Teatrão estreia 'Anticorpos', o espetáculo que "era preciso de fazer"
O Teatrão estreia na quinta-feira, em Coimbra, "Anticorpos", um espetáculo que não sendo metateatral era aquele que a companhia de teatro, com dificuldades financeiras, "precisava de fazer".
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O tempo atual "de agonia é o tempo ideal para se desistir, desistir de acreditar nas escolhas que se fizeram", disse à agência Lusa a diretora artística da companhia de Coimbra, Isabel Craveiro, considerando que o novo espetáculo, dirigido por Patrick Murys, discute os limites, a vontade, o momento para se desistir, o encontro e a resistência.
A peça "Anticorpos" nasceu num contexto de dificuldades financeiras da companhia que, em 2015, viu ser rejeitada a sua candidatura ao apoio tripartido da Direção-Geral das Artes (DGArtes).
Apesar de não ser um espetáculo metateatral, a agonia "está presente" na peça, onde também há "um sentido de encontro de pessoas que decidiram continuar juntas e que é revigorante e libertador", sublinhou Isabel Craveiro.
"É o espetáculo que estamos a precisar de fazer e que faz sentido fazer", notou, sublinhando também que em "Anticorpos" a companhia aborda "registos, linguagens e universos desconhecidos" para os atores do Teatrão.
"É fundamental descobrir. Descobrir é sinónimo de se estar vivo", realçou a diretora, considerando que, com a peça, os atores também refletem sobre a necessidade de se continuar, de se encontrarem.
O espetáculo, com pouco texto e que cruza movimento, teatro e dança, tem uma primeira parte com quatro solos em que o público deambula pela Oficina Municipal do Teatro, onde são exploradas quatro relações diferentes com o corpo: "o corpo clínico, social, mercantil e espiritual".
Já a segunda parte, explora como é que os corpos se "encontram uns com os outros".
"Precisamos de sentir a essência, que aquilo que nos fez decidir seguir esta profissão é válido e continua vivo e continua presente", realçou Isabel Craveiro.
Segundo o encenador do espetáculo, Patrick Murys, o processo criativo com os quatro atores - dois homens e duas mulheres - começou com as próprias interrogações do elenco em torno do corpo.
Na peça, há uma mistura de autobiografia com ficção, em quatro solos que jogam também com manequins - "a metáfora do corpo perfeito, mas inanimado", explanou Patrick Murys.
De acordo com o encenador, durante o espetáculo, brinca-se "com vários códigos" e provocam-se várias imagens em torno do corpo, em que o objetivo passa por uma "leitura e emoção imediata".
"Não há a vontade de desenvolver, mas de provocar, de picar e de picar" o público, contou.
"A ideia é a metamorfose. É a procura dos limites para se conseguir mudar", notou Patrick Murys, frisando que pretende que o próprio público "saia transformado" e que seja infetado "por um vírus poético".
O espetáculo vai estar em exibição entre quinta-feira e sábado, às 21:00, na Oficina Municipal do Teatro, sendo depois retomado em setembro.
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