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Alunos do Porto juntam-se à Mala Voadora para apresentar 'Showbusiness'

A companhia de teatro Mala Voadora estreia na terça-feira, no Porto, um espetáculo protagonizado por 21 alunos do ensino profissional, integrado no projeto de intervenção social "Showbusiness", financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Alunos do Porto juntam-se à Mala Voadora para apresentar 'Showbusiness'
Notícias ao Minuto

12:00 - 25/06/17 por Lusa

Cultura Teatro

A Mala Voadora tem em mãos, desde o ano passado e até 2018, o projeto artístico "Showbusiness", que acompanha uma turma do Curso de Técnico de Vendas da Escola de Comércio do Porto, familiarizando-os com as artes e envolvendo-os na criação de uma peça que vai ser apresentada ao público na terça e quarta-feira, no espaço da Mala Voadora, na rua do Almada, no Porto.

Os 21 protagonistas que montaram o espetáculo com o mesmo nome do projeto, desde as ideias para o guião ao cenário, têm idades que rondam os 18 anos e nunca fizeram teatro (muitos nem sequer tinham assistido a uma peça até ao ano passado), explicou à Lusa António MV, responsável pelos elementos multimédia da peça que tem direção artística de Jorge Andrade e coordenação de Vânia Rodrigues.

Ricardo Diogo tem 19 anos e só no pré-escolar subiu ao palco: "É uma experiência nova, é bom lidar com o público". Por seu lado, Marta Alexandra tem 18 e nunca tinha tido qualquer contacto com o teatro, que diz que a "ajuda a ser mais desinibida e a colocar melhor a voz".

O projeto serve para "mitigar desafios comportamentais e uma certa romantização das artes" por parte daquele grupo de jovens que se sentem muito "distanciados do universo artístico, porque acham que é uma coisa longínqua, só para famosos", diz Vânia Rodrigues.

"Perceberem que a arte também é um trabalho e aproximá-los ao mundo artístico foram os desafios da primeira parte" deste projeto que a gestora da Mala Voadora divide em três momentos, coincidentes com os três anos de duração: uma espécie de "residência artística" que apresentou as artes a estes jovens, levando-os a peças de teatro ou a espetáculos de dança; a preparação do espetáculo teatral e o contacto com os profissionais e com o público e uma última fase, que acontece a partir do próximo ano letivo, que envolve a preparação da Prova de Aptidão Profissional, obrigatória na escola e aberta ao público, e que a Mala Voadora espera ajudar a tornar "menos convencional", culminando, "se tudo correr bem, numa nova apresentação da peça ao público".

A peça que os jovens levarão a palco na terça-feira nas instalações da companhia de teatro, na baixa do Porto, não é um guião decorado por atores. Aliás, todos em palco são não-atores e a peça, escrita pela Mala Voadora, "foi-se adaptando ensaio a ensaio, em conjunto com os jovens", disse à Lusa José Nunes, encenador da peça. A história? O grupo de jovens - que se trata pelos nomes reais - quer abrir uma loja e, enquanto procuram ideias de negócio, acabam dentro de um teatro.

Parecendo que não, está tudo ligado: Um dos jovens conclui em palco que, "seja como for o teatro continua a ser um negócio. Pode ser um mau negócio, mas que é negócio é."

O texto da peça que dura aproximadamente 30 minutos fala de "atividade comercial, necessidade de financiamento, sentido criativo e capacidade negocial", temas com que Vânia e José não estavam de todo familiarizados, da mesma forma que os alunos de Técnicas de Vendas não conheciam a linguagem dramatúrgica.

No meio dos temas que os jovens conhecem da escola, é inserida uma "linguagem meta-teatral e meta-discursiva para nunca ser esquecido de que eles estão em palco a fazer um espetáculo", explica o encenador, e Vânia Rodrigues garante que "tudo o que eles não compreendiam foi cortado do texto".

Luís Pereira, de 18 anos, diz estar a gostar da experiência e que sente até "que isto vai ajudar nas vendas." Ricardo concorda com a ideia de que o teatro e as vendas são artes mais próximas do que parece à primeira vista: "para vendermos alguma coisa a um cliente às vezes também precisamos de contar histórias".

O projeto recebeu da Fundação Calouste Gulbenkian um orçamento de 75 mil euros para os três anos, fundos que a Mala Voadora gere juntamente com a Escola de Comércio do Porto e a associação A3S, especializada em empreendedorismo social e avaliação, os dois outros parceiros neste projeto artístico de intervenção social.

Carlota Quintão, representante da associação A3S neste projeto, tem avaliado os adolescentes e vê "evoluções claríssimas" em várias dimensões, como na "gestão de conflitos e na entreajuda". "Interessam-se mais e têm uma maior capacidade de concentração" do que se verificava no início da preparação do espetáculo.

Foi a segunda vez que a companhia de teatro portuense Mala Voadora se associou ao programa PARTIS - Práticas Artísticas para a Intervenção Social, da Fundação Calouste Gulbenkian, depois de "Vitória 283", o projeto artístico que acompanhou um grupo de crianças do pré-escolar e do ensino primário entre 2013 e 2015.

O PARTIS é um programa de "apoio a projetos que privilegiam a arte como meio de intervenção social junto de grupos em situação de vulnerabilidade ou exclusão", lê-se no 'site' oficial da Gulbenkian.

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