Companhia que junta atores com e sem paralisia cerebral completa 20 anos
A "Era uma vez? Teatro" da Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC), companhia que visa criar projetos artísticos de inclusão, celebra quarta-feira o seu 20.º aniversário com uma exposição que revisita mais de uma centena de peças produzidas.
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Cultura Porto
O coletivo composto por pessoas com e sem paralisia cerebral "assume-se como um espaço plástico e permeável ao intercâmbio com outras instituições e artistas emergentes", descreveu à agência Lusa a animadora cultural Mónica Cunha, ao explicar a forma de trabalhar de um grupo que ao longo de 20 anos já levou a palcos nacionais e internacionais 53 criações teatrais.
"A inclusão que defendemos expressa-se através do desenvolvimento de atividades no âmbito da sensibilização, formação, pesquisa, experimentação, promoção e produção de eventos artísticos", disse a responsável.
A companhia "Era uma vez? Teatro" - que em 2009 foi galardoada com o prémio Talma atribuído a quem prestigia o teatro amador e em 2015 ganhou o prémio internacional de Inclusão Social na Arte, atribuído pela Fundación Anade, de Espanha - é também responsável pela organização do Extremus, festival de edição bienal que congrega grupos profissionais e amadores, ligados à deficiência, com espetáculos de dança, música e teatro.
Em entrevista à Lusa, em setembro de 2015 a propósito exatamente do Extremus, Mónica Cunha apontou: "Não há teatro 'especial' nem teatro 'inclusivo'. Há teatro. Acredito que as pessoas com deficiência têm muitas capacidades e cada vez devem demonstrá-las mais e mais".
A 12 edições deste festival e à meia centena de peças produzidas, a "Era uma vez? Teatro" soma a realização de oficinas de teatro inclusivo locais e nacionais e cinco edições de um campus artístico dedicado a pessoas com e sem deficiência, bem como a profissionais da área.
Esta iniciativa traduz-se numa espécie de residência artística que se desenvolve ao longo de sete dias. O quotidiano serve de base exploratória, abrangendo diversas linguagens - teatro, música, dança, pintura, escultura, artes circenses, multimédia e escrita criativa - com o objetivo de criar um diálogo artístico que se transforma, descrevem os responsáveis, num produto final a apresentar ao grande público.
Ainda sobre as peças, os responsáveis acreditam que "pela complexidade das suas dramaturgias e exigência qualitativa das direções artísticas [estas] são excelentes veículos para a sensibilização de públicos para a temática das igualdades e desigualdades sociais".
Este coletivo da APPC faz um trabalho que se baseia no teatro experimental, contemporâneo, mas também no improviso, sendo que é a exploração do próprio corpo que permite ao ator uma ferramenta para melhorar a sua postura perante a vida.
O aniversário da companhia "Era uma vez? Teatro" vai ser assinalado quarta-feira, dia 03 de maio, pelas 21:30 na Fábrica Social Fundação Escultor José Rodrigues com uma exposição que faz a retrospetiva através de cartazes, figurinos, adereços e fotografias da atividade teatral da companhia, somando-se o espetáculo "Diário de Anne Frank".
"Passados 72 anos, o Holocausto Nazi continua a ser um dos grandes crimes perpetrados contra a Humanidade. Achamos pertinente alertar os jovens pois estes são o futuro e não podem permitir novos holocaustos", lê-se na sinopse da peça que junta em palco nove atores vestidos com figurinos cedidos pelo Teatro Nacional São João.
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