação voluntária dos coros e de pessoal de apoio à produção, e "pela defesa da dignidade humana".
Sérgio Fontão disse à Lusa que levar esta ópera a cena "foi um projeto muito desafiante, porque estão em palco quase 300 pessoas" e "a esmagadora maioria nunca participou numa ópera".
"Conseguir que percebessem esta linguagem, esta forma de estar em palco, que não se limita a cantar estaticamente, como habitualmente os coros cantam, e para quem não tem essa experiência, obviamente não é tarefa fácil", afirmou o maestro.
Para Sérgio Fontão, o público ao sair do espetáculo, "sai com uma consciência mais aguda da tragédia que se passa no Mediterrâneo e à qual quase nos tornamos indiferentes, por todos os dias a ouvirmos nos noticiários e a lermos nos jornais".
"A arte quando toca a realidade faz com que as coisas aconteçam de outra maneira, e quem vier ver este espetáculo não ficará indiferente ao que se passa no Mediterrâneo, porque a abordagem e a ligação emocional que vão ter aqui, [impõem que passem] a encarar esta questão como algo de seu, e não como algo que acontece a outros", afirmou Fontão.
Sérgio Fontão referiu a preocupação da encenadora e da equipa criativa em demonstrar que, "da forma como as coisas acontecem hoje em dia, a Europa está a devorar-se a si própria" - "e o público chegará a essa conclusão", garantiu.
O maestro realçou ainda a leitura do monstro como "o poderio económico que hoje tudo domina", que "é a causa dos problemas mais graves, que temos no nosso mundo". "E, de facto - prosseguiu -, há que mudar de alguma forma este paradigma que nos domina, para que o mundo se possa tornar um lugar melhor".
O maestro realçou a importância deste projeto, ao colocar várias pessoas em contacto com o ambiente artístico operático, pois irá promover "melhores espetadores", "despontar interesse por este género artístico", independentemente de estes 300 amadores virem ou não a optar "por uma carreira artística".
"Terão uma vivência musical rica, que lhes dará uma ligação quase umbilical ao fenómeno artístico, e isso é algo que qualquer sociedade deve acarinhar, porque a arte tem essa capacidade de nos transformar e tornar pessoas melhores".
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