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Luís Miguel Cintra lamenta que Cornucópia esteja por utilizar

Quatro meses depois do fecho da Cornucópia, Luís Miguel Cintra, um dos seus fundadores, lamenta que a sala onde funcionava a companhia não seja aproveitada e que a situação da companhia não esteja resolvida.

Luís Miguel Cintra lamenta que Cornucópia esteja por utilizar
Notícias ao Minuto

19:06 - 28/04/17 por Lusa

Cultura Teatro

"Acho uma estupidez a sala [da Cornucópia] não ser aproveitada", disse Luís Miguel Cintra à agência Lusa numa entrevista durante os ensaios da peça "Um D. João Português -- Na estrada da vida", que sábado se estreia nas antigas instalações da Junta de Freguesia do Afonsoeiro, no Montijo.

Do Ministério da Cultura, que está a liderar o processo de encerramento da companhia de teatro da Cornucópia, Luís Miguel Cintra espera "que não sejam insensíveis".

"Porque tem um espólio e um acervo que é de todos", disse, lembrando, a propósito, que o próprio Presidente da República considerou que o fecho da Cornucópia devia ser entendido como "uma situação de exceção".

O encenador, que durante 43 anos esteve ligado àquela companhia com sede no Bairro Alto, frisou ainda que tanto ele como Cristina Reis sempre tiveram "muita vontade de continuar com a companhia mesmo quando já não era possível fazê-lo do ponto de vista financeiro".

O encenador sublinhou, porém, que com o fecho da Cornucópia "ficou para trás uma vida", já que, de um momento para o outro, deixou de ter "os hábitos que sempre foram uma referência".

"São memórias que estão muito presentes e que nunca serão esquecidas", observou.

"É uma casa que foi importante para todos, foram memórias, vivências, cheiros que se foram acumulando ao longo de uma vida; foi todo um mundo", disse, sublinhando que a companhia "cumpriu uma função cultural que não foi feita por mais ninguém em Portugal".

"Foi pena terem deixado cair a Cornucópia", disse, sublinhando, contudo, que na vida tudo tem "o seu nascimento, crescimento e morte".

Para Luís Miguel Cintra, a causa do fecho da Cornucópia reside no facto de nenhum político ainda ter entendido "que os subsídios não são para os atores".

"Os subsídios não são para os atores, são para o público, porque o que as companhias de teatro fazem é serviço público e enquanto isto não for entendido não há nada a fazer", sublinhou.

O encenador lamentou ainda que nos últimos anos se assista a "um esvaziar da cultura em termos de conteúdo".

"E isto não se passa apenas em Portugal. Os espetáculos entraram numa lógica de mercado", indicou.

A Lusa contactou ainda a secretaria de Estado da Cultura, que está encarregada de formalizar o encerramento da Cornucópia, tendo fonte da assessoria de imprensa informado que o processo está a decorrer.

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