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Lançado esta terça-feira livro que percorre Lisboa da década de 1980

Uma viagem à Lisboa da década de 1980, quando 'nasceu' a movida do Bairro Alto, Krus Abecassis era presidente da Câmara e as crianças adormeciam com o Vitinho, é a proposta do livro 'LX80', que será lançado na terça-feira.

Lançado esta terça-feira livro que percorre Lisboa da década de 1980
Notícias ao Minuto

09:11 - 24/10/16 por Lusa

Cultura 'LX80'

Para criar esta "cápsula do tempo", a jornalista freelancer Joana Stichini Vilela começou por ler jornais e revistas da época, à semelhança do que fez com os livros 'LX 60 - Lisboa, do sonho à realidade' (2012) e 'LX 70 - A vida em Lisboa nunca mais foi a mesma' (2014), mas o restante processo foi "um trabalho diferente".

"Existe alguma bibliografia desenvolvida sobre a história dos anos 1960 e 70, neste caso [dos anos 80] a informação está muito mais dispersa, mas tem a vantagem de termos muito mais fontes vivas, acabando por haver um trabalho de entrevistas mais profundo, mais desenvolvido", contou em entrevista à Lusa.

Além disso, em relação a 'LX 80 - Lisboa entra numa nova era' Joana sentiu um receio maior -- a dúvida de ter ou não escolhido os temas certos -, "porque a distância não é tão grande e há mais emoção ainda na forma como se olha para os acontecimentos".

Joana nasceu em 1980 e quando a década acabou tinha nove anos, por isso foram poucas as histórias de que se lembrou sem ter que recorrer a outros ou a jornais e revistas.

"Aquilo que pude presenciar e aquilo de que me lembro é muito limitado, mas lembrava-me obviamente do Vitinho, porque ia para a cama depois do Vitinho [boneco da rubrica 'Boa Noite' da RTP], e lembrava-me muito bem das eleições presidenciais em que Mário Soares e Freitas do Amaral se defrontaram [em 1986]", referiu.

Estas são duas das muitas histórias e personagens que fazem parte do livro que Joana Stichini Vilela criou com o designer gráfico Pedro Fernandes, e no qual participaram também João Maio Pinto, Patrícia Furtado, Gonçalo Viana e Tiago Albuquerque (ilustrações), Carlos Monteiro (infografia), Ágata Xavier (pesquisa de imagem) e Rui Miguel Tovar e André Rito (textos).

Uma história que "seduziu" a jornalista foi "a movida do Bairro Alto, um bairro que está degradado e, de repente, é mais ou menos ocupado".

"Há meia dúzia de pessoas que acham que aquilo tem potencial e começam a criar um novo bairro onde vão nascendo não só bares, mas também restaurantes e lojas de moda, muita moda nacional muito diferente daquilo que se fazia até à altura, de arte, de música. Toda essa movida cultural, artística e também boémia é uma recordação que eu não tenho, mas que muitas pessoas têm, que me fascina e que sei que deixa muitas saudades ", disse.

Há ainda uma história que a "impressionou muito": "um rapto de uma bebé de um hospital, que é encontrada dois anos depois e devolvida aos pais".

Ao folhear o livro nota-se que muitas das figuras que marcaram a década de 1980 se mantêm ativas nos dias de hoje, como os políticos Mário Soares (Presidente da República nos anos 80), Aníbal Cavaco Silva (primeiro ministro nos anos 80) e Paulo Portas (que fundou o semanário Independente nos anos 80) ou o produtor de cinema Paulo Branco, o jogador de futebol Paulo Futre e "uma das figuras mais importantes da vida contemporânea de Lisboa, dos anos 80 até hoje", Manuel Reis, fundador das discotecas Frágil e LuxFrágil.

"Continua a ser a pessoa mais importante da noite de Lisboa", afirmou a jornalista.

O livro recorda também, entre outros, a inauguração do centro comercial Amoreiras, a abertura dos primeiros hipermercados, as barracas que havia na cidade, a morte de Sá Carneiro, a emissão experimental de um filme a 3 dimensões na RTP, o encerramento do cinema Monumental, a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE), o aparecimento dos vidrões e a proliferação da heroína.

"O conceito da cápsula do tempo é um conceito que aposta na escolha. Nós escolhemos e é o mais difícil, o momento mais delicado", referiu.

A hipótese de pensar num livro 'Lx90', disse, "não faz sentido", porque é "demasiado próximo".

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