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Estado devia ter comprado Coleção Berardo quando renegociou acordo

A ex-ministra da Cultura Isabel Pires de Lima defendeu hoje que o Estado devia ter comprado a Coleção Berardo quando renegociou, no ano passado, a permanência das obras de arte no museu, criado há dez anos, em Lisboa.

Estado devia ter comprado Coleção Berardo quando renegociou acordo
Notícias ao Minuto

20:25 - 27/06/17 por Lusa

Cultura Pires de Lima

Isabel Pires de Lima participou hoje na inauguração da exposição "O mundo fantástico de Paula Rego", com 59 obras originais de Paula Rego, na praça central do centro comercial Colombo, em Lisboa.

À margem do evento, questionada pela agência Lusa sobre a renegociação do acordo entre o Estado e o colecionador José Berardo, para a criação do museu, que celebrou dez anos no domingo passado, Isabel Pires de Lima considerou que o Estado "perdeu uma boa oportunidade de comprar uma coleção muito importante".

"O Estado tinha o direito de preferência para comprar a coleção, que é uma das melhores do mundo. E agora, na renegociação, teria sido uma excelente oportunidade", avaliou a ex-ministra, sobre as 862 obras da coleção de arte do empresário José Berardo, que fizeram o acervo inicial do museu.

Isabel Pires de Lima era ministra da Cultura em 2006, quando foi negociado o acordo entre o Estado e o colecionador José Berardo para criar um museu com a coleção, avaliada, na altura, em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie's.

"Eu participei nessas longas negociações e, ao contrário do primeiro-ministro [José Sócrates], estava totalmente tranquila que ela ficaria em Portugal", comentou Pires de Lima sobre a hipótese levantada, na altura, por José Berardo, de levar a coleção para França, ou outro país, caso o Governo português não tivesse interesse em criar o museu.

Na opinião da antiga ministra, a coleção foi nesse ano subavaliada pela Christie's, que "estava interessada em comprá-la".

"Eu sei que a leiloeira estava interessada. Por isso fizeram um valor muito por baixo, na esperança de a comprarem. A Coleção Berardo vale muito mais do que esse valor, que ainda hoje se mantém. Só as obras mais importantes do conjunto valem os 316 milhões", acrescentou a antiga governante à Lusa.

Professora catedrática e atualmente no Conselho de Administração da Fundação de Serralves, Isabel Pires de Lima lamenta que o Estado não a tenha agora comprado, "porque é realmente boa, quer na componente de arte moderna, quer contemporânea, que é pouco representada em Portugal".

Sobre as negociações realizadas há cerca de uma década, a ex-ministra da Cultura só lamenta uma coisa: "Ter cedido demasiado espaço do Centro Cultural de Belém" (CCB).

"Ambas as partes tiveram de fazer cedências. É sempre assim nas negociações. Essa, eu lamento, porque o CCB ficou sem espaço para as suas próprias exposições", comentou.

Recentemente, contactado pela agência Lusa sobre os dez anos do museu, José Berardo disse estar cansado das negociações com os vários governos ao longo de uma década, e disse sentir-se "descontente com a falta de apoio político".

O empresário madeirense disse que foi bom "concretizar este sonho" de disponibilizar ao público a coleção pessoal de arte, mas comentou que não estava contente com o novo acordo, que introduz o pagamento das entradas, que foram gratuitas ao longo dos primeiros dez anos.

O acordo para cedência das obras - que terminava a 31 de dezembro de 2016 - foi renovado em novembro passado, por mais seis anos, passíveis de renovação, entre o colecionador e o Estado.

O museu ocupa o 65.º lugar na lista dos cem museus mais visitados do mundo, em 2016 - o único em Portugal neste 'ranking' -, com os 1.006.145 de visitantes do ano passado, segundo o The Art Newspaper, publicação internacional especializada em arte contemporânea.

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